São Paulo, quarta-feira, 25 de agosto de 2004

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MÚSICA

Grupo escocês, formado em 1985 e que foi atração no V Festival inglês, deve se apresentar em São Paulo em novembro

Após 19 anos, Primal Scream vem ao Brasil

LÚCIO RIBEIRO
ENVIADO A CHELMSFORD (INGLATERRA)

Sim à guerra. O V Festival 2004, uma das principais aglomerações jovens em torno de música pop do verão britânico, terminou no último domingo com uma "batalha sonora" que muito provavelmente vai reverberar violentamente no Brasil.
A veterana banda escocesa Primal Scream e os ainda infantes Strokes, de Nova York, fecharam o festival do conglomerado Virgin com dois shows praticamente na mesma hora, cada qual arrastando hordas de admiradores para seus espaços. E, acabado o V 2004, o que se vê na agenda de apresentações futuras de ambas as bandas são shows em São Paulo.
O "guerrilheiro" Primal Scream, segundo a Folha apurou, está escalado para a próxima edição do Tim Festival, que será realizado em novembro no Jockey Clube, em São Paulo. A banda de Bobby Gillespie se junta a uma lista que enfileira atrações como Kraftwerk, o mexicano Kinky, a dupla 2 Many DJ's e o rapper inglês Dizzee Rascal.
Será a primeira vez que o Primal Scream, banda com quase 20 anos de carreira, se apresenta no país. Em 1998, o grupo foi oferecido pela marca de roupa Levi's para shows na América Latina. A subsidiária argentina solicitou o Primal Scream para Buenos Aires. A brasileira, não.
Bobby Gillespie, que começou baterista do lendário Jesus & Mary Chain, fundou o grupo em 1985. Na virada para os 90 já era considerada uma das mais influentes bandas britânicas da história recente.
O abarrotado show do Primal Scream foi em uma das tendas enormes do V Festival, uma espécie de Via Funchal de lona armado a uns 300 metros do palco principal onde estavam os Strokes. Quando estava para chegar a hora de Gillespie e seus seis parceiros (entre eles o baixista Mani, ex-Stone Roses) darem seu show, as entradas para a tenda precisaram ser bloqueadas, por causa do afluxo grande de público.
O show foi o mesmo que a banda vem apresentando há dois anos, desde que lançou o CD "Evil Heat", seu último álbum de inéditas. No ano passado, o grupo escocês editou seu primeiro disco de "best of" da carreira, a coletânea "Dirty Hits" -que chegou a ser lançada no Brasil.
Em ação, o Primal Scream, que já foi rock, depois indie-dance, depois britpop, depois rock de novo, desde o contundente disco "XTRMNTR", de 2000, assumiu uma feroz faceta que mistura símbolos bélicos a palavras de ordem, embalados por um rock bem pesado e uma música eletrônica à la Prodigy, tudo junto.
E isso é entregue ao vivo de uma maneira bem violenta. O grupo fica alinhado (quatro músicos mais Bobby Gillespie) bem perto da beira do palco, quase empurrados para baixo pela bateria, pelo encarregado dos teclados e por uma opressora parede de amplificadores.
É impressionante a disposição da banda. Pedradas como "Exterminator", "Miss Lucifer", "Rise" e "Swastika Eyes" se sucedem sem que o grupo, montado todo ele por músicos da antiga, perca o gás juvenil. O pique é tanto que até a meiga "Movin on Up" parece heavy metal.
Primal Scream no Jockey Clube de São Paulo, neste ano, promete ser uma experiência única. Rock de referência e energia sonora em doses cavalares. Com o perdão do trocadilho.


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