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Mostra dissocia filósofo do nazismo
ESPECIAL PARA A FOLHA, DE WEIMAR
A Alemanha está celebrando
com exposição em Weimar os
cem anos da morte do filósofo
Friedrich Nietzsche. Toda a sua
vida e obra (com manuscritos e
uma rara primeira edição do
quarto tomo de "Assim Falou Zaratustra") estarão representadas,
mas o visitante não deve esperar
nenhuma referência à comentada
relação entre suas idéias e o nazismo. Um dos objetivos da exposição é dissociar as idéias de Nietzsche dos regimes totalitários.
A mostra, que fica no museu
Schiller até o último dia do ano,
será o ponto alto do centenário da
morte do filósofo, que se completa em 25 de agosto.
Pela primeira vez, todo o material do Arquivo Nietzsche, mais o
acervo de outros colecionadores,
estará exposto. Há cartas dele ao
compositor Richard Wagner, fotos, quadros, lembranças de viagens e o uniforme usado por ele
na Guerra Franco-Prussiana.
O grande nome da exposição,
fora o do próprio filósofo, é o de
Elisabeth Förster-Nietzsche, sua
irmã. Foi ela quem organizou
seus arquivos e difundiu sua obra,
mas forjou manuscritos e interpretou textos do irmão para inspirar o nacional-socialismo.
Ao receber uma visita de Hitler,
em Weimar, no começo dos anos
30, Förster-Nietzsche presenteou
o futuro ditador alemão com uma
bengala que pertenceu ao filósofo,
uma peça que não estará na exposição. Ela própria foi uma intelectual de renome, indicada para o
Prêmio Nobel, e viveu vários anos
em uma colônia anti-semita alemã no interior do Paraguai.
Nietzsche, filho de um pastor
protestante, considerava que os
valores morais da sociedade cristã
estavam esgotados e que um novo
modelo humano, chamado por
ele de "super-homem", deveria
criar os padrões éticos que guiariam as massas. Estudiosos dizem
que associar essas idéias ao nazi-fascismo é uma distorção.
Hoje um dos lugares turísticos
mais importantes do país, Weimar, que pertencia à Alemanha
Oriental (comunista), foi recentemente declarada Patrimônio Cultural da Humanidade pela Unesco. Foi lá que o filósofo viveu seus
três últimos anos. Mas ele não
aproveitou nada do refinado ambiente cultural de lá: desde 1889,
quando teve um colapso caminhando por Turim (Itália), vivia
física e mentalmente paralisado.
(RODRIGO LEITE)
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