São Paulo, Quinta-feira, 25 de Novembro de 1999


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MÚSICA
O homem-banda Jacques Lu Cont toca como DJ hoje em São Paulo e lança "Darkdancer" no país
Les Rythmes Digitales revira os anos 80

MARCELO NEGROMONTE
da Redação


Hoje toca na U-Turn Les Rythmes Digitales, ou melhor Jacques Lu Cont, nascido Stuart Price, por acaso e prematuramente em Paris. Daí associá-lo à cena eletrônica gaulesa (Daft Punk, Cassius, Air) é tão distante quanto a França da Inglaterra, país de seus pais e onde sempre morou desde os 6 meses de idade.
"Não tenho nada a ver com a música eletrônica francesa, apesar de ser amigo, por exemplo, da dupla Cassius, de quem já remixei algumas músicas. Criei o nome em francês para ter uma história por trás da música, porque geralmente as bandas francesas adotam nomes em inglês. Fiz o oposto", disse o homem-banda, que hoje mora em Londres.
Jacques Lu Cont (melhor chamá-lo assim) é da gravadora britânica Wall of Sound, conhecida pelos nomes de big beat como Propellerheads, The Wiseguys, The Strike Boys, mas seu som revira os anos 80, synth-pop, disco, Erasure, Depeche Mode, New Order, Human League, Phil Collins, house, Miami Bass. "Por isso mesmo estou lá, a gravadora não é só de big beat."
"Dance music é muito chato, com exceção de Leftfield e Underworld, que possuem alguma história. E eu adoro pop music, então quis fazer um disco em 1999 com cara dos anos 80, uma época muito bonita, muito cool, com pessoas se vestindo de modo tão horroroso que todos queriam esquecer essa época", disse Lu Cont.
"Hoje os anos 80 estão sendo aceitos como sendo um período bacana, não só musicalmente como no modo de se vestir também. E é engraçado isso, porque não me importo muito em ser cool. A música é mais importante."
O curioso é que até os 14 anos, o escarlate Lu Cont era proibido por seus pais -pianistas clássicos- de ouvir música pop. "Os meus pais acham até hoje que o pop é música do diabo, têm uma idéia muito limitada de música. Eles desligavam a TV e o rádio em casa para eu não ouvir."
"Eu respeito a opinião dos meus pais -música clássica é a melhor maneira de ser educado musicalmente, mas não lida com imagens, só trata de gente morta-, mas eles continuam odiando o que faço", disse o DJ.
Então Lu Cont ia à biblioteca da escola onde estudava em Reading para ouvir o que queria. "A primeira coisa que ouvi foi "West End Girls", do Pet Shop Boys. Uau." Com 22 anos, Lu Cont tem seu segundo CD, "Darkdancer" lançado no Brasil (leia texto ao lado), sucedendo a "Liberation" (96), pela Virgin.
"Darkdancer" pode ser encarado como uma brincadeira, um começo para fãs do pop serem introduzidos à música eletrônica e fãs desta voltarem às raízes pop pelas mãos de Les Rythmes Digitales. "É divertido, mas também sério", ironizou Lu Cont.
"O próximo álbum, que não deve sair antes de 2001, não será como "Darkdancer". Não me interessa também soar parecido com Daft Punk , Fatboy Slim ou continuar nos anos 80. Quero ser lembrado daqui a dez anos."
A apresentação de hoje em São Paulo (ontem ele tocou no Rio) será como DJ ("infelizmente não vou me apresentar com minha banda ao vivo, o que prefiro, porque parece um show pop").
"Tocar como DJ é interessante também porque se pode perceber a personalidade de quem está tocando. É educação musical e festa ao mesmo tempo", afirmou Lu Cont, que deve mixar seus discos, house (francesa e inglesa, "não-comercial"), electro e "álbuns legais" dos anos 80, como New Order, Human League e Madonna.
E a U-Turn se transforma no trem Eurostar por uma noite, unindo o som inglês à la francês Motorbass de um DJ nascido por acidente em Paris.


O quê: apresentação de Les Rythmes Digitales
Onde: U-Turn (rua Tabapuã, 1.463, Itaim, zona sudoeste, tel. 0/xx/11/820-0311)
Quando: hoje, a partir das 23h
Quanto: R$ 20 e R$ 25 (sem convite) e R$ 30 e R$ 35 (sem convite)


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