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João do Morro conquista o Nordeste
Artista que mistura pagode e "swingueira" é sucesso de vendas em carrocinhas de CDs piratas e lança seu primeiro disco "oficial"
Autor de hits recifenses como "Papa-Frango" e "Frentinha" tem vídeos veiculados pelo YouTube
e conta no MySpace
THIAGO NEY
DA REPORTAGEM LOCAL
Junte na mesma canção pagode, samba, funk e afoxé.
Tempere com letras que retratam pequenos fatos do cotidiano com humor afiado. Bem, assim é João Pereira da Silva Júnior. Aos 32 anos, ele adotou o
nome João do Morro e é hoje
um dos principais nomes da
borbulhante cena de Recife.
João do Morro faz cerca de
20 shows por mês na capital
pernambucana, suas apresentações estão documentadas e
(bem) visualizadas no YouTube e ele lançará o primeiro disco "oficial" em 14 de dezembro.
"Oficial" entre aspas porque
nas carrocinhas que passeiam
pelas ruas de Recife vendendo
CDs piratas há diversos disquinhos com faixas como "Papa-Frango" e "Frentinha", hits de
João do Morro.
"As carrocinhas fizeram com
que minhas músicas ficassem
conhecidas, que chegassem ao
interior de Pernambuco, em
Alagoas, Rio Grande do Norte.
Por isso não posso ser contra a
pirataria", afirma à Folha.
João do Morro não é contra a
pirataria e não é contra a internet. Possui conta no Twitter
(twitter.com/joaodomorro)
e no MySpace (www.myspace.com/joaodomorro), por
exemplo. "A internet foi um
dos mecanismos que me ajudaram na divulgação."
Mas, claro: o que adianta
Twitter, MySpace, carrocinhas,
se as músicas não ajudam? As
músicas de João do Morro são
uma síntese de como ritmos regionais e populares podem ser
trabalhados como algo de apelo
pop e universal.
"Não consegui definir ainda", diz ele, sobre suas músicas.
"É uma fusão entre pagode,
samba, afoxé e swingueira. Fiz
essa misturada, mas não sei dizer qual é o resultado."
Swingueira? "É um pagode
mais suingado, em que fazemos coreografias, passos de
dança", explica o cantor.
Um dos principais sucessos
de João do Morro, "Papa-Frango" nos apresenta a história de
um garoto gay que é sustentado
por um homem mais velho.
"A inspiração veio de quadrilhas juninas, muito frequentadas por gays. É algo antigo até."
A música fez com que o cantor fosse acusado de homofobia
por associações de Pernambuco. E o que fez João do Morro?
Compôs "Frentinha".
"Eu não tenho preconceito/
Se você olhar direito/ Hoje em
dia o mundo é gay/ É boyzinho
com boyzinho/ E boyzinha
com boyzinha/ É todo mundo
se beijando/ Se amando, se
abraçando", diz a pepita.
João do Morro foi criado no
Morro da Conceição (daí o apelido). Pai e irmãos tocavam na
Galeria do Ritmo, uma escola
de música que desfila no Carnaval pernambucano. Com autorização do pai, desde os 16
anos participa de shows de pagode. E, até pouco tempo atrás,
trabalhava como açougueiro.
"Eu achava que ficaria restrito ao pagode e à periferia. Mas
hoje faço shows na zona sul de
Recife, em boates badaladas [e
em festivais como o Rec Beat].
Tanto o cara do morro como o
cara que tem uma cobertura
em Boa Viagem curtem as músicas, pois as letras falam do dia
a dia de forma humorada."
Sobre o que o inspira, João
do Morro elenca: "Peguei um
pouco de cada coisa. Um pouco
da personalidade do Zeca Pagodinho, que faz sucesso mas
não perdeu a cabeça. De outras
coisas, peguei a postura de palco. O deboche veio com Mamonas Assassinas, Tom Cavalcante. Mas, desde 1992, quando
descobri Bob Marley, gosto de
reggae. Já fiz uma versão "enrolation" de "No Woman No Cry",
porque não falo inglês...".
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