São Paulo, quinta-feira, 25 de agosto de 2005

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ARTES PLÁSTICAS

Em 2006, quatro pessoas terão bolsa de estudos

Rumos Itaú Cultural seleciona 78 artistas de 14 Estados brasileiros

FABIO CYPRIANO
DA REPORTAGEM LOCAL

Desde 1999, o Rumos Itaú Cultural Artes Visuais tem se tornado uma importante referência sobre a produção emergente em arte contemporânea. Sua terceira edição elenca 78 nomes de 14 Estados, com um respaldo mais consistente, já que tem entre suas pesquisadoras a curadora da Bienal de São Paulo, Lisette Lagnado.
Durante três meses, Lagnado, Cristiana Tejo, Luisa Duarte e Marisa Mokarzel, sob a coordenação de Aracy Amaral, viajaram pelo país em busca de mapear o que se costuma chamar de produção emergente, ou seja, artistas em início de carreira e com futuro promissor. Entretanto, só foram escolhidos artistas que enviaram seus "portfólios". O resultado é divulgado, hoje, no site da instituição (www.itaucultural.org.br) e, além dos 78 selecionados, que irão receber R$ 1.000 cada um e participar de uma série de exposições, o Rumos também elenca 119 mapeados -artistas que vão entrar para o site do Itaú. Em 2006, quatro deles receberão uma bolsa para estudos em quatro locais distintos: EUA, Europa, América Latina e Brasil, e em março ocorre a mostra com os selecionados.
A nova edição do Rumos tem um caráter, no entanto, que vai além de apresentar a jovem produção. Visa ainda estimular a criação. "Em cada Estado foram realizadas palestras com instituições parceiras, há carência de informação. Vamos fazer cursos de história da arte e enviar material de pesquisa", diz Amaral.
Tal procedimento, de apresentar uma cara da nova produção e de divulgar informação, caracteriza-se, sem dúvida, como uma política cultural que bem poderia ser uma atividade pública. Mas como o Itaú Cultural recebe a maior parte de seus recursos - 70% de seu orçamento é originário de renúncia fiscal, segundo Marcelo Monzani Netto, coordenador de artes visuais da instituição-, no final é o próprio Estado quem financia tal projeto. "É um compromisso social", diz Aracy.
E qual é a cara da produção emergente? Para Amaral, há três eixos básicos: "Esse Rumos terá um perfil de uma arte urbana que se desvencilhou do Brasil rural, já que há uma preocupação com arquitetura, urbanismo e design, que se configura como uma crítica ao urbanismo, ou à ausência dele. Entre os inscritos, constatamos ainda uma ausência da manualidade, a expressão do desenho se tornou desimportante, pois há muito mais artistas trabalhando com imagens de segunda geração, como a fotografia e o vídeo". O último eixo se configura em uma ausência de questões políticas: "A impressão que tenho é que o artista visual está pairando sobre a sociedade, me pergunto até mesmo se eles lêem jornal."


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