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A cantora Ná Ozzetti, que lança o disco "Estopim" sob novo selo

PEDRO ALEXANDRE SANCHES
da Reportagem Local

A cantora e compositora paulista Ná Ozzetti, 40, conclui hoje e amanhã mais um ciclo de sua carreira, iniciada em 79 com o grupo de vanguarda Rumo. Traz ao Sesc Vila Mariana o show "Estopim", de apresentação do disco homônimo, a ser lançado em breve.
É a conclusão de um ciclo porque em dezembro passado ela começou, com os mesmos músicos que tocam no disco e no espetáculo, a preparar "Estopim", feito só de canções inéditas. A intenção era "aquecer" o material ao vivo, para, em seguida, levá-lo ao estúdio -procedimento de exceção, pois, no Brasil 1999 de discos ao vivo feitos num estalo de dedos.
É de exceção não só por isso. Para consumá-lo, a artista precisou fundar um selo próprio, batizado Ná Records, que só conta com a distribuição da Eldorado.
"Tive que ter coragem. Já tenho certa estrada, não estou começando do zero -há isso a meu favor. Mas precisei fazer um investimento próprio, que fiz com os frutos do meu trabalho", diz.
Com tiragem inicial de 2.000 cópias, "Estopim" é o quarto disco solo da cantora desde 1988, pós-dissolução do Rumo. "O maior drama do artista independente é conseguir realizar sua produção. Tenho que lançar discos mais espaçados, é complicado fazer um atrás do outro nesse esquema."
A dificuldade de penetração no mercado ela enfrenta sem comoção: "Teria sido ótimo se eu tivesse tido respaldo do mercado, mas acho que ninguém é muito culpado de nada. Do meu ponto de vista de artista, prefiro usar minha energia produzindo, cavando a possibilidade de tornar isso viável, cuidando da produção".
Quanto a isso, ela se faz cercar em "Estopim" de um time compacto de músicos e compositores. Na banda, estão Dante Ozzetti (violão e arranjos), Kiko Moura (violão), Caíto Marcondes (percussão), Geraldinho Vieira (baixo), Fabio Tagliaferri (viola) e Marta Ozzetti (flauta). Das canções inéditas, o grupo de compositores inclui, além da própria Ná (nunca como letrista -"só faço músicas; de letra, não consigo aprovar nem o primeiro verso"), os já habituais Itamar Assumpção, José Miguel Wisnik, Luiz Tatit e o irmão Dante Ozzetti.
Sobre técnica, ela diz: "Acho que a técnica tem que ser trabalhada paralelamente à interpretação. Nunca encarei minha interpretação tecnicamente. Precisamos ser musicais". As noites de hoje e amanhã são da intérprete.