São Paulo, quinta-feira, 25 de maio de 2000


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Cineasta reproduz colapso em Turim

DA REPORTAGEM LOCAL

Júlio Bressane já tem três horas de imagens de Turim, cidade que marcou os últimos meses da produção de Nietzsche. Foi a cidade onde o filósofo viveu a cena do colapso mental que encerrou, de repente, sua obra: ao ver um cavalo sendo chicoteado, abraçou o pescoço do animal e desabou.
A cena deve estar em "Dias de Nietzsche em Turim", cuja filmagem prossegue no Rio, com Fernando Eiras como Nietzsche. (NS)

Folha - O que o fez se interessar por Nietzsche em Turim?
Júlio Bressane -
Li muitos anos, conheço bem Nietzsche. E a passagem por Turim é crucial, um momento paradoxal de fertilidade e mudez. Em oito meses, ele escreveu alguns dos seus textos mais importantes e emudeceu.

Folha - O roteiro é seu?
Bressane -
É, mas a criação do tema e o argumento foram da Rosa Dias, minha mulher. Esse filme eu comecei a fazer em 95, a primeira vez em que fui a Turim. Depois voltei outras vezes. Com isso fiz uma parte do filme. A outra eu vou filmar no Rio.

Folha - Em estúdio?
Bressane -
São cenas em que ele está em lugares de Turim que podem ser semelhantes. Por exemplo, a Cafeteria Fiori, que é famosa em Turim, é semelhante à Colombo. Eu filmaria não para falsear a Fiori, mas porque este é um Nietzsche em português, brasileiro. A recepção de Nietzsche no Brasil começa já em 1895.

Folha - Quando ele estava vivo?
Bressane -
O João Ribeiro escreveu um ensaio em 1895. Nos últimos cem anos, foram centenas de traduções, artigos, cadeiras universitárias que ensinam Nietzsche. Há um corpo em língua brasileira sobre Nietzsche. Como há na França. Foi feito um livro sobre a recepção de Nietzsche na França, a importância que ele teve na língua francesa, a ferramenta em que ele se tornou dentro do pensamento francês. O filme tem essas coisas e tem Nietzsche no centro, hoje, do pensamento.

Folha - Por que você diz isso?
Bressane -
Os principais filósofos são nietzschianos. A filosofia no mundo passa hoje por Nietzsche. Ele é, e será, duradouro ainda por muitos anos.


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