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MÚSICA ELETRÔNICA
O Orbital está nu, mas mantém o charme
DA REDAÇÃO
Algo de muito bom deve ter
acontecido nas vidas de Paul
e Phil Hartnoll em 2000 para que
o resultado fosse este disco. "The
Altogether" despe-se de quase toda elegância e sobriedade que
marcaram o Orbital nos cinco álbuns anteriores, mas mantém o
charme de uma dupla do tempo
em que nem havia big beat. É um
pedido para não ser levado a sério. E isso significa diversão em
todos os sentidos: divertido e uma
mudança de direção também.
Este é um álbum de alto entretenimento. Saem o sombrio ("In Sides", de 1996), o político ("Snivilisation", de 1994) e o orbital ("The
Middle of Nowhere", de 1999) e
entram samples pop, heavy metal
e vocais -um deles dispensável.
Mas é Orbital, ainda que folgado.
Só algo assim para ter na alucinada "Tension" samples de um
clássico da surf music, "Surfin"
Bird". Tecnobilly ensolarado.
"Funny Break (One Is Enough)"
traz a boa voz da desconhecida
Naomi Bedford, acessível o suficiente para ser o primeiro single,
um cartão de visitas bem capcioso, haja visto a música seguinte.
Oi! originalmente é um desdobramento pesado e violento do
punk hardcore (veja bem), coisa
underground dos anos 70/80, e é
transformada em "Oi!", música
para cima, um tabefe de alegria
em um certo sentido e deliciosamente contraditória por usar "Hit
me with Your Rhythm Stick" e
"Reasons to Be Cheerful (Part 3)"
-títulos aparentemente antagônicos- de Ian Dury, punk underground inglês. O Orbital agita
o pop antes e depois de usá-lo.
O tecno do Orbital está em "Last
Thing" -já se pode chamar de
tecno orbital a música de P&P
Hartnoll (como assinam nos álbuns), um dos poucos grupos que
faz jus quase que literalmente ao
nome. É a "Way Out" (de "The
Middle of Nowhere") com "Halcyon+On+On" (do "álbum marrom") de "The Altogether". Música típica, portanto.
"Doctor?" é a mais bonita do
disco, como um hino nacional
aditivado por neurotransmissores em êxtase contido. Que se
transformam em depressão em
"Illuminate", com o cantor David
Gray, cunhado de Paul -essa é a
dispensável-, um troço entre
Genesis e Dave Matthews. Pula.
Tudo bem, há ainda "Meltdown", que encerra o disco com
sagacidade suficiente para lembrar a "nova geração" tecno de
que não basta ser hype, tem de ser
ardiloso, mesmo sem roupa.
(MARCELO NEGROMONTE)
The Altogether
Grupo: Orbital
Lançamento: Warner
Quanto: R$ 25, em média
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