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O 16º Festival Internacional de Curtas-Metragens começa hoje em São Paulo com mais de 400 filmes em exibição
Cinema em PÍLULAS
BEATRIZ PERES
EDITORA DO EQUILÍBRIO
Nas primeiras experiências dos
irmãos Lumière, no fim do século
retrasado, o cinema era curto. E é
nesse formato que ainda hoje
mais se experimenta -principalmente porque as engrenagens da
indústria de longas-metragens
inibem parte das inovações.
Algumas dessas experiências
em documentários, ficções, animações, feitos em película, vídeo,
digital e até com câmera de telefone celular -como permite o formato democrático- poderão ser
vistas na 16ª edição do Festival Internacional de Curtas-Metragens
de São Paulo, aberto hoje para
convidados e amanhã ao público.
A programação ocupa oito salas
da cidade até o dia 3 de setembro e
depois passa pelo interior do Estado (Campinas e São Carlos), antes de viajar para o Rio de Janeiro,
Recife e Porto Alegre, repetindo a
itinerância de anos anteriores.
São cerca de 400 filmes, entre
nacionais e estrangeiros, divididos em vários programas e incluindo os premiados de alguns
dos mais importantes festivais de
cinema do mundo, como Cannes
(o ucraniano "Caminhantes", de
Igor Strembitsky), Berlim (o escocês "Leite", de Mackie Burns),
Sundance (a co-produção México/Estados Unidos "Vitória para
Chino", de Cary Fukunaga) e
Clermont-Ferrand (o francês "O
Medo, Pequeno Caçador", de
Laurent Achard).
A Mostra Internacional destaca
também uma importante safra de
filmes africanos -vindos da África do Sul, de Burkina Fasso, do
Marrocos, da Nigéria, do Senegal
e do Zimbábue.
A seleção brasileira exibe 111 títulos dos cerca de 400 inscritos.
Os números são um retrato da
evolução da produção no Brasil
-nas primeiras edições do festival, eram exibidos todos os filmes
enviados, como para celebrar
aqueles que conseguiam ser finalizados. "Como a tecnologia está
disponível para todo mundo, destacam-se os filmes que têm algo
de especial, não basta apenas serem filmes", diz a diretora do festival, Zita Carvalhosa. "O processo de seleção para fazer cinema,
que era basicamente uma questão
econômica, passou a ser qualitativo, pela elaboração das idéias, pelas imagens pensadas."
São exatamente as novas mídias
e suas interferências sobre as relações pessoais que dão o tema do
evento deste ano.
Intitulada "Por um Fio", a programação especial exibe 19 curtas
de dez países (distribuídos em
três programas) que abordam,
sob vários aspectos, os efeitos do
estreitamento das comunicações.
"Num mundo cada vez "menor", o
tempo mais curto é sinal dos novos tempos e o formato do curta-metragem acaba valorizado",
acredita Zita Carvalhosa.
A programação é boa oportunidade para ver "Querido Telefone"
(1977), de Peter Greenaway, e o
ótimo "3 Minutos" (1998), de Ana
Luiza Azevedo em parceria com
Jorge Furtado, selecionado para a
competição oficial do festival de
Cannes de 2000.
Além do panorama de filmes, o
Festival de Curtas tem uma programação paralela que inclui debates com diretores, workshops,
exibição de trabalhos realizados
em oficinas de cinema na periferia e o projeto Kino Cabaret, que
propõe a um grupo de estudantes
o desafio de conceber, finalizar e
apresentar um curta em 48 horas.
A novidade é o concurso Crítica
Curta, que convida universitários
a analisar os filmes e deve resultar
na produção de um tablóide coordenado pelo jornalista e colaborador da Folha Sérgio Rizzo.
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