São Paulo, sexta-feira, 25 de novembro de 2005

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Flaming Lips promove festa "pré-fim do mundo"

COLUNISTA DA FOLHA

Se a banda americana Flaming Lips é pouco familiar a você, dá para começar a apresentação assim: o Coldplay é o grupo "sensível", o Weezer é o "nerd" e os Lips, os "esquisitos" do rock.
Uma das grandes atrações do Claro, o Lábios Flamejantes de Oklahoma construiu uma cultuada trajetória no underground à custa de uma música em que a menina usa vaselina no pão em vez de manteiga, de um álbum quádruplo em que o bom era ouvi-lo em quatro aparelhos ao mesmo tempo, de shows com ursinhos, telão interativo e gongo e de um bizarro Grammy em 2003 pela "melhor performance instrumental do rock". E tem a bolha de plástico gigante, em que o vocalista Wayne Coyne entra e caminha sobre a platéia. Cantando.
"Não somos uma banda que você possa chamar de convencional", diz Coyne à Folha, de Nova York, onde o grupo, de 22 anos, prepara seu 12º álbum. "Tem lá a guitarra, o baixista, o tecladista, mas tudo está dentro de um conceito artístico e filosófico que até eu me pergunto "o que diabos estamos fazendo, para quem estamos tocando?". Quando vemos que lotamos shows em festivais, ganhamos prêmios e somos convidados para tocar em lugares como o Brasil, penso que devemos fazer sentido para alguém."
A música do FL, que tem fãs como David Bowie e Bono, funciona porque combina elementos de saga fantástica com o mais grudento pop, realizado por uma banda de malucos que cria punk psicodélico em um dos Estados mais conservadores dos EUA.
"Foi o nosso meio que nos fez assim, foi preciso criarmos o nosso mundo dentro de Oklahoma para podermos sobreviver àquelas pessoas do tipo que acham George W. Bush um deus", afirma Coyne, que muitas vezes faz discursos, em shows, contra a "estúpida" administração do presidente. "Tocamos "War Pigs" [Black Sabbath] em homenagem a ele. Talvez a toquemos aí."
Os shows, promete Coyne, serão a famosa "Flaming Lips live experience" e contará com covers (talvez "Bohemian Rapsody" [Queen], talvez "Seven Nation Army" [White Stripes]), psicodelia, sangue falso, platéia convidada a se vestir de urso de pelúcia e a bolha gigante, usada pela primeira vez no festival de Coachella (Califórnia) neste ano. A foto acima traduz mais que palavras.
"A bolha é meu modo mais simples de me aproximar de uma experiência interplanetária, tema que é recorrente nas minhas letras. É como se eu andasse na Lua, mas também é um modo de estar mais próximo da maior parte do público possível. Mais próximo que isso ninguém chegou", diz.
"Pode ser esquisito, mas esta é a nossa mais sincera maneira de dar uma grande festa "pré-fim do mundo". Nos EUA tememos que o mundo acabe no dia seguinte. Quem viveu o 11 de Setembro e os furacões entende isso."
Aproveitando o show, a Warner lança no Brasil o disco mais recente do grupo, "Yoshimi Battles the Pink Robots" (2002). Ainda este mês está prometido o DVD "Flaming Lips -1992-2005".
(LÚCIO RIBEIRO)


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