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"The Insider" e a verdade por trás da fumaça dos cigarros
Reprodução
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O ator norte-americano Al Pacino, que interpreta o jornalista Lowel Bergman no filme "The Insider", do diretor Michael Mann |
Novo filme de Al Pacino, em cartaz nos EUA, mostra história real de censura ao prestigiado programa jornalístico "60 Minutes" , da CBS; caso revela bastidores da TV e segredos da indústria do tabaco
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MALU GASPAR
de Nova York
O que acontece quando o programa de TV mais prestigiado de
um país tem uma reportagem de
claro interesse público censurado
em nome dos interesses de uma
grande corporação? E se esse programa for o "60 Minutes" e a atingida for a poderosa indústria do
tabaco dos Estados Unidos?
Além de ter alimentado um debate em toda a imprensa nacional
e de ter sido o estopim para um
acordo inédito entre a indústria
do tabaco e o governo norte-americano, o episódio também acabou rendendo um dos melhores
filmes da temporada de cinema
deste ano nos EUA.
Mas o episódio da censura ao
"60 Minutes", revelador por mostrar como funcionam os bastidores da TV norte-americana, é apenas um dos aspectos de "The Insider", filme baseado numa história
real lançado há duas semanas nos
EUA. Em português, o filme deve
ganhar o nome de "O Informante", mas ainda não tem data prevista para o lançamento no Brasil.
"The Insider", que traz Al Pacino e Russell Crowe (conhecido no
Brasil pela sua atuação como Bud
White em "Los Angeles, Cidade
Proibida") em elogiadas atuações,
é também a história do homem
que decide abrir o mais bem guardado segredo da indústria do tabaco nos EUA, e de suas relações
com o jornalista que o convence a
fazê-lo.
Jeffrey Wigand, interpretado
por Crowe, é vice-presidente de
pesquisa da maior fabricante de
cigarros dos EUA, até ser demitido, em 93, perdendo um salário
de US$ 300 mil por ano. Na época,
ele assina um contrato se comprometendo a manter em segredo
os resultados das pesquisas que
comandou.
O que ele sabe, e que nenhuma
indústria havia admitido até então publicamente, é que os fabricantes não só conheciam as propriedades viciantes da nicotina
como também adicionavam
componentes químicos cancerígenos para acentuar o vício.
A revelação é explosiva e pode
mudar todo o rumo das negociações entre as empresas de tabaco e
os promotores de quase todos os
Estados norte-americanos, que
moviam ações milionárias contra
elas no país.
Justamente por isso, sua relação
com o jornalista Lowel Bergman
(personagem de Al Pacino), produtor do "60 Minutes", é tensa.
Sob esse aspecto, "The Insider" é
também a história "de gente comum sob extraordinária tensão",
como diz o personagem de Al Pacino a certa altura do filme.
Depois de um ano e meio de engenhosas negociações, Wigand
decide dar uma entrevista exclusiva ao "60 Minutes" contando tudo o que sabe. A entrevista acaba
sendo censurada sob a alegação
de que a CBS poderia ser processada pela fabricante de cigarros, o
que detona uma guerra entre o
produtor do programa e a rede de
TV pela sua exibição.
Apesar da longa duração -são
pouco mais de 2 horas e 30 minutos de projeção- e de uma trama
intrincada, o diretor Michael
Mann (que dirigiu o filme "Fogo
contra Fogo" e a série "Miami Vice") conseguiu dar ao filme o ritmo de um "thriller" e um tratamento fotográfico atraente, que
prende a atenção do público.
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