São Paulo, quinta-feira, 25 de maio de 2000


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Mostra dissocia filósofo do nazismo

ESPECIAL PARA A FOLHA, DE WEIMAR

A Alemanha está celebrando com exposição em Weimar os cem anos da morte do filósofo Friedrich Nietzsche. Toda a sua vida e obra (com manuscritos e uma rara primeira edição do quarto tomo de "Assim Falou Zaratustra") estarão representadas, mas o visitante não deve esperar nenhuma referência à comentada relação entre suas idéias e o nazismo. Um dos objetivos da exposição é dissociar as idéias de Nietzsche dos regimes totalitários.
A mostra, que fica no museu Schiller até o último dia do ano, será o ponto alto do centenário da morte do filósofo, que se completa em 25 de agosto.
Pela primeira vez, todo o material do Arquivo Nietzsche, mais o acervo de outros colecionadores, estará exposto. Há cartas dele ao compositor Richard Wagner, fotos, quadros, lembranças de viagens e o uniforme usado por ele na Guerra Franco-Prussiana.
O grande nome da exposição, fora o do próprio filósofo, é o de Elisabeth Förster-Nietzsche, sua irmã. Foi ela quem organizou seus arquivos e difundiu sua obra, mas forjou manuscritos e interpretou textos do irmão para inspirar o nacional-socialismo.
Ao receber uma visita de Hitler, em Weimar, no começo dos anos 30, Förster-Nietzsche presenteou o futuro ditador alemão com uma bengala que pertenceu ao filósofo, uma peça que não estará na exposição. Ela própria foi uma intelectual de renome, indicada para o Prêmio Nobel, e viveu vários anos em uma colônia anti-semita alemã no interior do Paraguai.
Nietzsche, filho de um pastor protestante, considerava que os valores morais da sociedade cristã estavam esgotados e que um novo modelo humano, chamado por ele de "super-homem", deveria criar os padrões éticos que guiariam as massas. Estudiosos dizem que associar essas idéias ao nazi-fascismo é uma distorção.
Hoje um dos lugares turísticos mais importantes do país, Weimar, que pertencia à Alemanha Oriental (comunista), foi recentemente declarada Patrimônio Cultural da Humanidade pela Unesco. Foi lá que o filósofo viveu seus três últimos anos. Mas ele não aproveitou nada do refinado ambiente cultural de lá: desde 1889, quando teve um colapso caminhando por Turim (Itália), vivia física e mentalmente paralisado. (RODRIGO LEITE)



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