São Paulo, segunda-feira, 25 de novembro de 2002

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ANÁLISE

Canal Universitário contribui pouco

ESTHER HAMBURGER
CRÍTICA DA FOLHA

TVs universitárias deveriam ser tudo, menos chatas. Sem compromisso com índices de audiência, elas podem estimular o que de mais provocativo e inovador se faz em todos os campos do conhecimento, a começar pelo próprio audiovisual. Infelizmente não é o que ocorre.
A lei que regulamenta a TV a cabo recomenda que as distribuidoras, em cada município, concedam gratuitamente um canal para as universidades. O Canal Universitário de São Paulo surgiu em 1997, para ocupar esse espaço.
A idéia é boa. No contexto de concentração da produção, uniformidade e baixo nível de programação que impera na TV, um espaço experimental poderia produzir desafios interessantes.
Mas, cinco anos depois, o canal, que reúne USP, PUC, Mackenzie, São Judas, Uniban, Unicsul, Escola Paulista de Medicina, Unip e Unisa, deixa muito a desejar.
O CNU se define como alternativo à grande mídia, democrático, dedicado à divulgação do conhecimento e à difusão de informações. A programação realmente se diferencia pela denúncia da desigualdade e da discriminação -conteúdos de resto, cada vez mais aceitos pela grande mídia.
A forma convencional trai a superficialidade do discurso. Quase não há espaço para produção independente. O excesso de falatório contrasta com a ausência de transmissões "ao vivo", ficção, animação e tantas outras coisas.
Desvinculadas dos cursos, as TVs universitárias têm contribuído pouco para a formação de alunos e professores. Comerciais, como o do colégio Cruzeiro do Sul, no CNU, são questionáveis.
Talvez a TV PUC seja a melhor, não por acaso dirigida por um profissional, Gabriel Priolli, que, além de dar aulas, tem anos de experiência profissional.
A TV PUC fez, por exemplo, um programa sobre tortura, que alia alguma inovação formal à definição temática. Veiculou também produções de fora, como vídeos das oficinas Kinoforum.
Mas há muito o que fazer para que, em vez de reproduzir padrões vigentes no mercado, o CNU intervenha com questionamentos criativos.


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