São Paulo, quarta-feira, 25 de dezembro de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

OUTRA FREQUÊNCIA

A reação da Igreja Católica no rádio

LAURA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

A Igreja Católica marcará um ponto importante na virada do ano. A partir do dia 1º de janeiro, a Rede Canção Nova, ligada aos carismáticos, substituirá a evangélica Deus É Amor, na Gazeta AM (890 MHz, em SP).
O acordo com a rádio da Cásper Líbero era o que faltava num ano em que a Fundação João Paulo 2º, responsável pela Canção Nova, conseguiu com o governo mais de 120 retransmissoras de televisão, recorde em 2002.
O avanço no dial de São Paulo era estratégico para a consolidação da rede, já que a cidade ainda não tem uma boa cobertura da TV (disponível em parabólica e UHF).
A Canção Nova, que começou sua rede com uma AM em Cachoeira Paulista (interior de SP) -sede da fundação- conta também com rádios no Rio de Janeiro, Pernambuco, Bahia, Rio Grande do Norte e Mato Grosso.
É uma das mais importantes redes católicas do Brasil. A maior é a Rede Católica de Rádio, cuja geradora, em Aparecida do Norte, já consegue retransmitir sua programação para 350 afiliadas.
"Os católicos estão expandindo muito suas redes nos últimos anos, em uma clara reação ao avanço dos evangélicos. Isso demonstra que perceberam a importância dos veículos de comunicação na conquista dos fiéis", afirma o publicitário Joaquim Luiz Magalhães, da H2 Rádio Business, que fez a negociação da Canção Nova com a Gazeta.
A disputa tende a se acirrar em 2003, com o novo governo. Isso ficou claro quando se estipulou no PT -historicamente ligado a movimentos católicos- que o Ministério das Comunicações poderia ser entregue ao PL-onde está a base parlamentar da Universal do Reino de Deus.
Foi grande a pressão contrária de bispos e padres sobre políticos petistas. Afinal, eles conhecem bem a força dos evangélicos, que têm nada mais nada menos que a rede Record a seus serviços.
 
O contrato da Canção Nova com a Gazeta merece parênteses. A emissora, há anos nas mãos da Deus É Amor, chegou a ter sua programação, em 2002, elaborada por alunos da Cásper Líbero.
A razão oficial era fazer da AM um laboratório. Mas, mal os alunos começaram a sentir o gostinho de produzir rádio, os evangélicos conseguiram, na Justiça, recuperar a Gazeta por 90 dias.
Depois desse prazo, pela decisão judicial, a faculdade poderia retomar a idéia do laboratório. Mas aí vieram os católicos. E por que não vender 21 das 24 horas da programação a eles? As três restantes serão produzidas por alunos. Pagos com notas no boletim.

laura@folhasp.com.br


Texto Anterior: Mônica Bergamo
Próximo Texto: Música/lançamento - Eletrônica: Anvil FX assimila o som da MPB
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.