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TELEVISÃO
Madonna expulsa a Mulher Traço da cama
TELMO MARTINO
Colunista da Folha
Na sempre terrível madrugada
dos domingos, Marília Gabriela
vestiu seu muito particular uniforme de Mulher Traço e, confundindo uma gentileza da Warner
Records, se meteu na cama com
Madonna. Espantada com o
atrevimento brasileiro, Madonna
foi radical. Aos chutes de
"what?", "what?" e "what?", a superstar expulsou a petulante
Lady Dash de seus lençóis.
Em seu provincianismo, a Mulher Traço pensou que estrela da
Warner está no mesmo nível de
brasileiro que virou presidente
da República. Gente que pode
ouvir suas perguntas capciosas e
dar respostas de muito charme
evasivo.
Madonna, todos deduziram, estava ali para vender um disco
chamado "Ray of Light" ou coisa
parecida. Nunca para desvendar
segredos amorosos ou apenas vaginais.
A Mulher Traço em seu fluente
inglês latino-saxônico elaborava
perguntas no mais íntimo tom de
uma confidência feminina. Madonna ouvia atônita e/ou impassível o dialeto verborrágico.
Quando sentia que uma interrogação estava no ar, perguntava
"qual a pergunta?".
A Mulher Traço, totalmente demolida, tentava o que sempre lhe
foi tão difícil, isto é, ser concisa.
Com um máximo de cinco palavras eliminadas, voltava a pergunta. Madonna reassumia o
tom de quem percebe mais um
borzeguim em seu leito e expulsava a curiosa. "Não falo desses assuntos."
Marília Gabriela não queria se
desfigurar diante dos carinhosos
que ainda preferem chamá-la de
Gabi e escondeu a Mulher Traço
na exibição de um clipe.
Foi um clipe cá, um clipe lá, e o
telespectador, já logrado, se sentia como aquele passarinho no
fubá.
Mesmo assim, a Mulher Traço
não mudava o tom de suas perguntas. Coitadinha, ela não tem
outro. Estava certa de que iria
direto ao coração da Madonna e
que as duas ainda iriam acabar
muito amigas.
Mas Madonna não tem coração. Tem conta no banco. Quem
tem coração é a carcamana de
nome esquecido ou desconhecido
pelos fãs.
Madonna, a entrevistada, é
mulher de "yes" ou "no". Deve ter
feito o maior esforço, durante a
entrevista, para não ser também
mulher de "shit, fuck this Lady
Dash". Espera-se que a Mulher
Traço tenha aprendido que informalidade é um fenômeno apenas tropical.
Portanto, quando for reclamar
do André, lembre-se de que agora
ele é Mr. Midani. E a culpa não
foi dele. Só dela. "Like a prayer".
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