São Paulo, sábado, 25 de abril de 1998

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TELEVISÃO
Atriz planeja novo programa e apresenta amanhã, depois de "Sai de Baixo", o primeiro "Brasil Legal" do ano
"Eu sou diagonal", afirma Regina Casé

LEANDRO FORTINO
enviado especial ao Rio

Regina Casé é uma mulher "diagonal". Depois de três anos de "Programa Legal", de um ano de "Na Geral" -quadro do "Fantástico"- e de três anos de "Brasil Legal", ela tem hoje um dos rostos mais conhecidos do país.
Amanhã, na Rede Globo, ela volta à ativa na estréia do novo ano do programa "Brasil Legal". Na semana de 22 de abril, o tema não poderia ser mais adequado: o Descobrimento do Brasil.
Junto com a equipe de gravação, ela passou 20 dias nas praias baianas de Porto Seguro, Coroa Vermelha, Barra do Caí, Cabrália, Santo André e Cumuruxatiba -lugares onde os portugueses pisaram pela primeira vez-, além de visitar as cidades lusitanas de Belmonte -onde Pedro Álvares Cabral nasceu- e de Lisboa.
Mas esse pode ser o primeiro de apenas dois programas que vão ser produzidos em 98. Isso porque a atriz dá um tempo para começar a pensar no que vai ser seu novo programa semanal, previsto para ser exibido no mesmo horário, a partir de 19 de julho -o primeiro domingo depois da Copa.
Acompanhada do diretor-geral do "Brasil Legal", Alberto Renault, 34, Regina Casé, 44, conversou com a Folha no café do Jardim Botânico do Rio, próximo à sua casa. "Moro no meio do caminho entre a Rocinha e a Globo", diz.
Casé falou sobre suas intenções no novo programa semanal, sobre as gravações de "Brasil Legal" e sobre ser uma mulher "diagonal" aos olhos da Rede Globo.

Folha - Que tipo de personagem vocês procuravam?
Casé - Foram mais situações e as pessoas que estavam naqueles lugares ou situações. Por exemplo, a gente foi à torre do Tombo, lugar onde está a carta de Pero Vaz de Caminha, que é a certidão de nascimento do Brasil. Lá, além de entrevistar o diretor da torre -que é como o arquivo nacional português-, a gente conversou com as senhoras que trabalham lá, mas não fomos lá para entrevistá-las.
Folha - Vocês acharam o lugar exato do descobrimento na Bahia?
Casé -
Todo mundo fica pleiteando que a sua praia é a do Cabral para tentar vender uma camiseta ou alguma coisa no futuro. Batalham muito para vender essas camisetas. Gritam que foi lá e defendem com unhas e dentes.
Folha - Você pretende fazer jornalismo com o programa?
Casé -
Não quero ter a pretensão de fazer jornalismo. Os jornalistas ficam danados e sempre reclamam. Uma vez saiu uma matéria na Folha dizendo que o "Brasil Legal" era "o melhor programa jornalístico da TV brasileira". Por causa disso, vários outros jornalistas me xingaram.
Folha - No começo do ano, houve uma retrospectiva do "Brasil Legal" de 97. Que balanço você faz?
Casé -
Adorei a retrospectiva. Fiquei orgulhosa. É diferente ver oito programas juntos. É como ver o álbum de fotografias de seu filho. Fiquei orgulhosíssima de como a gente trabalhou e de como houve coisa legal.
Folha - Como vai ser seu programa novo?
Casé -
Ainda não sei, mas posso dizer que já tenho várias coisas que a gente está pensando. Por exemplo, no "Brasil Legal" que vai passar no domingo, há uma parte que é ainda muito embrionária, mas que aponta para uma porção de coisas. Em um auditório, a gente fez testes com as pessoas: quem queria ser índio e quem queria ser português. Acabou virando um programa de calouros. Conversar com aquelas pessoas foi enriquecedor em outros aspectos. Elas tinham ido de propósito, e aquilo me dava uma impressão de talk show, no sentido em que eu sentei em um sofá para conversar com alguém. O programa novo pode ser assim, mas ainda não sei.
Folha - Você pretende abandonar o "Brasil Legal"?
Casé -
Acho que o amor que eu tenho pelo "Brasil Legal", que o público tem, vai tornar isso impossível. Para mim, ele era uma revista e virou um livro de capa dura. O livro de capa dura a firma dá no final do ano, no máximo no meio do ano, é isso. Ele vai acontecer em momentos importantes. Foi a condição para a Globo bancar o novo programa, e vamos nos dedicar a ele. Seria impossível e esquizofrênico fazer tudo ao mesmo tempo.
Folha - Qual a diferença entre a realidade mostrada pelo "Ratinho Livre" e pelo "Brasil Legal"?
Casé -
Acho uma burrice essa de mostrar a realidade. Não existe uma única realidade. Se você não tiver 51% de motivos para estar vivo, você morre. Tem de ter 1% que ganhe. Há pelo menos uma hora em sua vida em que você come, trepa, que te dá um motivo para não morrer. Tenho interesse nos motivos que fazem uma pessoa não morrer. Há mil maneiras de mostrar as coisas.
Folha - Você está no auge de sua carreira?
Casé -
Sei lá, espero subir mais. Espero ter todos os diretores aos meus pés, implorando para fazer vários filmes em vários países. Você acha que eu estou no auge da minha carreira?
Folha - Você é reconhecida por pessoas de todas as idades.
Casé -
Sabe como chamam isso na Globo? Eu sou diagonal. É por isso que eles são tão legais comigo. Eles fazem pesquisa em agências de publicidade. Alcanço desde crianças pequenas até velhinhos. É até uma preocupação que eu tenho. Acho que não vou atingir as crianças no novo horário. Mas vai ser bom para testar novas coisas e talvez depois ir para um horário mais cedo. Nesse horário a gente vai poder pirar um pouco mais.



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