São Paulo, Quinta-feira, 25 de Novembro de 1999


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No alto poder, todos conhecem todos em NY

especial para a Folha, em San Francisco


O maior obstáculo para fazer uma reportagem investigativa em Nova York é que, no alto poder, todo mundo conhece todo mundo. A declaração, em tom de desabafo, foi feita pela repórter Marie Brenner, da revista "Vanity Fair", num debate na Universidade da Califórnia, em Berkeley, sobre o filme "The Insider".
Um artigo de Brenner na "Vanity Fair" inspirou o roteiro do filme. Ela contou que recebeu o telefonema de um editor da revista pedindo que descobrisse o que havia por trás da negativa do "60 Minutes" de veicular a reportagem.
Brenner contou que logo percebeu que a grande história não estava nos bastidores do "60 Minutes", mas na vida de Jeffrey Wigand, o executivo que se voltou contra a empresa de cigarros onde trabalhava.
Achou Wigand na lista telefônica e teve a sorte de chegar a Louisville, onde ele morava, no dia em que foi posto para fora de casa pela mulher. Brenner pagou um quarto de hotel para ele e conseguiu a reportagem.
Só havia um problema: o homem que chefiava uma violenta campanha de difamação contra Wigand era o poderoso executivo relações-públicas John Scanlon, amigos dos chefes de Brenner na "Vanity Fair" e de todo mundo que conta em Nova York.
Segundo a repórter, o texto só foi publicado graças ao esforço pessoal de um editor, que se disse cansado de submeter-se a pressões de anunciantes.
Participaram também do debate o investigador particular Jack Palladino e o advogado e professor de direito Ephriaim Margolin. Ambos trabalharam de graça para defender Jeffrey Wigand, segundo disseram, por amizade ao produtor de TV Lowell Bergman (leia entrevista à pág. 4-8), interpretado no filme por Al Pacino.
Palladino foi encarregado de fazer um contra-relatório ao dossiê de denúncias contra Jeffrey Wigand que estava sendo distribuído a alguns jornais americanos. O trabalho deu resultado e o "The Wall Street Journal" denunciou, com destaque, as difamações de que Wigand estava sendo vítima. (ÁLVARO PEREIRA JÚNIOR)


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