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MÚSICA
O homem-banda Jacques Lu Cont toca como DJ hoje em São Paulo e lança "Darkdancer" no país
Les Rythmes Digitales revira os anos 80
MARCELO NEGROMONTE
da Redação
Hoje toca na U-Turn Les
Rythmes Digitales, ou melhor
Jacques Lu Cont, nascido Stuart
Price, por acaso e prematuramente em Paris. Daí associá-lo à cena
eletrônica gaulesa (Daft Punk,
Cassius, Air) é tão distante quanto
a França da Inglaterra, país de
seus pais e onde sempre morou
desde os 6 meses de idade.
"Não tenho nada a ver com a
música eletrônica francesa, apesar de ser amigo, por exemplo, da
dupla Cassius, de quem já remixei
algumas músicas. Criei o nome
em francês para ter uma história
por trás da música, porque geralmente as bandas francesas adotam nomes em inglês. Fiz o oposto", disse o homem-banda, que
hoje mora em Londres.
Jacques Lu Cont (melhor chamá-lo assim) é da gravadora britânica Wall of Sound, conhecida
pelos nomes de big beat como
Propellerheads, The Wiseguys,
The Strike Boys, mas seu som revira os anos 80, synth-pop, disco,
Erasure, Depeche Mode, New Order, Human League, Phil Collins,
house, Miami Bass. "Por isso
mesmo estou lá, a gravadora não
é só de big beat."
"Dance music é muito chato,
com exceção de Leftfield e Underworld, que possuem alguma história. E eu adoro pop music, então quis fazer um disco em 1999
com cara dos anos 80, uma época
muito bonita, muito cool, com
pessoas se vestindo de modo tão
horroroso que todos queriam esquecer essa época", disse Lu Cont.
"Hoje os anos 80 estão sendo
aceitos como sendo um período
bacana, não só musicalmente como no modo de se vestir também.
E é engraçado isso, porque não
me importo muito em ser cool. A
música é mais importante."
O curioso é que até os 14 anos, o
escarlate Lu Cont era proibido
por seus pais -pianistas clássicos- de ouvir música pop. "Os
meus pais acham até hoje que o
pop é música do diabo, têm uma
idéia muito limitada de música.
Eles desligavam a TV e o rádio em
casa para eu não ouvir."
"Eu respeito a opinião dos meus
pais -música clássica é a melhor
maneira de ser educado musicalmente, mas não lida com imagens, só trata de gente morta-,
mas eles continuam odiando o
que faço", disse o DJ.
Então Lu Cont ia à biblioteca da
escola onde estudava em Reading
para ouvir o que queria. "A primeira coisa que ouvi foi "West
End Girls", do Pet Shop Boys.
Uau." Com 22 anos, Lu Cont tem
seu segundo CD, "Darkdancer"
lançado no Brasil (leia texto ao lado), sucedendo a "Liberation"
(96), pela Virgin.
"Darkdancer" pode ser encarado como uma brincadeira, um
começo para fãs do pop serem introduzidos à música eletrônica e
fãs desta voltarem às raízes pop
pelas mãos de Les Rythmes Digitales. "É divertido, mas também
sério", ironizou Lu Cont.
"O próximo álbum, que não deve sair antes de 2001, não será como "Darkdancer". Não me interessa também soar parecido com
Daft Punk , Fatboy Slim ou continuar nos anos 80. Quero ser lembrado daqui a dez anos."
A apresentação de hoje em São
Paulo (ontem ele tocou no Rio)
será como DJ ("infelizmente não
vou me apresentar com minha
banda ao vivo, o que prefiro, porque parece um show pop").
"Tocar como DJ é interessante
também porque se pode perceber
a personalidade de quem está tocando. É educação musical e festa
ao mesmo tempo", afirmou Lu
Cont, que deve mixar seus discos,
house (francesa e inglesa, "não-comercial"), electro e "álbuns legais" dos anos 80, como New Order, Human League e Madonna.
E a U-Turn se transforma no
trem Eurostar por uma noite,
unindo o som inglês à la francês
Motorbass de um DJ nascido por
acidente em Paris.
O quê: apresentação de Les Rythmes
Digitales
Onde: U-Turn (rua Tabapuã, 1.463,
Itaim, zona sudoeste, tel. 0/xx/11/820-0311)
Quando: hoje, a partir das 23h
Quanto: R$ 20 e R$ 25 (sem convite) e R$
30 e R$ 35 (sem convite)
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