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ENTRELINHAS
Plano B
CASSIANO ELEK MACHADO
DA REPORTAGEM LOCAL
Vai ganhando corpo no
Planalto Central uma inédita política para o universo do
livro brasileiro. O Plano Nacional do Livro e Leitura acaba de
delinear os que devem ser seus
quatro braços.
Aí vão: 1) democratização ao
acesso ao livro e leitura (o que
inclui abertura e distribuição de
bibliotecas por todo o país); 2)
investimento na formação (seja
de professores, bibliotecários ou
mediadores da leitura); 3) valorização do livro no imaginário
coletivo (com campanhas em
TV, rádio etc.); 4) apoio às cadeias produtivas e criativas do
livro (política de fomento aos
editores, linhas de créditos para
aberturas de livrarias e prêmios
para escritores).
O comandante do projeto, Galeno Amorim, diz que o plano
deve entrar em prática em dezembro, em decreto de mr. Lula.
Além dos ministérios da Cultura
e da Educação (cujos titulares
devem dividir ineditamente o timão), estão envolvidos no projeto mais dez ministérios, além
de estatais e outras Funartes. Para centralizar as contas dessa Babel, está sendo desenvolvido um
Fundo Nacional do Desenvolvimento do Livro e Leitura.
Essas e outras milongas devem ser debatidas hoje, em Belém, na Feira Pan-Amazônica
do Livro. O encontro é mais um
aquecimento para Fórum Nacional de Leitura (dezembro).
Resta esperar para ver se tantos fóruns, fundos e planos saem
do (ou entram no) papel.
CHUCRUTE
Anda bom o tráfego literário
na ponte Brasil-Alemanha. A
prestigiada editora Suhrkamp
acaba de lançar "Das Brot des
Patriarchen", o "Lavoura
Arcaica", de Raduan Nassar,
tradução de mestre Berthold
Zilly. O jornal "Die Zeit"
cravou: "O livro de Raduan
Nassar é uma obra-prima". Os
brasileiros também dão as
caras em eventos importantes
na terra da Volkswagen. Hoje
Alberto Mussa (resenha ao
lado) fala no Festival
Internacional de Berlim. No
próximo dia 5, a Feira de
Frankfurt começa com a
presença de Milton Hatoun.
CHEIO DE DEDOS
O dedão demorou, mas deu o
ar da graça. Um ano depois de
seu último lançamento, a
coleção Cinco Dedos de Prosa,
da Objetiva, está prestes a
ganhar mais um buraco da
luva. Luis Fernando Verissimo
acaba de entregar para a
editora seu romance, inspirado
no polegar. Agora só falta o
anular (Moacyr Scliar vai pôr o
dedo na ferida).
CASA CAIU
Raridade. Gilberto Freyre
ficou de fora da lista de mais de
2.000 títulos escolhidos para o
programa governamental
Fome de Livro, que vai montar
mil bibliotecas pelo país afora.
JOGO DA AMARELINHA
Julio Cortázar acaba de
ganhar sua página "oficial" na
internet: www.juliocortazar.com. A coluna
"Entrelinhas" recomenda.
DOUTOR ESQUINDÔ
Um dos principais escritores
infantis do país, Ricardo
Azevedo defende na terça-feira
uma tese de doutorado na USP
sobre o samba: "Abençoado e
Danado do Samba".
GAUDÍ
Lya Luft já tinha sido exportada
há pouco para a Coréia.
Anteontem, a agência literária
BMSR vendeu seu "Perdas e
Ganhos" para a língua catalã.
@ - elek@folhasp.com.br
FORA DA ESTANTE
Se você acompanha com
algum ardor o esporte da literatura, já deve ter lido, ou
ao menos ouvido falar, de
"Confissões de um Comedor de Ópio Inglês". Com alguma sorte, é possível encontrar a única versão disponível no país desse clássico, em edição de bolso da
L&PM. Mas pára por aí a
presença de seu autor, Thomas de Quincey (1785-1859),
nas estantes nacionais. Enquanto na terra de Borges
-admirador do homem-
recém publicou-se caprichada nova edição do suculento
"Do Assassinato Como uma
das Belas Artes" (com muita
sorte encontrável aqui em
edição portuguesa de 1971),
com prefácio de André Breton, enquanto na Inglaterra
natal de De Quincey terminaram de lançar os 21 volumes de suas obras completas, por aqui o escritor continua só comendo ópio (e
"malemal" -já o título ganharia se virasse um inglês
comedor de ópio, e não um
comedor de ópio inglês).
Autor queridinho de Poe e
Baudelaire, entre outros, De
Quincey merecia banquete
mais variado.
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