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ARTES PLÁSTICAS
Em 2006, quatro pessoas terão bolsa de estudos
Rumos Itaú Cultural seleciona 78 artistas de 14 Estados brasileiros
FABIO CYPRIANO
DA REPORTAGEM LOCAL
Desde 1999, o Rumos Itaú Cultural Artes Visuais tem se tornado
uma importante referência sobre
a produção emergente em arte
contemporânea. Sua terceira edição elenca 78 nomes de 14 Estados, com um respaldo mais consistente, já que tem entre suas pesquisadoras a curadora da Bienal
de São Paulo, Lisette Lagnado.
Durante três meses, Lagnado,
Cristiana Tejo, Luisa Duarte e
Marisa Mokarzel, sob a coordenação de Aracy Amaral, viajaram
pelo país em busca de mapear o
que se costuma chamar de produção emergente, ou seja, artistas
em início de carreira e com futuro
promissor. Entretanto, só foram
escolhidos artistas que enviaram
seus "portfólios". O resultado é
divulgado, hoje, no site da instituição (www.itaucultural.org.br)
e, além dos 78 selecionados, que
irão receber R$ 1.000 cada um e
participar de uma série de exposições, o Rumos também elenca 119
mapeados -artistas que vão entrar para o site do Itaú. Em 2006,
quatro deles receberão uma bolsa
para estudos em quatro locais distintos: EUA, Europa, América Latina e Brasil, e em março ocorre a
mostra com os selecionados.
A nova edição do Rumos tem
um caráter, no entanto, que vai
além de apresentar a jovem produção. Visa ainda estimular a
criação. "Em cada Estado foram
realizadas palestras com instituições parceiras, há carência de informação. Vamos fazer cursos de
história da arte e enviar material
de pesquisa", diz Amaral.
Tal procedimento, de apresentar uma cara da nova produção e
de divulgar informação, caracteriza-se, sem dúvida, como uma
política cultural que bem poderia
ser uma atividade pública. Mas
como o Itaú Cultural recebe a
maior parte de seus recursos -
70% de seu orçamento é originário de renúncia fiscal, segundo
Marcelo Monzani Netto, coordenador de artes visuais da instituição-, no final é o próprio Estado
quem financia tal projeto. "É um
compromisso social", diz Aracy.
E qual é a cara da produção
emergente? Para Amaral, há três
eixos básicos: "Esse Rumos terá
um perfil de uma arte urbana que
se desvencilhou do Brasil rural, já
que há uma preocupação com arquitetura, urbanismo e design,
que se configura como uma crítica ao urbanismo, ou à ausência
dele. Entre os inscritos, constatamos ainda uma ausência da manualidade, a expressão do desenho se tornou desimportante,
pois há muito mais artistas trabalhando com imagens de segunda
geração, como a fotografia e o vídeo". O último eixo se configura
em uma ausência de questões políticas: "A impressão que tenho é
que o artista visual está pairando
sobre a sociedade, me pergunto
até mesmo se eles lêem jornal."
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