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Falabella costura trama de loucuras modernas
FREE-LANCE PARA A FOLHA
Paranóia, esquizofrenia, hipocondria, anorexia, bulimia, megalomania, obsessão... Um apanhado de loucuras da urbana vida
moderna é alinhavado por Miguel
Falabella e Maria Carmem Barbosa na comédia "Síndromes - Loucos como Nós", que inicia temporada paulistana a partir de amanhã, na casa de shows Tom Brasil,
na Vila Olímpia.
Idealizado por Beta Leporage
(leia mais no texto ao lado), o espetáculo reúne no elenco os atores Zezé Polessa ("Os Monólogos
da Vagina"), Luciana Braga ("A
Mulher sem Pecado") e Miguel
Magno ("5x Comédia"). Trata-se
de mais uma parceria entre Falabella e Barbosa, que já resultou,
entre outros textos encenados,
em "Louro, Alto, Solteiro, Procura..." e "Capitanias Hereditárias".
"A idéia do espetáculo partiu de
observações sobre esses comportamentos e da constatação de que
poderiam render no teatro", afirma Leporage. Responsável pelo
argumento, ela foi assistente de
direção do ator, diretor e dramaturgo em "Monólogos...".
Na trama, desfilam personagens tais quais o delegado Lobo
Augusto, hipocondríaco, casado
com Dona Roma, que passou por
22 cirurgias, a anoréxica Eliane,
que tem o hábito de se pesar nua à
janela, à vista de todos os vizinhos, uma síndica megalomaníaca, uma moça bulímica, o obcecado por sexo Anselmo e a esquizofrênica Haydée.
"Antigamente, essas síndromes
só tinham um nome, eram todas
consideradas "loucura", o fulano
era apenas considerado maluco.
Agora surgiram tantas denominações... Acho a peça engraçada,
embora parta de algo sério, até
mesmo ligado à dor. Mania de
perseguição, por exemplo, pelo
menos para quem a tem, não tem
a menor graça", considera Beta
Leporage, que apresentou aos autores um farto catálogo de síndromes, do qual foram pinçadas dez.
Os três atores, amparados por
um cenário impreciso de Beli
Araújo, com menções a situações
e logradouros variados, e pela iluminação de Maneco Quinderé,
trocam de papéis constantemente, diferenciando os vários caracteres com base no gestual, na interpretação, nas posturas.
Polessa, por exemplo, encarna
no palco quatro personagens, incluindo uma adolescente. Adereços são dispensados, e os figurinos, de Carla Andrete, fazem referências, em pedaços, a diversos tipos de roupa.
"Não é uma série de esquetes,
mas uma trama amarrada, com
personagens que se cruzam, há
uma história comum que as une",
diz Maria Carmem Barbosa.
A desrazão, especialmente a que
se manifesta nas miudezas cotidianas, é o que mais interessa a
autora. "Não falo tanto da doença,
da loucura malévola, mas em especial daquela com que convivemos no dia-a-dia. Esta está mais
"democratizada", mais aceita", diz.
O projeto demorou cerca de um
ano e meio para ser concretizado,
em virtude de outros compromissos dos escritores e da captação de
recursos (R$ 270 mil).
"Síndromes - Loucos como
Nós" traz ainda trilha sonora
composta por Marcos Ribas de
Faria.
(PEDRO IVO DUBRA)
SÍNDROMES - LOUCOS COMO NÓS.
Idealização: Beta Leporage. Texto:
Miguel Falabella e Maria Carmem
Barbosa. Direção coletiva. Com: Zezé
Polessa, Luciana Braga e Miguel Magno.
Onde: Tom Brasil - Vila Olímpia (r.
Olimpíadas, 66, SP, tel. 0/xx/11/5644-9800). Quando: estréia amanhã, às 22h;
sex. e sáb., às 22h, e dom., às 19h. 100
min. Até 30/11. Quanto: de R$ 30 a R$ 60.
Patrocinador: Embratel.
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