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Para editor, fenômeno não ocorre só no Brasil
DA REPORTAGEM LOCAL
O "milagre" da multiplicação
de biografias de santos não é um
fenômeno só brasileiro e extrapola as editoras religiosas. Essa é a
opinião de Marcos Marcionilo,
editor da Loyola, um dos dez
maiores grupos editoriais do país.
Segundo o editor, a escolha dos
santos a serem adorados passa
pela "eficácia" que eles teriam para superar situações de crise. Leia
a seguir trechos de entrevista com
o editor, que publicará em 2002
biografia de santa Rita.
(CEM)
Folha - A hagiografia, a biografia
de santos, é um dos gêneros mais
antigos da literatura cristã. Até
que ponto ela permanece um ramo
importante?
Marcos Marcionilo - Há um retorno significativo às vidas de
santos motivado pela crise de valores que vivemos e pela persistência na memória coletiva das figuras heróicas dos santos. O heroísmo deles motiva a resistência
e a busca de saída em momentos
de desestabilização. Editam-se,
então, livros de tom popular e se
difundem feitos dos santos cujas
vidas foram mais dramáticas.
Folha - Como o mercado editorial
brasileiro tem lidado com as biografias de santos? O sr. enxerga algum crescimento na oferta de livros desse tipo?
Marcionilo - Sim. Há crescimento da procura e da oferta de biografias de santos. E não só no Brasil. Itália, França, México e Espanha são alguns dos países que
também dão prova dessa tendência. No mercado brasileiro, as editoras católicas vêm publicando
muitas vidas de santos e as editoras não-confessionais, diante da
persistência do imaginário católico, também começam a publicar.
Folha - Em sua opinião, quais são
os santos cujas vidas mais interessam os leitores?
Marcionilo - Os santos mais procurados são os considerados mais
"eficazes" para o enfrentamento
da crise brasileira. Expedito, Rita
de Cássia, Judas Tadeu e Edwiges
têm causado grande mobilização
de fé. Francisco de Assis tem a vida mais encantadora e é motivo
de constantes novas biografias.
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