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Curta revive conflito
em "Novembrada"
ESTANISLAU MARIA
da Agência Folha, em Florianópolis
No mês em que as manifestações
de rua em Paris completam 30
anos, as ruas de Florianópolis se
transformaram em cenário para
um curta-metragem que revive
um outro protesto, também protagonizado por estudantes em luta
por liberdade.
Desde a última quinta-feira, o cineasta Eduardo Paredes filma as
cenas externas do curta "Novembrada", uma das principais manifestações de rua contra o regime
militar na década de 70.
O episódio aconteceu em 30 de
novembro de 1979. Depois de enfrentar um panelaço na estrada do
aeroporto, em Florianópolis, o
presidente João Baptista Figueiredo (1979-1985) foi recebido no
centro da cidade por um protesto
de estudantes universitários.
O protesto teve adesão da população e se transformou em violento confronto com os seguranças
do presidente e a Polícia Militar.
"Será um curta ficcional que vai
reconstituir aquele dia e toda a insatisfação popular contra o regime
militar, a falta de liberdade, a censura e a crise econômica da época", disse o diretor Paredes à
Agência Folha.
"Não tenho um protagonista. O
ator principal será o povo da cidade, representado por cerca de 200
atores", declarou.
Lima Duarte interpreta o presidente Figueiredo. Um dos "populares" será o veterano ator de teatro catarinense Waldir Brazil, 73.
As filmagens terminam em 31 de
maio. Paredes ainda conta 500 figurantes e uma equipe técnica de
50 pessoas.
Junto com o curta, também está
sendo produzido um documentário em 16 mm para TV a cabo.
Nascido em Curitiba, Paredes
trabalhou como jornalista em vários Estados brasileiros e se fixou
em Florianópolis em 1980, onde
produz vídeos publicitários e documentários para TV.
Em 1992, produziu o curta
"Desterro", ambientado na guerra federalista catarinense do final
do século passado, sufocada pelo
marechal Floriano Peixoto (daí o
nome Florianópolis).
Orçado em R$ 262 mil, "Novembrada" recebeu R$ 30 mil da
prefeitura e R$ 160 mil do Estado.
O restante ainda depende de patrocínio privado.
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