|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
DVD/LANÇAMENTOS
Rei do faroeste, John Wayne ressurge em três discos significativos
INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA
A Paramount bem que podia tratar um pouco melhor
de John Wayne. Rei dos faroestes,
o ator comparece em três discos
significativos recém-lançados.
Significativos e pelados: o menu
não indica nenhum extra, nem
aqueles mais protocolares (trailer,
biografia dos envolvidos etc.).
Restam os filmes, e aí as coisas
melhoram bastante. Por ordem
cronológica, "Rio Grande" é o
primeiro deles e faz parte da famosa trilogia dedicada por John
Ford à cavalaria.
Trilogia melancólica por excelência, parece dizer respeito a um
homem que passou pela guerra (o
filme é de 1950) e suas desgraças.
O Oeste que Ford vê nesse momento nada tem a ver com liberdade e espírito de aventura. Os
militares vivem uma vida de
constrangimento e renúncia.
Cumprem ordens, nem sempre
agradáveis.
Exemplo: por fidelidade ao dever, Wayne tocou fogo na propriedade do pai de Maureen
O'Hara. Sendo que Maureen era
sua mulher. Seguiu-se o divórcio.
Agora, Maureen volta ao forte
porque seu filho está sob as ordens do pai.
E o que faz um militar pai de outro militar? Incute-lhe o senso de
dever, de sacrifício etc. Mortifica-se, enfim. Um forte não é lugar
muito diferente de uma prisão,
parece nos dizer Ford neste filme
intensamente triste.
Bem outro é o registro de "Rio
Lobo". Estamos em 1970, e aqui
Wayne é um militar ianque que,
terminada a Guerra de Secessão,
tenta encontrar o traidor que vendia informação para os sulistas.
Para tanto, ele tem a seu lado um
velho militar do Exército inimigo.
O filme é considerado o mais
fraco da trilogia dedicada por
Hawks aos homens da lei do Velho Oeste. É possível que seja,
mesmo, já que "Rio Bravo" e "El
Dorado" são monumentais. Mas
"Rio Lobo" é bem mais do que se
diz. Lá estão todos os tipos, usos e
costumes habituais dos primeiros
filmes da trilogia, agora não raro
invertidos: os homens da lei são
criminosos; Wayne consegue
prender um refém e procura abrigo na delegacia (onde deveria ficar o xerife corrupto), o enviado
não consegue trazer o xerife federal à cidade etc.
Enfim, ao menos para os hawksianos será uma delícia reencontrar este filme tão vilipendiado. É
verdade que John Wayne está um
pouco pesadão, por causa da idade, que Jorge Rivero é um ator
sem carisma etc. Ainda assim,
"Rio Lobo" está longe de resumir-se à seqüência -genial, é verdade- do roubo do trem, logo no
início.
Fecha a série "Jake Grandão",
feito por George Sherman em
1971, em que Wayne sai em busca
do filho, raptado por vilões. Um
filme simpático, agradável de ver
e sem vulgaridades, mas só.
Rio Grande
Idem
Produção: EUA, 1950
Direção: John Ford
Lançamento: Paramount
Quanto: R$ 30, em média
Rio Lobo
Idem
Produção: EUA, 1970
Direção: Howard Hawks
Lançamento: Paramount
Quanto: R$ 30, em média
Jake Grandão
Big Jake
Produção: EUA, 1971
Direção: George Sherman
Lançamento: Paramount
Quanto: R$ 30, em média
Texto Anterior: Mônica Bergamo Próximo Texto: Música: Após 19 anos, Primal Scream vem ao Brasil Índice
|