São Paulo, sexta-feira, 25 de maio de 2001

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MÚSICA ELETRÔNICA

O Orbital está nu, mas mantém o charme

DA REDAÇÃO

Algo de muito bom deve ter acontecido nas vidas de Paul e Phil Hartnoll em 2000 para que o resultado fosse este disco. "The Altogether" despe-se de quase toda elegância e sobriedade que marcaram o Orbital nos cinco álbuns anteriores, mas mantém o charme de uma dupla do tempo em que nem havia big beat. É um pedido para não ser levado a sério. E isso significa diversão em todos os sentidos: divertido e uma mudança de direção também.
Este é um álbum de alto entretenimento. Saem o sombrio ("In Sides", de 1996), o político ("Snivilisation", de 1994) e o orbital ("The Middle of Nowhere", de 1999) e entram samples pop, heavy metal e vocais -um deles dispensável. Mas é Orbital, ainda que folgado.
Só algo assim para ter na alucinada "Tension" samples de um clássico da surf music, "Surfin" Bird". Tecnobilly ensolarado.
"Funny Break (One Is Enough)" traz a boa voz da desconhecida Naomi Bedford, acessível o suficiente para ser o primeiro single, um cartão de visitas bem capcioso, haja visto a música seguinte.
Oi! originalmente é um desdobramento pesado e violento do punk hardcore (veja bem), coisa underground dos anos 70/80, e é transformada em "Oi!", música para cima, um tabefe de alegria em um certo sentido e deliciosamente contraditória por usar "Hit me with Your Rhythm Stick" e "Reasons to Be Cheerful (Part 3)" -títulos aparentemente antagônicos- de Ian Dury, punk underground inglês. O Orbital agita o pop antes e depois de usá-lo.
O tecno do Orbital está em "Last Thing" -já se pode chamar de tecno orbital a música de P&P Hartnoll (como assinam nos álbuns), um dos poucos grupos que faz jus quase que literalmente ao nome. É a "Way Out" (de "The Middle of Nowhere") com "Halcyon+On+On" (do "álbum marrom") de "The Altogether". Música típica, portanto.
"Doctor?" é a mais bonita do disco, como um hino nacional aditivado por neurotransmissores em êxtase contido. Que se transformam em depressão em "Illuminate", com o cantor David Gray, cunhado de Paul -essa é a dispensável-, um troço entre Genesis e Dave Matthews. Pula.
Tudo bem, há ainda "Meltdown", que encerra o disco com sagacidade suficiente para lembrar a "nova geração" tecno de que não basta ser hype, tem de ser ardiloso, mesmo sem roupa.
(MARCELO NEGROMONTE)


The Altogether
   
Grupo: Orbital
Lançamento: Warner
Quanto: R$ 25, em média




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