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GASTRONOMIA
Cozinhas-vitrine servem de palco para chefs e pratos
GIULIANA BASTOS
DO GUIA DA FOLHA
Está com os dias contados a plaquetinha "visite a nossa cozinha".
Logo mais, ela cairá em desuso
pois, provavelmente, grande parte dos restaurantes da cidade já terá uma cozinha-vitrine, aberta e
visível do salão.
A tendência de abrir a cozinha
vem crescendo nos últimos anos e
ganhando adeptos de peso, como
os restaurantes D.O.M., Supra e
Friccò di Frango, e acompanha a
mania de integrar os espaços que
acomete também as residências
mais moderninhas.
A arquiteta do restaurante Au
Liban (que tem uma cozinha do
gênero), Isabella Giobbi, conta
que muitos projetos de restaurante que faz já são encomendados
com cozinha aberta e que o número de pedidos aumentou consideravelmente. "As pessoas estão
com as atenções mais voltadas para a gastronomia e têm mais curiosidade de como se prepara um
ou outro prato do momento."
Mas a idéia que ganha os restaurantes não é somente a de mostrar
o funcionamento da cozinha. Algumas casas trazem projetos arrojados, em que o espaço se torna
um palco para os chefs estrelados
verem e serem vistos. Um exemplo é o D.O.M., considerado um
dos melhores restaurantes da cidade. Com decoração sóbria, ganha descontração com a movimentação dos cozinheiros, que
podem ser acompanhados por todo o salão.
Quando o premiado chef Alex
Atala vê, de lá, clientes ilustres ou
mais íntimos que chegam, sai da
cozinha e pessoalmente anota o
pedido da mesa. Para ele, é interessante principalmente porque o
cliente tem contato com a qualidade técnica da cozinha. "Ele vê
que o sal e o azeite estão sempre
no mesmo lugar, que os cozinheiros trabalham corretamente, com
cabelo cortado, uniforme impecável", explica. "E gostam, pedem
para entrar."
O restaurante Supra também
destaca a atuação de seu chef,
Mauro Maia, com uma cozinha
integrada ao salão. Das mesas, os
clientes lhe assistem comandar
sua equipe, e, da cozinha, ele vê
tudo o que acontece no salão, como as pessoas que chegam, a mesa que está atrasada etc.
Em uma reforma que fez há cerca de dois anos, o italiano Friccò
di Frango criou o Teatro de la Pasta, um simpático balcão onde prepara as massas, enquanto conversa com os clientes. A idéia, segundo o chef e proprietário, Sauro
Scarabotta, é mostrar ao cliente
não o chef, mas a "arte" da cozinha italiana. "Nossas massas são
artesanais, feitas à mão, o que requer uma certa sensibilidade e carinho", diz.
Outra forma de apresentar parte da cozinha são as chamadas
"ilhas" de massas, como acontece
em algumas unidades da rede de
restaurantes Ráscal.
A filial da alameda Santos, por
exemplo, tem uma bem no meio
do salão (com um potente sistema
de exaustão), onde os pratos são
finalizados na frente dos clientes,
e uma área de pâtisserie, em que
se acompanha o preparo de todas
as sobremesas. Nesse caso, a atração é a interatividade: o cliente
pode ver a massa sendo preparada e escolhe o molho na hora, pedindo opinião, contando suas
preferências.
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