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Flaming Lips promove festa "pré-fim do mundo"
COLUNISTA DA FOLHA
Se a banda americana Flaming
Lips é pouco familiar a você, dá
para começar a apresentação assim: o Coldplay é o grupo "sensível", o Weezer é o "nerd" e os
Lips, os "esquisitos" do rock.
Uma das grandes atrações do
Claro, o Lábios Flamejantes de
Oklahoma construiu uma cultuada trajetória no underground à
custa de uma música em que a
menina usa vaselina no pão em
vez de manteiga, de um álbum
quádruplo em que o bom era ouvi-lo em quatro aparelhos ao mesmo tempo, de shows com ursinhos, telão interativo e gongo e de
um bizarro Grammy em 2003 pela "melhor performance instrumental do rock". E tem a bolha de
plástico gigante, em que o vocalista Wayne Coyne entra e caminha
sobre a platéia. Cantando.
"Não somos uma banda que você possa chamar de convencional", diz Coyne à Folha, de Nova
York, onde o grupo, de 22 anos,
prepara seu 12º álbum. "Tem lá a
guitarra, o baixista, o tecladista,
mas tudo está dentro de um conceito artístico e filosófico que até
eu me pergunto "o que diabos estamos fazendo, para quem estamos tocando?". Quando vemos
que lotamos shows em festivais,
ganhamos prêmios e somos convidados para tocar em lugares como o Brasil, penso que devemos
fazer sentido para alguém."
A música do FL, que tem fãs como David Bowie e Bono, funciona
porque combina elementos de saga fantástica com o mais grudento pop, realizado por uma banda
de malucos que cria punk psicodélico em um dos Estados mais
conservadores dos EUA.
"Foi o nosso meio que nos fez
assim, foi preciso criarmos o nosso mundo dentro de Oklahoma
para podermos sobreviver àquelas pessoas do tipo que acham
George W. Bush um deus", afirma Coyne, que muitas vezes faz
discursos, em shows, contra a "estúpida" administração do presidente. "Tocamos "War Pigs"
[Black Sabbath] em homenagem
a ele. Talvez a toquemos aí."
Os shows, promete Coyne, serão a famosa "Flaming Lips live
experience" e contará com covers
(talvez "Bohemian Rapsody"
[Queen], talvez "Seven Nation
Army" [White Stripes]), psicodelia, sangue falso, platéia convidada a se vestir de urso de pelúcia e a
bolha gigante, usada pela primeira vez no festival de Coachella
(Califórnia) neste ano. A foto acima traduz mais que palavras.
"A bolha é meu modo mais simples de me aproximar de uma experiência interplanetária, tema
que é recorrente nas minhas letras. É como se eu andasse na Lua,
mas também é um modo de estar
mais próximo da maior parte do
público possível. Mais próximo
que isso ninguém chegou", diz.
"Pode ser esquisito, mas esta é a
nossa mais sincera maneira de
dar uma grande festa "pré-fim do
mundo". Nos EUA tememos que
o mundo acabe no dia seguinte.
Quem viveu o 11 de Setembro e os
furacões entende isso."
Aproveitando o show, a Warner
lança no Brasil o disco mais recente do grupo, "Yoshimi Battles
the Pink Robots" (2002). Ainda
este mês está prometido o DVD
"Flaming Lips -1992-2005".
(LÚCIO RIBEIRO)
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