|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
'Sonho' é pesadelo para artista
da Redação
Mário Simões, paulista radicado
na Paraíba há cinco anos, ficou indignado com o trabalho do artista
plástico Yan Duyvendak, a série
de cartões-postais "Os Sonhos
Brasileiros", e resolveu protestar,
só que atacando trabalhos de outros artistas do Laboratório.
Irritado com as imagens de
crianças abandonadas, favelas e
áreas pobres de João Pessoa colhidas por Yan, o artista brasileiro pichou as obras de Gunter Frentzel,
Elizabeth Arpagaus e Fabiana de
Barros com a frase: "Seu sonho
brasileiro é nossa dor e pesadelo".
"Todo mundo estava aceitando
o trabalho de Yan sem problemas,
foi uma coisa coletiva. Você não
pode ficar apenas dois meses em
um país e fazer uma leitura dessa
natureza, tocar numa ferida tão
nossa e chamar isso de sonho brasileiro", justifica Simões.
"Foi uma coisa sarcástica e de
espírito colonialista. Eu quero levá-los a refletir sobre o assunto."
As pichações foram feitas à luz
do dia, na última sexta-feira. Um
dos trabalhos atacados, a instalação de Frentzel, reúne 60 cocos de
gesso no centenário Forte de Cabedelo, a 20 km de João Pessoa.
A artista plástica brasileira Fabiana de Barros foi a única que recebeu o protesto de Simões com
naturalidade. Segundo ela, a proposta de seu "Fiteiro Cultural"
(quiosque de madeira onde ela interage com a população) era mesmo incorporar "opiniões" externas. "O outro sempre faz parte do
meu trabalho. Eu me presto a esse
tipo de intervenção."
(FO)
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
|