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CINEMA
Júri anuncia os vencedores do festival amanhã
Kaurismäki, Moore e Suleiman disputam favoritismo em Cannes
ALCINO LEITE NETO
ENVIADO ESPECIAL A CANNES
O 55º Festival de Cannes chega
ao final. Hoje será exibido o último filme da mostra competitiva,
"O Adversário", da francesa Nicole Garcia. A nova produção de
Claude Lelouch, "E Agora... Senhoras e Senhores", fora de competição, fechará o evento. Amanhã, os jurados anunciam o ganhador da Palma de Ouro (melhor filme).
O júri, composto por nove personalidades, é presidido pelo diretor David Lynch e conta com o
brasileiro Walter Salles. São 22
concorrentes, de 14 países, aos
prêmios de melhor filme, direção,
roteiro e interpretação feminina e
masculina. As apostas da crítica
internacional, conforme as publicações diárias do festival, estão
concentradas em três obras: "O
Homem sem Passado", do finlandês Aki Kaurismäki, "Bowling for
Columbine", do americano Michael Moore, e "Intervenção Divina", do palestino Elia Suleiman.
A premiação do palestino, caso
ocorra, deverá ser contrabalançada com a do israelense Amos Gitai, por "Kedma" (filme, aliás,
melhor), ou do polonês Roman
Polanski, com "O Pianista" (obra
menor, mas de bom impacto no
público), sobre a luta pela sobrevivência de um músico judeu na
Segunda Guerra.
Há uma grande probabilidade
de o júri não fechar os olhos à dimensão fortemente política do
festival neste ano. O prêmio a
Moore também reforçaria essa
tendência e teria a originalidade
de ser o primeiro documentário a
receber a Palma de Ouro. Kaurismäki realizou o filme mais bem-sucedido da perspectiva populista, que também dominou o festival, sobre um homem que perde a
memória e se envolve com o
mundo da pobreza em Helsinque.
Só uma grande ousadia do júri
permitirá que Cannes premie
obras superiores, como "O Princípio da Incerteza", do português
Manoel de Oliveira, "O Sorriso de
Minha Mãe", do italiano Marco
Bellocchio, "Spider", do canadense David Cronenberg, "Arca Russo", de Alexander Sokurov, ou
"Prazeres Desconhecidos", do
chinês Jia Zhang-ke.
"Dez", do iraniano Abbas Kiarostami, oferece a dupla vantagem de ser um filme de grande fôlego e sobre um assunto sociopolítico urgente -a condição da
mulher no mundo islâmico. Outros favoritos, como "Tudo ou
Nada", do inglês Mike Leigh, e "O
Filho", dos belgas Luc e Jean-Pierre Dardenne, têm contra si o fato
de os diretores já haverem sido
premiados recentemente em
Cannes. O coreano "Bêbado de
Mulheres e Pintura", de Im Kwon-Taek, não havia sido exibido até o fechamento desta edição.
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