São Paulo, quinta-feira, 25 de agosto de 2005

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O 16º Festival Internacional de Curtas-Metragens começa hoje em São Paulo com mais de 400 filmes em exibição

Cinema em PÍLULAS

BEATRIZ PERES
EDITORA DO EQUILÍBRIO

Nas primeiras experiências dos irmãos Lumière, no fim do século retrasado, o cinema era curto. E é nesse formato que ainda hoje mais se experimenta -principalmente porque as engrenagens da indústria de longas-metragens inibem parte das inovações.
Algumas dessas experiências em documentários, ficções, animações, feitos em película, vídeo, digital e até com câmera de telefone celular -como permite o formato democrático- poderão ser vistas na 16ª edição do Festival Internacional de Curtas-Metragens de São Paulo, aberto hoje para convidados e amanhã ao público.
A programação ocupa oito salas da cidade até o dia 3 de setembro e depois passa pelo interior do Estado (Campinas e São Carlos), antes de viajar para o Rio de Janeiro, Recife e Porto Alegre, repetindo a itinerância de anos anteriores.
São cerca de 400 filmes, entre nacionais e estrangeiros, divididos em vários programas e incluindo os premiados de alguns dos mais importantes festivais de cinema do mundo, como Cannes (o ucraniano "Caminhantes", de Igor Strembitsky), Berlim (o escocês "Leite", de Mackie Burns), Sundance (a co-produção México/Estados Unidos "Vitória para Chino", de Cary Fukunaga) e Clermont-Ferrand (o francês "O Medo, Pequeno Caçador", de Laurent Achard).
A Mostra Internacional destaca também uma importante safra de filmes africanos -vindos da África do Sul, de Burkina Fasso, do Marrocos, da Nigéria, do Senegal e do Zimbábue.
A seleção brasileira exibe 111 títulos dos cerca de 400 inscritos. Os números são um retrato da evolução da produção no Brasil -nas primeiras edições do festival, eram exibidos todos os filmes enviados, como para celebrar aqueles que conseguiam ser finalizados. "Como a tecnologia está disponível para todo mundo, destacam-se os filmes que têm algo de especial, não basta apenas serem filmes", diz a diretora do festival, Zita Carvalhosa. "O processo de seleção para fazer cinema, que era basicamente uma questão econômica, passou a ser qualitativo, pela elaboração das idéias, pelas imagens pensadas."
São exatamente as novas mídias e suas interferências sobre as relações pessoais que dão o tema do evento deste ano.
Intitulada "Por um Fio", a programação especial exibe 19 curtas de dez países (distribuídos em três programas) que abordam, sob vários aspectos, os efeitos do estreitamento das comunicações. "Num mundo cada vez "menor", o tempo mais curto é sinal dos novos tempos e o formato do curta-metragem acaba valorizado", acredita Zita Carvalhosa.
A programação é boa oportunidade para ver "Querido Telefone" (1977), de Peter Greenaway, e o ótimo "3 Minutos" (1998), de Ana Luiza Azevedo em parceria com Jorge Furtado, selecionado para a competição oficial do festival de Cannes de 2000.
Além do panorama de filmes, o Festival de Curtas tem uma programação paralela que inclui debates com diretores, workshops, exibição de trabalhos realizados em oficinas de cinema na periferia e o projeto Kino Cabaret, que propõe a um grupo de estudantes o desafio de conceber, finalizar e apresentar um curta em 48 horas.
A novidade é o concurso Crítica Curta, que convida universitários a analisar os filmes e deve resultar na produção de um tablóide coordenado pelo jornalista e colaborador da Folha Sérgio Rizzo.


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