São Paulo, sábado, 25 de junho de 2011

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"Os manuscritos voaram", diz Vila-Matas

DE SÃO PAULO

Paulo Roberto Pires mediou em maio duas conversas com seu inspirador Enrique Vila-Matas, em São Paulo. Trocaram ideias. Pires fez chegar ao espanhol um arquivo do seu novo romance.
A Folha questionou Vila-Matas a respeito e, em seguida, voltou a Pires. (FV)

 


Folha - Poderia fazer um comentário sobre o romance, ou sobre Paulo Roberto Pires?
Enrique Vila-Matas
- Me interessa o que Paulo Roberto Pires escreve. Li trechos de "Se Um de Nós Dois Morrer". Seu livro conta coisas que realmente me ocorreram em Paraty, e eu estava convencido de que eram produto da espionagem. Mas soube que ele não estava em Paraty naqueles dias e portanto o que narra sobre mim é imaginado. Pergunto-me: como ele fez para imaginar o que me ocorreu verdadeiramente em Paraty? Como sabe tão perfeitamente o que passou?
Ele disse que inventou. E eu acredito. É incomum, mas não encontro explicação melhor para o mistério: ele inventou o que realmente vivi em Paraty. Mas agora gostaria que inventasse o que vou fazer em seguida, quando terminar de escrever esta nota para a Folha. Que siga o jogo, que não morra o invento.

Sofia conseguiu entregar ao sr. os manuscritos de Théo? Qual a sua avaliação deles?
Vila-Matas -
Os manuscritos ficaram em cima de um carro, que arrancou, e todos os papéis voaram. Não posso avaliá-los, só lembro deles voando, inundando toda Paraty. Um espetáculo. Corri atrás de uma folha, mas ela não se deixava agarrar.

Vila-Matas pediu que você inventasse o que ele faria após comentar o seu livro... Paulo Roberto Pires - Ele vai começar a escrever uma coluna sobre a passagem dele por São Paulo, na qual não saiu dos quartos do hotel. Uma coluna tentando imaginar como aquele escritor brasileiro imaginou que ele tinha feito naquele momento.
Mas talvez ele não mande a coluna para o [jornal] "El País". O importante é não mandar. É o único jeito de eu acertar o que ele vai fazer. A menos que ele me foda e publique isso [gargalhadas].


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