São Paulo, segunda, 25 de maio de 1998

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Curta revive conflito em "Novembrada"

ESTANISLAU MARIA
da Agência Folha, em Florianópolis

No mês em que as manifestações de rua em Paris completam 30 anos, as ruas de Florianópolis se transformaram em cenário para um curta-metragem que revive um outro protesto, também protagonizado por estudantes em luta por liberdade.
Desde a última quinta-feira, o cineasta Eduardo Paredes filma as cenas externas do curta "Novembrada", uma das principais manifestações de rua contra o regime militar na década de 70.
O episódio aconteceu em 30 de novembro de 1979. Depois de enfrentar um panelaço na estrada do aeroporto, em Florianópolis, o presidente João Baptista Figueiredo (1979-1985) foi recebido no centro da cidade por um protesto de estudantes universitários.
O protesto teve adesão da população e se transformou em violento confronto com os seguranças do presidente e a Polícia Militar.
"Será um curta ficcional que vai reconstituir aquele dia e toda a insatisfação popular contra o regime militar, a falta de liberdade, a censura e a crise econômica da época", disse o diretor Paredes à Agência Folha.
"Não tenho um protagonista. O ator principal será o povo da cidade, representado por cerca de 200 atores", declarou.
Lima Duarte interpreta o presidente Figueiredo. Um dos "populares" será o veterano ator de teatro catarinense Waldir Brazil, 73.
As filmagens terminam em 31 de maio. Paredes ainda conta 500 figurantes e uma equipe técnica de 50 pessoas.
Junto com o curta, também está sendo produzido um documentário em 16 mm para TV a cabo.
Nascido em Curitiba, Paredes trabalhou como jornalista em vários Estados brasileiros e se fixou em Florianópolis em 1980, onde produz vídeos publicitários e documentários para TV.
Em 1992, produziu o curta "Desterro", ambientado na guerra federalista catarinense do final do século passado, sufocada pelo marechal Floriano Peixoto (daí o nome Florianópolis).
Orçado em R$ 262 mil, "Novembrada" recebeu R$ 30 mil da prefeitura e R$ 160 mil do Estado. O restante ainda depende de patrocínio privado.



Texto Anterior | Próximo Texto | Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.