São Paulo, Quinta-feira, 25 de Novembro de 1999


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"The Insider" e a verdade por trás da fumaça dos cigarros

Reprodução
O ator norte-americano Al Pacino, que interpreta o jornalista Lowel Bergman no filme "The Insider", do diretor Michael Mann



Novo filme de Al Pacino, em cartaz nos EUA, mostra história real de censura ao prestigiado programa jornalístico "60 Minutes" , da CBS; caso revela bastidores da TV e segredos da indústria do tabaco


MALU GASPAR
de Nova York


O que acontece quando o programa de TV mais prestigiado de um país tem uma reportagem de claro interesse público censurado em nome dos interesses de uma grande corporação? E se esse programa for o "60 Minutes" e a atingida for a poderosa indústria do tabaco dos Estados Unidos?
Além de ter alimentado um debate em toda a imprensa nacional e de ter sido o estopim para um acordo inédito entre a indústria do tabaco e o governo norte-americano, o episódio também acabou rendendo um dos melhores filmes da temporada de cinema deste ano nos EUA.
Mas o episódio da censura ao "60 Minutes", revelador por mostrar como funcionam os bastidores da TV norte-americana, é apenas um dos aspectos de "The Insider", filme baseado numa história real lançado há duas semanas nos EUA. Em português, o filme deve ganhar o nome de "O Informante", mas ainda não tem data prevista para o lançamento no Brasil.
"The Insider", que traz Al Pacino e Russell Crowe (conhecido no Brasil pela sua atuação como Bud White em "Los Angeles, Cidade Proibida") em elogiadas atuações, é também a história do homem que decide abrir o mais bem guardado segredo da indústria do tabaco nos EUA, e de suas relações com o jornalista que o convence a fazê-lo.
Jeffrey Wigand, interpretado por Crowe, é vice-presidente de pesquisa da maior fabricante de cigarros dos EUA, até ser demitido, em 93, perdendo um salário de US$ 300 mil por ano. Na época, ele assina um contrato se comprometendo a manter em segredo os resultados das pesquisas que comandou.
O que ele sabe, e que nenhuma indústria havia admitido até então publicamente, é que os fabricantes não só conheciam as propriedades viciantes da nicotina como também adicionavam componentes químicos cancerígenos para acentuar o vício.
A revelação é explosiva e pode mudar todo o rumo das negociações entre as empresas de tabaco e os promotores de quase todos os Estados norte-americanos, que moviam ações milionárias contra elas no país.
Justamente por isso, sua relação com o jornalista Lowel Bergman (personagem de Al Pacino), produtor do "60 Minutes", é tensa. Sob esse aspecto, "The Insider" é também a história "de gente comum sob extraordinária tensão", como diz o personagem de Al Pacino a certa altura do filme.
Depois de um ano e meio de engenhosas negociações, Wigand decide dar uma entrevista exclusiva ao "60 Minutes" contando tudo o que sabe. A entrevista acaba sendo censurada sob a alegação de que a CBS poderia ser processada pela fabricante de cigarros, o que detona uma guerra entre o produtor do programa e a rede de TV pela sua exibição.
Apesar da longa duração -são pouco mais de 2 horas e 30 minutos de projeção- e de uma trama intrincada, o diretor Michael Mann (que dirigiu o filme "Fogo contra Fogo" e a série "Miami Vice") conseguiu dar ao filme o ritmo de um "thriller" e um tratamento fotográfico atraente, que prende a atenção do público.


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