São Paulo, quarta-feira, 25 de novembro de 2009

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CONEXÃO POP

O retorno de James Murphy


Líder do LCD Soundsystem, o americano se apresenta em São Paulo e fala sobre originalidade no pop


THIAGO NEY
DA REPORTAGEM LOCAL

É POSSÍVEL construir algo completamente original na música pop? Não.
A opinião é o norte-americano James Murphy, produtor de gente como Rapture, um dos artífices do disco-punk e cérebro do LCD Soundsystem, banda que fez, acredite, um dos principais discos da década -"Sound of Silver", de 2007.
Murphy falou a esta coluna no início da tarde de ontem. Ao lado do parceiro Pat Mahoney, ele fará um DJ set como uma das atrações do Smirnoff Experience, festival de dance music que será montado neste sábado em um grande espaço na Vila Leopoldina, em São Paulo.
Não é a primeira vez que Murphy se apresenta no Brasil. Ele já esteve por duas vezes com o LCD Soundsystem (a mais recente, em um histórico -e, infelizmente, para poucos- show no Via Funchal e uma vez para um DJ set).
Murphy é uma autoridade em música. Conhece tudo. O que ele tocará neste final de semana em SP?
"Ainda não decidi. Mas já tenho alguma ideia, pois tenho que separar os discos para levar. Carrego normalmente entre oito e dez horas de música comigo, e aí tenho liberdade para escolher, pouco antes de subir à cabine, o que quero tocar."
Se nos anos 1990 James Murphy animava festas nova-iorquinas misturando Suicide, Talking Heads e Kraftwerk, hoje seus sets são fortemente influenciados pela disco.
"Adoro disco music. Toco coisas antigas, coisas de italian disco, coisas feitas em Nova York dos anos 70 ao início dos anos 80, algumas faixas mais novas. É um mix", conta.
Se no início da década ele ganhou fama ao ajudar a unir o punk com a música eletrônica, hoje Murphy diz não estar mais tão interessado nesse relacionamento.
"O que acontece é que eu não penso muito no que está rolando por aí. O que faço não é muito racional, é mais instintivo. Ainda acho que há muitas coisas que permanecem novas dentro daquilo que já fiz. Hoje não estou tão interessado em unir rock e dance. Não me parece mais uma grande ideia."
No início do ano que vem, sai o terceiro álbum do LCD Soundsystem, que Murphy está gravando. Como superar "Sound of Silver"?
"Não penso nisso", afirma. "Quero fazer um disco melhor, mas para mim, porque não quero me repetir ou regredir." Sobre como soa o disco, ele não fala muito. Mas diz estar "bastante feliz até agora, mais feliz do que estava com os outros discos".
Sobre o papo de originalidade do início, ele opina: "Não sou obcecado com o novo. Não sou obcecado com tecnologias. A surpresa de ouvir algo novo não existe mais, tudo já foi feito. No cinema é a mesma coisa. Mas ainda acredito que dá para soar original hoje, recombinando elementos de uma maneira distinta".

 


Por problemas de visto, a banda norte-americana Supersuckers cancelou os dois shows que faria neste final de semana no Brasil: no festival Goiânia Noise (GO) e no clube Clash, em São Paulo.

thiago.ney@uol.com.br


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