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MÚSICA
Grupo escocês, formado em 1985 e que foi atração no V Festival inglês, deve se apresentar em São Paulo em novembro
Após 19 anos, Primal Scream vem ao Brasil
LÚCIO RIBEIRO
ENVIADO A CHELMSFORD (INGLATERRA)
Sim à guerra. O V Festival 2004,
uma das principais aglomerações
jovens em torno de música pop
do verão britânico, terminou no
último domingo com uma "batalha sonora" que muito provavelmente vai reverberar violentamente no Brasil.
A veterana banda escocesa Primal Scream e os ainda infantes
Strokes, de Nova York, fecharam
o festival do conglomerado Virgin
com dois shows praticamente na
mesma hora, cada qual arrastando hordas de admiradores para
seus espaços. E, acabado o V 2004,
o que se vê na agenda de apresentações futuras de ambas as bandas
são shows em São Paulo.
O "guerrilheiro" Primal
Scream, segundo a Folha apurou,
está escalado para a próxima edição do Tim Festival, que será realizado em novembro no Jockey
Clube, em São Paulo. A banda de
Bobby Gillespie se junta a uma lista que enfileira atrações como
Kraftwerk, o mexicano Kinky, a
dupla 2 Many DJ's e o rapper inglês Dizzee Rascal.
Será a primeira vez que o Primal
Scream, banda com quase 20 anos
de carreira, se apresenta no país.
Em 1998, o grupo foi oferecido pela marca de roupa Levi's para
shows na América Latina. A subsidiária argentina solicitou o Primal Scream para Buenos Aires. A
brasileira, não.
Bobby Gillespie, que começou
baterista do lendário Jesus &
Mary Chain, fundou o grupo em
1985. Na virada para os 90 já era
considerada uma das mais influentes bandas britânicas da história recente.
O abarrotado show do Primal
Scream foi em uma das tendas
enormes do V Festival, uma espécie de Via Funchal de lona armado a uns 300 metros do palco
principal onde estavam os Strokes. Quando estava para chegar a
hora de Gillespie e seus seis parceiros (entre eles o baixista Mani,
ex-Stone Roses) darem seu show,
as entradas para a tenda precisaram ser bloqueadas, por causa do
afluxo grande de público.
O show foi o mesmo que a banda vem apresentando há dois
anos, desde que lançou o CD "Evil
Heat", seu último álbum de inéditas. No ano passado, o grupo escocês editou seu primeiro disco
de "best of" da carreira, a coletânea "Dirty Hits" -que chegou a
ser lançada no Brasil.
Em ação, o Primal Scream, que
já foi rock, depois indie-dance,
depois britpop, depois rock de
novo, desde o contundente disco
"XTRMNTR", de 2000, assumiu
uma feroz faceta que mistura símbolos bélicos a palavras de ordem,
embalados por um rock bem pesado e uma música eletrônica à la
Prodigy, tudo junto.
E isso é entregue ao vivo de uma
maneira bem violenta. O grupo fica alinhado (quatro músicos mais
Bobby Gillespie) bem perto da
beira do palco, quase empurrados
para baixo pela bateria, pelo encarregado dos teclados e por uma
opressora parede de amplificadores.
É impressionante a disposição
da banda. Pedradas como "Exterminator", "Miss Lucifer", "Rise" e
"Swastika Eyes" se sucedem sem
que o grupo, montado todo ele
por músicos da antiga, perca o gás
juvenil. O pique é tanto que até a
meiga "Movin on Up" parece
heavy metal.
Primal Scream no Jockey Clube
de São Paulo, neste ano, promete
ser uma experiência única. Rock
de referência e energia sonora em
doses cavalares. Com o perdão do
trocadilho.
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