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CRÍTICA
É o pior filme de uma carreira brilhante
SÉRGIO DÁVILA
DA REPORTAGEM LOCAL
Logo de cara, três afirmações
devem ser feitas sobre "Matadores de Velhinha", que estréia
hoje em SP: 1. É o pior filme da
carreira dos irmãos Coen; 2. O
original britânico, de 1955, é melhor; 3. O prêmio de melhor atriz
dado para Irma P. Hall (a velhinha do título) no Festival de Cannes, em maio último, foi injusto.
A dupla formada por Joel (principalmente roteirista) e Ethan
(principalmente diretor) já colocou na praça dez títulos, divididos
em obras-primas ("Fargo", "Barton Fink", "Gosto de Sangue", "E
Aí, Meu Irmão, Cadê Você?",
"Ajuste Final") e excelentes filmes
("O Homem que Não Estava Lá",
"Arizona Nunca Mais", "O Amor
Custa Caro", "O Grande Lebowski", "A Roda da Fortuna").
"Matadores de Velhinha" não é
nem uma coisa nem outra. Embora vários pontos acima da maioria
das comédias que o cinema exibirá em 2004, não está à altura dos
criadores, principalmente pelo
roteiro falho. Pela primeira vez, os
dois dão razão à crítica mais comum (e mais injusta) feita ao seu
trabalho até hoje, a de que valorizam a forma pela forma, deixando o conteúdo em segundo plano.
Atrapalhou também o fato de
escolherem para refilmar uma
obra irretocável, de 1955, cujo título original é homônimo, mas no
Brasil virou "O Quinteto da Morte", de Alexander Mackendrick,
um curioso diretor de nove longas, entre eles o clássico "A Embriaguez do Sucesso" (1957).
Trazia no elenco sir Alec Guinness, à vontade no papel do professor que lidera o bando de assaltantes que usa a casa de uma velhinha como fachada para um
golpe, e Peter Sellers, hilariante
em seu primeiro papel de peso.
À original, a nova versão fica devendo alma. Um dos problemas é
justamente a veterana atriz negra
Irma P. Hall, que não foge ao estereótipo mais raso em seu papel de
uma "big momma" sulista que,
com seu jeito direto e sem perceber, vai se safando das armadilhas
do bando de malfeitores que se
instalou no porão de sua casa.
Salva-se Tom Hanks, de volta a
uma comédia aberta depois de
um longo período de papéis sérios ("À Espera de um Milagre",
"Náufrago", "Band of Brothers",
"Estrada para Perdição", "Prenda-me se For Capaz"), que leva o
filme nas costas no papel do (falso) professor G.H. Dorr.
São seus cacoetes de fala, suas
afetadas roupas claras, sua barbicha de Buffalo Bill e sua falsa dentadura que garantem os bons momentos deste "Matadores".
Matadores de Velhinha
Ladykillers
Direção: Joel e Ethan Coen
Produção: EUA, 2004
Com: Tom Hanks, Irma P. Hall
Quando: a partir de hoje nos cines
Bristol, Metrô Santa Cruz e circuito
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