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São Paulo, quinta-feira, 25 de setembro de 2003

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Falabella costura trama de loucuras modernas

FREE-LANCE PARA A FOLHA

Paranóia, esquizofrenia, hipocondria, anorexia, bulimia, megalomania, obsessão... Um apanhado de loucuras da urbana vida moderna é alinhavado por Miguel Falabella e Maria Carmem Barbosa na comédia "Síndromes - Loucos como Nós", que inicia temporada paulistana a partir de amanhã, na casa de shows Tom Brasil, na Vila Olímpia.
Idealizado por Beta Leporage (leia mais no texto ao lado), o espetáculo reúne no elenco os atores Zezé Polessa ("Os Monólogos da Vagina"), Luciana Braga ("A Mulher sem Pecado") e Miguel Magno ("5x Comédia"). Trata-se de mais uma parceria entre Falabella e Barbosa, que já resultou, entre outros textos encenados, em "Louro, Alto, Solteiro, Procura..." e "Capitanias Hereditárias".
"A idéia do espetáculo partiu de observações sobre esses comportamentos e da constatação de que poderiam render no teatro", afirma Leporage. Responsável pelo argumento, ela foi assistente de direção do ator, diretor e dramaturgo em "Monólogos...".
Na trama, desfilam personagens tais quais o delegado Lobo Augusto, hipocondríaco, casado com Dona Roma, que passou por 22 cirurgias, a anoréxica Eliane, que tem o hábito de se pesar nua à janela, à vista de todos os vizinhos, uma síndica megalomaníaca, uma moça bulímica, o obcecado por sexo Anselmo e a esquizofrênica Haydée.
"Antigamente, essas síndromes só tinham um nome, eram todas consideradas "loucura", o fulano era apenas considerado maluco. Agora surgiram tantas denominações... Acho a peça engraçada, embora parta de algo sério, até mesmo ligado à dor. Mania de perseguição, por exemplo, pelo menos para quem a tem, não tem a menor graça", considera Beta Leporage, que apresentou aos autores um farto catálogo de síndromes, do qual foram pinçadas dez.
Os três atores, amparados por um cenário impreciso de Beli Araújo, com menções a situações e logradouros variados, e pela iluminação de Maneco Quinderé, trocam de papéis constantemente, diferenciando os vários caracteres com base no gestual, na interpretação, nas posturas.
Polessa, por exemplo, encarna no palco quatro personagens, incluindo uma adolescente. Adereços são dispensados, e os figurinos, de Carla Andrete, fazem referências, em pedaços, a diversos tipos de roupa.
"Não é uma série de esquetes, mas uma trama amarrada, com personagens que se cruzam, há uma história comum que as une", diz Maria Carmem Barbosa.
A desrazão, especialmente a que se manifesta nas miudezas cotidianas, é o que mais interessa a autora. "Não falo tanto da doença, da loucura malévola, mas em especial daquela com que convivemos no dia-a-dia. Esta está mais "democratizada", mais aceita", diz. O projeto demorou cerca de um ano e meio para ser concretizado, em virtude de outros compromissos dos escritores e da captação de recursos (R$ 270 mil).
"Síndromes - Loucos como Nós" traz ainda trilha sonora composta por Marcos Ribas de Faria. (PEDRO IVO DUBRA)


SÍNDROMES - LOUCOS COMO NÓS. Idealização: Beta Leporage. Texto: Miguel Falabella e Maria Carmem Barbosa. Direção coletiva. Com: Zezé Polessa, Luciana Braga e Miguel Magno. Onde: Tom Brasil - Vila Olímpia (r. Olimpíadas, 66, SP, tel. 0/xx/11/5644-9800). Quando: estréia amanhã, às 22h; sex. e sáb., às 22h, e dom., às 19h. 100 min. Até 30/11. Quanto: de R$ 30 a R$ 60. Patrocinador: Embratel.


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