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TEATRO
Encenador monta "A Parca Norueguesa", com o Atelier de Pesquisa Teatral Manufactura Suspeita, em São Paulo
Inferno de Paroni de Castro ocupa Casa das Caldeiras
PEDRO IVO DUBRA
FREE-LANCE PARA A FOLHA
Nascido do desejo do diretor
Maurício Paroni de Castro, 42, de
trabalhar com atores "frescos, jovens", o Atelier de Pesquisa Teatral Manufactura Suspeita volta a
ocupar um palco não-convencional em São Paulo.
O espetáculo "A Parca Norueguesa", apresentado no parque da
Água Branca pelo núcleo criado
em 2002, é novamente encenado,
desta vez na Casa das Caldeiras.
"Esse tipo de contraste entre o
comecinho da vida profissional
deles e a minha, que tem 44 espetáculos, em vários lugares, além
das diferenças das formações, é
uma coisa interessante na constituição do grupo", afirma o encenador, que é diretor-associado da
companhia escocesa Suspect Culture, além de revezar trabalhos
entre o Brasil e a Itália desde 1985.
Valendo-se da arquitetura do
espaço -que integrava as Antigas Indústrias Reunidas Francisco Matarazzo-, a peça traz à tona a convivência de personagens
que se encontram numa espécie
de inferno, localizado numa das
chaminés da antiga fábrica.
Nele, um grupo de burocratas
jovens percebe que morreu, vitimado por uma explosão ocasionada por um vizinho, suicida. Ao
constatar a situação, os mortos
passam a fazer uma série de confissões públicas à platéia -sem
interação direta.
Anteriormente, o público era
guiado por um ator norueguês,
cuja presença inspirou o título.
Parca é a divindade que fia e corta
o fio da vida, a Morte.
Tal papel, que, segundo o encenador, "faz explicações, muito
breves, no começo e no meio da
apresentação da montagem", será
desempenhado, a partir de agora,
pelo próprio Paroni de Castro e
por Alvise Camozzi, que se alternarão na função.
Maurício Paroni de Castro assina a dramaturgia, que teve aportes do elenco e de Matheus Parizi,
naquilo que se convencionou
chamar de processo colaborativo.
Referências a nomes tais quais
Van Gogh, Nietzsche e Sade pontuam o texto.
Além de "A Parca Norueguesa",
que deve realizar temporada até
novembro, sempre com duas
apresentações mensais, o diretor
tem outros projetos, entre eles encenações na Noruega, em maio, e
na Escócia, em setembro de 2004.
A PARCA NORUEGUESA. Coordenação
de dramaturgia e direção: Maurício
Paroni de Castro. Com: Diego Ruiz,
Fernanda Moura, Júlia Abs, Paulo
Moreno, Roberta Youssef e Alvise
Camozzi (Atelier de Pesquisa Teatral
Manufactura Suspeita). Onde: Casa das
Caldeiras (av. Francisco Matarazzo,
2.000, SP, tel. 0/xx/11/3873-6696).
Quando: hoje e amanhã, às 21h; com
temporada de duas apresentações
mensais prevista para durar até
novembro. 60 min. Quanto: R$ 10.
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