São Paulo, terça-feira, 25 de maio de 2004

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VIAGEM AO ORIENTE

Mostra que reúne cerâmicas e artefatos indígenas faz parte do roteiro de Lula na China

Arte e tradições da Amazônia "ocupam" Cidade Proibida

CLÁUDIA TREVISAN
DE PEQUIM

Símbolo máximo da China imperial, a Cidade Proibida vai abrir suas portas para o universo indígena da Amazônia, em uma mostra que reunirá cerâmicas, adereços plumários, arcos, flechas e vídeos sobre o estilo de vida dos povos da região brasileira.
A abertura da exibição, no dia 25, será uma das atividades culturais da agenda do presidente Luiz Inácio Lula da Silva na China, que também inclui a inauguração do Núcleo de Estudos Brasileiros na Universidade de Pequim.
Será uma das raras vezes em que a Cidade Proibida se abre para objetos que não pertencem a seu acervo. Também será a primeira vez em que os chineses verão em seu país uma ampla amostra da cultura indígena da Amazônia brasileira.
Organizada pela BrasilConnects, a mostra custou US$ 700 mil, segundo o diretor-executivo da entidade, Emilio Kalil. Os gastos foram bancados pelas patrocinadoras Embraer e Vale do Rio Doce -empresas brasileiras que têm negócios na China.
Com 344 peças, a exposição inclui objetos arqueológicos de até 8.000 anos a adereços que são usados hoje pelos índios em seus rituais. Entre os grupos representados na parte arqueológica, estão marajoaras, aruãs, guaritas, aristés e maracás, povos que habitaram a região amazônica antes da chegada dos portugueses.

Biodiversidade
O objetos atuais são os mesmos que vêm sendo usados pelos índios há séculos em suas tradições: armas, cocares, adereços e símbolos que marcam cada ritual.
"A Amazônia é mundialmente conhecida por sua biodiversidade, mas ela também abriga uma sócio-diversidade importante", afirma Luís Donisete Grupioni, curador da parte etnográfica e de arte plumária da exposição.
Grupioni ressalta que 170 povos indígenas vivem na Amazônia legal, região que reúne 60% da população indígena do Brasil.
A exibição começará com os mitos indígenas de criação e terminará com instrumentos musicais e máscaras utilizados nos rituais de manutenção da ordem universal. No meio, estarão objetos que representam a divisão sexual do trabalho e os ciclos de vida, como casamento e morte.
Cristina Barreto, curadora da parte de arqueologia, diz que os objetos vieram de três grandes coleções: Museu do Índio, Museu Emílio Gueldi, de Belém, e Instituto Cultural Banco Santos.
A mostra está montada em um salão com pé-direito de 18 metros, no portão norte da Cidade Proibida, e terá duração de três meses.


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