São Paulo, quarta-feira, 25 de agosto de 2004

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

DVD/LANÇAMENTOS

Rei do faroeste, John Wayne ressurge em três discos significativos

INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA

A Paramount bem que podia tratar um pouco melhor de John Wayne. Rei dos faroestes, o ator comparece em três discos significativos recém-lançados. Significativos e pelados: o menu não indica nenhum extra, nem aqueles mais protocolares (trailer, biografia dos envolvidos etc.).
Restam os filmes, e aí as coisas melhoram bastante. Por ordem cronológica, "Rio Grande" é o primeiro deles e faz parte da famosa trilogia dedicada por John Ford à cavalaria.
Trilogia melancólica por excelência, parece dizer respeito a um homem que passou pela guerra (o filme é de 1950) e suas desgraças. O Oeste que Ford vê nesse momento nada tem a ver com liberdade e espírito de aventura. Os militares vivem uma vida de constrangimento e renúncia. Cumprem ordens, nem sempre agradáveis.
Exemplo: por fidelidade ao dever, Wayne tocou fogo na propriedade do pai de Maureen O'Hara. Sendo que Maureen era sua mulher. Seguiu-se o divórcio. Agora, Maureen volta ao forte porque seu filho está sob as ordens do pai.
E o que faz um militar pai de outro militar? Incute-lhe o senso de dever, de sacrifício etc. Mortifica-se, enfim. Um forte não é lugar muito diferente de uma prisão, parece nos dizer Ford neste filme intensamente triste.
Bem outro é o registro de "Rio Lobo". Estamos em 1970, e aqui Wayne é um militar ianque que, terminada a Guerra de Secessão, tenta encontrar o traidor que vendia informação para os sulistas. Para tanto, ele tem a seu lado um velho militar do Exército inimigo.
O filme é considerado o mais fraco da trilogia dedicada por Hawks aos homens da lei do Velho Oeste. É possível que seja, mesmo, já que "Rio Bravo" e "El Dorado" são monumentais. Mas "Rio Lobo" é bem mais do que se diz. Lá estão todos os tipos, usos e costumes habituais dos primeiros filmes da trilogia, agora não raro invertidos: os homens da lei são criminosos; Wayne consegue prender um refém e procura abrigo na delegacia (onde deveria ficar o xerife corrupto), o enviado não consegue trazer o xerife federal à cidade etc.
Enfim, ao menos para os hawksianos será uma delícia reencontrar este filme tão vilipendiado. É verdade que John Wayne está um pouco pesadão, por causa da idade, que Jorge Rivero é um ator sem carisma etc. Ainda assim, "Rio Lobo" está longe de resumir-se à seqüência -genial, é verdade- do roubo do trem, logo no início.
Fecha a série "Jake Grandão", feito por George Sherman em 1971, em que Wayne sai em busca do filho, raptado por vilões. Um filme simpático, agradável de ver e sem vulgaridades, mas só.


Rio Grande
Idem
    
Produção: EUA, 1950
Direção: John Ford
Lançamento: Paramount
Quanto: R$ 30, em média

Rio Lobo
Idem
    
Produção: EUA, 1970
Direção: Howard Hawks
Lançamento: Paramount
Quanto: R$ 30, em média

Jake Grandão
Big Jake
   
Produção: EUA, 1971
Direção: George Sherman
Lançamento: Paramount
Quanto: R$ 30, em média



Texto Anterior: Mônica Bergamo
Próximo Texto: Música: Após 19 anos, Primal Scream vem ao Brasil
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.