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ANÁLISE
Canal Universitário contribui pouco
ESTHER HAMBURGER
CRÍTICA DA FOLHA
TVs universitárias deveriam ser tudo, menos chatas.
Sem compromisso com índices
de audiência, elas podem estimular o que de mais provocativo e
inovador se faz em todos os campos do conhecimento, a começar
pelo próprio audiovisual. Infelizmente não é o que ocorre.
A lei que regulamenta a TV a cabo recomenda que as distribuidoras, em cada município, concedam gratuitamente um canal para
as universidades. O Canal Universitário de São Paulo surgiu em
1997, para ocupar esse espaço.
A idéia é boa. No contexto de
concentração da produção, uniformidade e baixo nível de programação que impera na TV, um
espaço experimental poderia produzir desafios interessantes.
Mas, cinco anos depois, o canal,
que reúne USP, PUC, Mackenzie,
São Judas, Uniban, Unicsul, Escola Paulista de Medicina, Unip e
Unisa, deixa muito a desejar.
O CNU se define como alternativo à grande mídia, democrático,
dedicado à divulgação do conhecimento e à difusão de informações. A programação realmente
se diferencia pela denúncia da desigualdade e da discriminação
-conteúdos de resto, cada vez
mais aceitos pela grande mídia.
A forma convencional trai a superficialidade do discurso. Quase
não há espaço para produção independente. O excesso de falatório contrasta com a ausência de
transmissões "ao vivo", ficção,
animação e tantas outras coisas.
Desvinculadas dos cursos, as
TVs universitárias têm contribuído pouco para a formação de alunos e professores. Comerciais, como o do colégio Cruzeiro do Sul,
no CNU, são questionáveis.
Talvez a TV PUC seja a melhor,
não por acaso dirigida por um
profissional, Gabriel Priolli, que,
além de dar aulas, tem anos de experiência profissional.
A TV PUC fez, por exemplo, um
programa sobre tortura, que alia
alguma inovação formal à definição temática. Veiculou também
produções de fora, como vídeos
das oficinas Kinoforum.
Mas há muito o que fazer para
que, em vez de reproduzir padrões vigentes no mercado, o
CNU intervenha com questionamentos criativos.
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