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O Orbital lança seu sexto álbum, "The Altogether", e toca amanhã no Homelands
Diversão em órbita
Divulgação
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Phil (esq.) e Paul Hartnoll, que lançam o disco "The Altogether" |
MARCELO NEGROMONTE
DA REDAÇÃO
Nestes 12 anos de carreira, de
quando era sucesso nas raves inglesas ao álbum "The Middle of
Nowhere" (1999), o Orbital foi
uma das chaves mestras das portas que levaram o eletrônico ao
pop, com doses de tecno sombrio,
engajado e melódico. Hoje os irmãos Phil e Paul Hartnoll lançam
seu sexto álbum, "The Altogether" (nu, numa das traduções),
por e para pura diversão e são a
atração principal do maior festival de dance music do mundo,
Homelands, amanhã na Inglaterra.
O álbum saiu dia 30 de abril na
Inglaterra e já pode ser encontrado no Brasil; nos EUA só em agosto ou setembro. A capa, uma alusão ao símbolo universal de perigo ou veneno, é a primeira da carreira da dupla a conter algo próximo de uma foto. O disco, diversão
em órbita, é o que possui mais
samples -de The Cramps e Ian
Dury a Tool- desde o "álbum
verde" (1991), o primeiro do duo.
Depois de terem forjado um tipo de tecno bastante peculiar desde o começo, além do visual característico com duas lanternas
na cabeça durante os seus shows,
os Hartnoll estão à larga. "É um
álbum para ser solícito e divertido
com os seus amigos", disse Phil,
37, que fala "you know?" (algo como um retórico "entende?" ou "tá
ligado?") à razão de dois por frase.
Leia a seguir a entrevista com
ele, de Londres, feita anteontem
por telefone, em que comenta os
samples, sua vinda para o Brasil e
política... "you know?".
Folha - "The Altogether" é o disco
com mais samples do Orbital?
Phil Hartnoll - Sim, acho que sim.
Temos The Cramps, Ian Dury...
Folha - É verdade que, enquanto
o álbum era feito, com samples de
Ian Dury, vocês descobriram que
ele havia morrido [o cantor punk
morreu em março de 2000"?
Hartnoll - Foi uma situação esquisita. Um amigo nosso apareceu enquanto compúnhamos
"Oi!" e achou bacana que fosse
Ian Dury e tal. Na noite do mesmo
dia, esse mesmo amigo veio nos
falar que Dury havia morrido. No
dia em que estávamos sampleando-o! Foi meio amedrontador.
Mas é um tipo de renascimento, é
reconfortante por esse lado.
Folha - Por que samplear tantos
artistas como agora?
Hartnoll - Aconteceu. Simplesmente experimentamos para ver
no que dava. Foi um processo divertido e descompromissado.
Talvez no próximo álbum não haja nada disso, "you know"?
Folha - O que você achou do Brasil
quando veio em 1999?
Hartnoll - Foi uma mistura de
sensações. Tocar aí foi uma honra, melhor ainda porque pudemos levar todo o nosso equipamento. Mas, por outro lado, ficamos num hotel ótimo no Rio ao
lado de uma favela. E isso não era
legal. É injusto e triste esse desequilíbrio entre ricos e pobres,
"you know"? Quando fomos conhecer uma dessas regiões pobres, fiquei impressionado, porque as pessoas nos convidavam
para tomar cerveja e eram muito
calorosas numa situação adversa.
É um país duro para viver.
Folha - Em meados dos 90, o Orbital tinha um caráter político razoavelmente expressivo, principalmente em "Snivilisation" (1994)...
Hartnoll - Não é porque fizemos
um álbum de cunho político que
não somos mais assim. Somos os
mesmos. Somos políticos em pequenas atitudes. Tem a ver em como o ser humano trata a Terra... E
"The Altogether" não deve ser encarado em nenhum sentido. É puro prazer, "you know"?
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