São Paulo, sexta-feira, 25 de maio de 2001

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O Orbital lança seu sexto álbum, "The Altogether", e toca amanhã no Homelands

Diversão em órbita

Divulgação
Phil (esq.) e Paul Hartnoll, que lançam o disco "The Altogether"


MARCELO NEGROMONTE
DA REDAÇÃO

Nestes 12 anos de carreira, de quando era sucesso nas raves inglesas ao álbum "The Middle of Nowhere" (1999), o Orbital foi uma das chaves mestras das portas que levaram o eletrônico ao pop, com doses de tecno sombrio, engajado e melódico. Hoje os irmãos Phil e Paul Hartnoll lançam seu sexto álbum, "The Altogether" (nu, numa das traduções), por e para pura diversão e são a atração principal do maior festival de dance music do mundo, Homelands, amanhã na Inglaterra.
O álbum saiu dia 30 de abril na Inglaterra e já pode ser encontrado no Brasil; nos EUA só em agosto ou setembro. A capa, uma alusão ao símbolo universal de perigo ou veneno, é a primeira da carreira da dupla a conter algo próximo de uma foto. O disco, diversão em órbita, é o que possui mais samples -de The Cramps e Ian Dury a Tool- desde o "álbum verde" (1991), o primeiro do duo.
Depois de terem forjado um tipo de tecno bastante peculiar desde o começo, além do visual característico com duas lanternas na cabeça durante os seus shows, os Hartnoll estão à larga. "É um álbum para ser solícito e divertido com os seus amigos", disse Phil, 37, que fala "you know?" (algo como um retórico "entende?" ou "tá ligado?") à razão de dois por frase.
Leia a seguir a entrevista com ele, de Londres, feita anteontem por telefone, em que comenta os samples, sua vinda para o Brasil e política... "you know?".

Folha - "The Altogether" é o disco com mais samples do Orbital?
Phil Hartnoll -
Sim, acho que sim. Temos The Cramps, Ian Dury...

Folha - É verdade que, enquanto o álbum era feito, com samples de Ian Dury, vocês descobriram que ele havia morrido [o cantor punk morreu em março de 2000"?
Hartnoll -
Foi uma situação esquisita. Um amigo nosso apareceu enquanto compúnhamos "Oi!" e achou bacana que fosse Ian Dury e tal. Na noite do mesmo dia, esse mesmo amigo veio nos falar que Dury havia morrido. No dia em que estávamos sampleando-o! Foi meio amedrontador. Mas é um tipo de renascimento, é reconfortante por esse lado.

Folha - Por que samplear tantos artistas como agora?
Hartnoll -
Aconteceu. Simplesmente experimentamos para ver no que dava. Foi um processo divertido e descompromissado. Talvez no próximo álbum não haja nada disso, "you know"?

Folha - O que você achou do Brasil quando veio em 1999?
Hartnoll -
Foi uma mistura de sensações. Tocar aí foi uma honra, melhor ainda porque pudemos levar todo o nosso equipamento. Mas, por outro lado, ficamos num hotel ótimo no Rio ao lado de uma favela. E isso não era legal. É injusto e triste esse desequilíbrio entre ricos e pobres, "you know"? Quando fomos conhecer uma dessas regiões pobres, fiquei impressionado, porque as pessoas nos convidavam para tomar cerveja e eram muito calorosas numa situação adversa. É um país duro para viver.

Folha - Em meados dos 90, o Orbital tinha um caráter político razoavelmente expressivo, principalmente em "Snivilisation" (1994)...
Hartnoll -
Não é porque fizemos um álbum de cunho político que não somos mais assim. Somos os mesmos. Somos políticos em pequenas atitudes. Tem a ver em como o ser humano trata a Terra... E "The Altogether" não deve ser encarado em nenhum sentido. É puro prazer, "you know"?



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