São Paulo, segunda, 25 de agosto de 1997.



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PERSONALIDADE
Autor de novelas e minisséries tinha câncer na medula; seu último trabalho foi 'Os Ossos do Barão'
Walter George Durst morre aos 75 anos

da Reportagem Local

O roteirista de TV Walter George Durst morreu ontem, aos 75 anos, de câncer na medula. Durst será cremado hoje, no crematório da Vila Alpina (zona leste de SP), às 11h.
O último trabalho de Durst foi a autoria de "Os Ossos do Barão", ainda no ar no SBT.
Segundo seu filho, o diretor de fotografia para cinema Marcelo Walter Durst, 34, o roteirista tinha outros trabalhos em andamento.
"Ele nunca parou de escrever. Ainda quando escrevia 'Os Ossos do Barão', ele se sentia fraco, mas os exames não indicavam sintomas de câncer. Ele pediu, então, que os médicos fizessem com que vivesse até finalizar o trabalho", disse Marcelo.
Walter George Durst descobriu que tinha câncer em abril deste ano. "Imediatamente ele começou o tratamento, mas, com medicação pesada, os efeitos colaterais foram muitos, e o coração não resistiu", completou Marcelo.
As duas últimas novelas de Durst, "Tocaia Grande", exibida na Manchete em 96, e "Os Ossos do Barão", do SBT, tiveram colaboração de Marcos Lazarini, Mário Teixeira e Duca Rachid.
Segundo Lazarini, Durst teve uma obra determinante para a história da TV brasileira. "Com a 'TV de Vanguarda', que fez na TV Tupi nos anos 50, ele lançou as bases para a teledramaturgia", disse.
Durst fazia, em especiais semanais, adaptações para a TV de textos clássicos, como "Crime e Castigo", que obtinham enorme sucesso de audiência.
"Durst era um intelectual que vivia de contar histórias. Ele elaborava programas que enchiam a TV brasileira de realidade, mas com tratamento estético, muito diferente da exploração da realidade que é feita hoje na TV", afirmou Lazarini.
Um exemplo citado por ele é a novela "Gabriela" (1975). "Minisséries como 'Anarquistas Graças a Deus' e 'Grande Sertão: Veredas' também tinham a característica de conciliar entretenimento com abordagem social, preocupação de Durst em seus trabalhos."
Duca Rachid, colaboradora de Durst em "Ossos do Barão", falou sobre o privilégio de ter trabalhado com Durst.
"Ele foi um dos grandes nomes da TV brasileira. Além de profissional extraordinário, era uma pessoa extremamente generosa", disse.
Segundo Lazarini, um dos sonhos de Durst era poder produzir e dirigir o longa-metragem "Um Certo Capitão Galdino", roteiro seu sobre o filme "O Cangaceiro", de Lima Barreto.
"O roteiro é um emblema do que significa criar no Brasil", disse o colaborador.
Durst integrava o grupo de criação do estúdio Vera Cruz, em São Bernardo do Campo.



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