|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
TELEVISÃO
Atriz planeja novo programa e apresenta amanhã, depois de "Sai de Baixo", o primeiro "Brasil Legal" do ano
"Eu sou diagonal", afirma Regina Casé
LEANDRO FORTINO
enviado especial ao Rio
Regina Casé é uma mulher "diagonal". Depois de três anos de
"Programa Legal", de um ano de
"Na Geral" -quadro do "Fantástico"- e de três anos de "Brasil Legal", ela tem hoje um dos
rostos mais conhecidos do país.
Amanhã, na Rede Globo, ela volta à ativa na estréia do novo ano do
programa "Brasil Legal". Na semana de 22 de abril, o tema não
poderia ser mais adequado: o Descobrimento do Brasil.
Junto com a equipe de gravação,
ela passou 20 dias nas praias baianas de Porto Seguro, Coroa Vermelha, Barra do Caí, Cabrália,
Santo André e Cumuruxatiba
-lugares onde os portugueses pisaram pela primeira vez-, além
de visitar as cidades lusitanas de
Belmonte -onde Pedro Álvares
Cabral nasceu- e de Lisboa.
Mas esse pode ser o primeiro de
apenas dois programas que vão ser
produzidos em 98. Isso porque a
atriz dá um tempo para começar a
pensar no que vai ser seu novo
programa semanal, previsto para
ser exibido no mesmo horário, a
partir de 19 de julho -o primeiro
domingo depois da Copa.
Acompanhada do diretor-geral
do "Brasil Legal", Alberto Renault, 34, Regina Casé, 44, conversou com a Folha no café do Jardim
Botânico do Rio, próximo à sua
casa. "Moro no meio do caminho
entre a Rocinha e a Globo", diz.
Casé falou sobre suas intenções
no novo programa semanal, sobre
as gravações de "Brasil Legal" e
sobre ser uma mulher "diagonal"
aos olhos da Rede Globo.
Folha - Que tipo de personagem
vocês procuravam?
Casé - Foram mais situações e
as pessoas que estavam naqueles
lugares ou situações. Por exemplo,
a gente foi à torre do Tombo, lugar
onde está a carta de Pero Vaz de
Caminha, que é a certidão de nascimento do Brasil. Lá, além de entrevistar o diretor da torre -que é
como o arquivo nacional português-, a gente conversou com as
senhoras que trabalham lá, mas
não fomos lá para entrevistá-las.
Folha - Vocês acharam o lugar
exato do descobrimento na Bahia?
Casé - Todo mundo fica pleiteando que a sua praia é a do Cabral para tentar vender uma camiseta ou alguma coisa no futuro.
Batalham muito para vender essas
camisetas. Gritam que foi lá e defendem com unhas e dentes.
Folha - Você pretende fazer jornalismo com o programa?
Casé - Não quero ter a pretensão de fazer jornalismo. Os jornalistas ficam danados e sempre reclamam. Uma vez saiu uma matéria na Folha dizendo que o "Brasil
Legal" era "o melhor programa
jornalístico da TV brasileira". Por
causa disso, vários outros jornalistas me xingaram.
Folha - No começo do ano, houve
uma retrospectiva do "Brasil Legal" de 97. Que balanço você faz?
Casé - Adorei a retrospectiva.
Fiquei orgulhosa. É diferente ver
oito programas juntos. É como ver
o álbum de fotografias de seu filho.
Fiquei orgulhosíssima de como a
gente trabalhou e de como houve
coisa legal.
Folha - Como vai ser seu programa novo?
Casé - Ainda não sei, mas posso
dizer que já tenho várias coisas que
a gente está pensando. Por exemplo, no "Brasil Legal" que vai
passar no domingo, há uma parte
que é ainda muito embrionária,
mas que aponta para uma porção
de coisas. Em um auditório, a gente fez testes com as pessoas: quem
queria ser índio e quem queria ser
português. Acabou virando um
programa de calouros. Conversar
com aquelas pessoas foi enriquecedor em outros aspectos. Elas tinham ido de propósito, e aquilo
me dava uma impressão de talk
show, no sentido em que eu sentei
em um sofá para conversar com alguém. O programa novo pode ser
assim, mas ainda não sei.
Folha - Você pretende abandonar o "Brasil Legal"?
Casé - Acho que o amor que eu
tenho pelo "Brasil Legal", que o
público tem, vai tornar isso impossível. Para mim, ele era uma revista e virou um livro de capa dura.
O livro de capa dura a firma dá no
final do ano, no máximo no meio
do ano, é isso. Ele vai acontecer em
momentos importantes. Foi a condição para a Globo bancar o novo
programa, e vamos nos dedicar a
ele. Seria impossível e esquizofrênico fazer tudo ao mesmo tempo.
Folha - Qual a diferença entre a
realidade mostrada pelo "Ratinho
Livre" e pelo "Brasil Legal"?
Casé - Acho uma burrice essa
de mostrar a realidade. Não existe
uma única realidade. Se você não
tiver 51% de motivos para estar vivo, você morre. Tem de ter 1% que
ganhe. Há pelo menos uma hora
em sua vida em que você come,
trepa, que te dá um motivo para
não morrer. Tenho interesse nos
motivos que fazem uma pessoa
não morrer. Há mil maneiras de
mostrar as coisas.
Folha - Você está no auge de sua
carreira?
Casé - Sei lá, espero subir mais.
Espero ter todos os diretores aos
meus pés, implorando para fazer
vários filmes em vários países. Você acha que eu estou no auge da
minha carreira?
Folha - Você é reconhecida por
pessoas de todas as idades.
Casé - Sabe como chamam isso
na Globo? Eu sou diagonal. É por
isso que eles são tão legais comigo.
Eles fazem pesquisa em agências
de publicidade. Alcanço desde
crianças pequenas até velhinhos. É
até uma preocupação que eu tenho. Acho que não vou atingir as
crianças no novo horário. Mas vai
ser bom para testar novas coisas e
talvez depois ir para um horário
mais cedo. Nesse horário a gente
vai poder pirar um pouco mais.
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
|