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No alto poder, todos conhecem todos em NY
especial para a Folha, em San Francisco
O maior obstáculo para fazer
uma reportagem investigativa em
Nova York é que, no alto poder,
todo mundo conhece todo mundo. A declaração, em tom de desabafo, foi feita pela repórter Marie Brenner, da revista "Vanity
Fair", num debate na Universidade da Califórnia, em Berkeley, sobre o filme "The Insider".
Um artigo de Brenner na "Vanity Fair" inspirou o roteiro do
filme. Ela contou que recebeu o
telefonema de um editor da revista pedindo que descobrisse o que
havia por trás da negativa do "60
Minutes" de veicular a reportagem.
Brenner contou que logo percebeu que a grande história não estava nos bastidores do "60 Minutes", mas na vida de Jeffrey Wigand, o executivo que se voltou
contra a empresa de cigarros onde trabalhava.
Achou Wigand na lista telefônica e teve a sorte de chegar a Louisville, onde ele morava, no dia em
que foi posto para fora de casa pela mulher. Brenner pagou um
quarto de hotel para ele e conseguiu a reportagem.
Só havia um problema: o homem que chefiava uma violenta
campanha de difamação contra
Wigand era o poderoso executivo
relações-públicas John Scanlon,
amigos dos chefes de Brenner na
"Vanity Fair" e de todo mundo
que conta em Nova York.
Segundo a repórter, o texto só
foi publicado graças ao esforço
pessoal de um editor, que se disse
cansado de submeter-se a pressões de anunciantes.
Participaram também do debate o investigador particular Jack
Palladino e o advogado e professor de direito Ephriaim Margolin.
Ambos trabalharam de graça para defender Jeffrey Wigand, segundo disseram, por amizade ao
produtor de TV Lowell Bergman
(leia entrevista à pág. 4-8), interpretado no filme por Al Pacino.
Palladino foi encarregado de fazer um contra-relatório ao dossiê
de denúncias contra Jeffrey Wigand que estava sendo distribuído a alguns jornais americanos. O
trabalho deu resultado e o "The
Wall Street Journal" denunciou,
com destaque, as difamações de
que Wigand estava sendo vítima.
(ÁLVARO PEREIRA JÚNIOR)
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