São Paulo, sexta-feira, 25 de junho de 2004

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Sempre em forma

You Are the Quarry
    

"Voltando agora, não dá nem para acreditar que este mundo ainda está girando. A pressão é forte, porque o prazer ainda existe." Morrissey é o assunto pop de 2004 e o recado está dado logo nas primeiras linhas de "I'm Not Sorry", quinta faixa do desesperadoramente aguardado CD "You Are the Quarry", o sétimo disco solo do ex-Smiths e o primeiro dele em sete anos. A voz do cantor inglês continua única. E acalentadora. Para o tipo de música que faz, é um instrumento mais contundente do que a guitarra para o Metallica ou o teclado para o Yes. As letras estão dilacerantes (amor) ou indignadas (sociopolítica). Quando se pensava que ele não teria mais nada a acrescentar para a música, o que se vê é que o velho Morrissey está em forma. Ele perdoa Jesus, espinafra os Estados Unidos que o acolheram no exílio, sonha com o tempo que a bandeira inglesa não lhe dava vergonha e diz que, se a pessoa que o deixou voltar, ele vai entregar a essa tal pessoa até a sua última polegada. Palavras assim ditas invariavelmente sobre tênues, singelas camadas de guitarras (que, vai, às vezes lembram Johnny Marr, seu inesquecível ex-parceiro de Smiths) fazem de "You Are the Quarry" um disco lindo de morrer, por falta de definição mais precisa. "You Are the Quarry" chega até a ser previsível, no sentido de que era difícil esperar uma outra coisa de alguém como Morrissey.
(LÚCIO RIBEIRO)

ARTISTA: MORRISSEY; GRAVADORA: BMG; QUANTO: R$ 35, EM MÉDIA


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