São Paulo, segunda, 25 de maio de 1998

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CONTOS MÍNIMOS
Escravidão eterna

HELOISA SEIXAS
Outro dia me perguntaram por que escrevo. Tentei explicar, titubeante. Mas que importa? O fato é que escrevemos e, fazendo-o, vendemos a alma ao demônio. Só isso é capaz de explicar o delírio recorrente que nos leva a, mil vezes, sempre e sempre, encher o pote de fantasia que acabamos de esvaziar. Somos os escravos que, depois de libertos, continuarão no eito -porque não sabem fazer mais nada. É inútil. Não tem sentido. E no entanto continuamos, sem que nos socorram. Foi por isso que um dia Carlos Heitor Cony desabafou: "Eu escrevo e ninguém toma providências".



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