São Paulo, sábado, 25 de maio de 2002

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CINEMA

Júri anuncia os vencedores do festival amanhã

Kaurismäki, Moore e Suleiman disputam favoritismo em Cannes

ALCINO LEITE NETO
ENVIADO ESPECIAL A CANNES

O 55º Festival de Cannes chega ao final. Hoje será exibido o último filme da mostra competitiva, "O Adversário", da francesa Nicole Garcia. A nova produção de Claude Lelouch, "E Agora... Senhoras e Senhores", fora de competição, fechará o evento. Amanhã, os jurados anunciam o ganhador da Palma de Ouro (melhor filme).
O júri, composto por nove personalidades, é presidido pelo diretor David Lynch e conta com o brasileiro Walter Salles. São 22 concorrentes, de 14 países, aos prêmios de melhor filme, direção, roteiro e interpretação feminina e masculina. As apostas da crítica internacional, conforme as publicações diárias do festival, estão concentradas em três obras: "O Homem sem Passado", do finlandês Aki Kaurismäki, "Bowling for Columbine", do americano Michael Moore, e "Intervenção Divina", do palestino Elia Suleiman.
A premiação do palestino, caso ocorra, deverá ser contrabalançada com a do israelense Amos Gitai, por "Kedma" (filme, aliás, melhor), ou do polonês Roman Polanski, com "O Pianista" (obra menor, mas de bom impacto no público), sobre a luta pela sobrevivência de um músico judeu na Segunda Guerra.
Há uma grande probabilidade de o júri não fechar os olhos à dimensão fortemente política do festival neste ano. O prêmio a Moore também reforçaria essa tendência e teria a originalidade de ser o primeiro documentário a receber a Palma de Ouro. Kaurismäki realizou o filme mais bem-sucedido da perspectiva populista, que também dominou o festival, sobre um homem que perde a memória e se envolve com o mundo da pobreza em Helsinque.
Só uma grande ousadia do júri permitirá que Cannes premie obras superiores, como "O Princípio da Incerteza", do português Manoel de Oliveira, "O Sorriso de Minha Mãe", do italiano Marco Bellocchio, "Spider", do canadense David Cronenberg, "Arca Russo", de Alexander Sokurov, ou "Prazeres Desconhecidos", do chinês Jia Zhang-ke.
"Dez", do iraniano Abbas Kiarostami, oferece a dupla vantagem de ser um filme de grande fôlego e sobre um assunto sociopolítico urgente -a condição da mulher no mundo islâmico. Outros favoritos, como "Tudo ou Nada", do inglês Mike Leigh, e "O Filho", dos belgas Luc e Jean-Pierre Dardenne, têm contra si o fato de os diretores já haverem sido premiados recentemente em Cannes. O coreano "Bêbado de Mulheres e Pintura", de Im Kwon-Taek, não havia sido exibido até o fechamento desta edição.



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