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VIAGEM AO ORIENTE
Mostra que reúne cerâmicas e artefatos indígenas faz parte do roteiro de Lula na China
Arte e tradições da Amazônia "ocupam" Cidade Proibida
CLÁUDIA TREVISAN
DE PEQUIM
Símbolo máximo da China imperial, a Cidade Proibida vai abrir
suas portas para o universo indígena da Amazônia, em uma mostra que reunirá cerâmicas, adereços plumários, arcos, flechas e vídeos sobre o estilo de vida dos povos da região brasileira.
A abertura da exibição, no dia
25, será uma das atividades culturais da agenda do presidente Luiz
Inácio Lula da Silva na China, que
também inclui a inauguração do
Núcleo de Estudos Brasileiros na
Universidade de Pequim.
Será uma das raras vezes em
que a Cidade Proibida se abre para objetos que não pertencem a
seu acervo. Também será a primeira vez em que os chineses verão em seu país uma ampla amostra da cultura indígena da Amazônia brasileira.
Organizada pela BrasilConnects, a mostra custou US$ 700
mil, segundo o diretor-executivo
da entidade, Emilio Kalil. Os gastos foram bancados pelas patrocinadoras Embraer e Vale do Rio
Doce -empresas brasileiras que
têm negócios na China.
Com 344 peças, a exposição inclui objetos arqueológicos de até
8.000 anos a adereços que são usados hoje pelos índios em seus rituais. Entre os grupos representados na parte arqueológica, estão
marajoaras, aruãs, guaritas, aristés e maracás, povos que habitaram a região amazônica antes da
chegada dos portugueses.
Biodiversidade
O objetos atuais são os mesmos
que vêm sendo usados pelos índios há séculos em suas tradições:
armas, cocares, adereços e símbolos que marcam cada ritual.
"A Amazônia é mundialmente
conhecida por sua biodiversidade, mas ela também abriga uma
sócio-diversidade importante",
afirma Luís Donisete Grupioni,
curador da parte etnográfica e de
arte plumária da exposição.
Grupioni ressalta que 170 povos
indígenas vivem na Amazônia legal, região que reúne 60% da população indígena do Brasil.
A exibição começará com os
mitos indígenas de criação e terminará com instrumentos musicais e máscaras utilizados nos rituais de manutenção da ordem
universal. No meio, estarão objetos que representam a divisão sexual do trabalho e os ciclos de vida, como casamento e morte.
Cristina Barreto, curadora da
parte de arqueologia, diz que os
objetos vieram de três grandes coleções: Museu do Índio, Museu
Emílio Gueldi, de Belém, e Instituto Cultural Banco Santos.
A mostra está montada em um
salão com pé-direito de 18 metros,
no portão norte da Cidade Proibida, e terá duração de três meses.
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