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São Paulo, quinta-feira, 25 de setembro de 2003

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Contadora popular encarna Bufão

DA REPORTAGEM LOCAL

A mossorense Tony Silva, 44, tornou-se famosa na cidade protagonizando o "Auto da Liberdade". É figura cativa desde 99. Na versão de Gabriel Villela, Silva é a contadora de histórias.
"Tô ficando caduca. O povo só me chama para contar histórias, coisa de velha", brinca a mulher que Villela descobriu saber manejar instintivamente os arquétipos medievais do Bufão e do Arlequim (commedia dell'arte). Quem a fisgou para o teatro, há 22 anos, foi o autor do "Auto da Liberdade", Joaquim Crispiniano Neto, em "Circo, Alegria do Povo".
À época, Silva trabalhava como técnica agrícola e estudava educação física. Durante dez anos, atuou no grupo Terra, que armava tenda teatral em regiões rurais. Depois, frequentou o grupo de teatro de rua Escarcel e a cia. Nocaute à Primeira Vista. Em 2000, participou do filme "Lua Cambará", de Rosemberg Cariri.
Silva tem consciência de que a liberdade tão cultivada em sua cidade não é plena, está longe do ideal humanista que ela mesma defendeu em espetáculos politizados, como em "Garrancho, uma Ópera Sertaneja", do paraibano Aécio Cândido.
Baseada no levante de trabalhadores das salineiras da região, a atriz também surgia como contadora de histórias dos "verdadeiros heróis" que se revoltaram contra as condições de trabalho.
Assessora técnica da Fundação Estadual da Criança e do Adolescente, em Mossoró, ela também canta em cena. Diz que lhe falta a técnica, mas não perde o tom. "Parei de fumar há dez anos. Minha voz é pesada", afirma a fã das cantoras Virgínia Rodrigues e Césaria Évora. "Elas vêm da raça, como eu. Sinto-me uma divina no teatro", afirma a diva negra do auto popular. (VS)


O jornalista Valmir Santos viajou a convite da Prefeitura de Mossoró


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