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OUTRA FREQUÊNCIA
A reação da Igreja Católica no rádio
LAURA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
A Igreja Católica marcará
um ponto importante na virada do ano. A partir do dia 1º de
janeiro, a Rede Canção Nova, ligada aos carismáticos, substituirá a
evangélica Deus É Amor, na Gazeta AM (890 MHz, em SP).
O acordo com a rádio da Cásper
Líbero era o que faltava num ano
em que a Fundação João Paulo 2º,
responsável pela Canção Nova,
conseguiu com o governo mais de
120 retransmissoras de televisão,
recorde em 2002.
O avanço no dial de São Paulo
era estratégico para a consolidação da rede, já que a cidade ainda
não tem uma boa cobertura da
TV (disponível em parabólica e
UHF).
A Canção Nova, que começou
sua rede com uma AM em Cachoeira Paulista (interior de SP)
-sede da fundação- conta também com rádios no Rio de Janeiro, Pernambuco, Bahia, Rio Grande do Norte e Mato Grosso.
É uma das mais importantes redes católicas do Brasil. A maior é a
Rede Católica de Rádio, cuja geradora, em Aparecida do Norte, já
consegue retransmitir sua programação para 350 afiliadas.
"Os católicos estão expandindo
muito suas redes nos últimos
anos, em uma clara reação ao
avanço dos evangélicos. Isso demonstra que perceberam a importância dos veículos de comunicação na conquista dos fiéis",
afirma o publicitário Joaquim
Luiz Magalhães, da H2 Rádio Business, que fez a negociação da
Canção Nova com a Gazeta.
A disputa tende a se acirrar em
2003, com o novo governo. Isso ficou claro quando se estipulou no
PT -historicamente ligado a
movimentos católicos- que o
Ministério das Comunicações poderia ser entregue ao PL-onde
está a base parlamentar da Universal do Reino de Deus.
Foi grande a pressão contrária
de bispos e padres sobre políticos
petistas. Afinal, eles conhecem
bem a força dos evangélicos, que
têm nada mais nada menos que a
rede Record a seus serviços.
O contrato da Canção Nova
com a Gazeta merece parênteses.
A emissora, há anos nas mãos da
Deus É Amor, chegou a ter sua
programação, em 2002, elaborada
por alunos da Cásper Líbero.
A razão oficial era fazer da AM
um laboratório. Mas, mal os alunos começaram a sentir o gostinho de produzir rádio, os evangélicos conseguiram, na Justiça, recuperar a Gazeta por 90 dias.
Depois desse prazo, pela decisão judicial, a faculdade poderia
retomar a idéia do laboratório.
Mas aí vieram os católicos. E por
que não vender 21 das 24 horas da
programação a eles? As três restantes serão produzidas por alunos. Pagos com notas no boletim.
laura@folhasp.com.br
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