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Cinema de resistência
Divulgação
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"A História Oficial", vencedor do Oscar de filme estrangeiro de 1986 |
Produção argentina contorna crise do país e registra 51 estréias de longas em 2002
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SILVANA ARANTES
DA REPORTAGEM LOCAL
Quando a população foi para as
ruas de Buenos Aires, em dezembro de 2001, a equipe do longa
"Un Oso Rojo" (Um Urso Vermelho), dirigido por Adrián Caetano, 33, teve de voltar para casa.
Era impossível seguir filmando
em meio às manifestações que
terminaram na renúncia do presidente Fernando de la Rúa.
Com a crise econômica e política do país em seu grau mais agudo, o cinema argentino ficou como "Un Oso Rojo" -com o futuro em suspenso.
Cinco meses depois da interrupção das filmagens, o filme de
Caetano estreava no Festival de
Cannes, o mais prestigiado encontro internacional de cinema.
A história do urso -um ex-presidiário que tenta (em vão) retomar um trabalho dentro da lei e a
vida ao lado da família- se transformou, outra vez, num símbolo
de si mesma: o cinema argentino
estava de pé. E firme.
Ao longo de 2002, foram 51 estréias (no Brasil, houve 35 lançamentos), 76 prêmios internacionais e a parcela de 12% do público
das salas no país (30 milhões de
espectadores). O filme argentino
também frequentou o Oscar, com
a indicação de "O Filho da Noiva", de Juan José Campanella, a
melhor estrangeiro (vencido pelo
bósnio "Terra de Ninguém").
"O cinema argentino é um paradigma do que deveria ser o país: o
encontro da criatividade de um
setor, a experiência de uma indústria e uma política de Estado", diz
o diretor do Instituto de Cinema e
Artes Audiovisuais, o cineasta
Jorge Coscia.
Em 2002, o presidente Eduardo
Duhalde retomou a política de fomento ao cinema, baseada em um
fundo sustentado por porcentagem de arrecadação publicitária
das TVs e da venda de ingressos.
Tudo somado, ganhou força na
crítica dentro e fora do país a idéia
de que o cinema argentino vive
um boom de produção e qualidade, uma "nova onda".
Mas nem todos estão de acordo
com a teoria do renascimento do
cinema argentino. É o caso da roteirista Aída Bortnik, um dos
mais destacados nomes do cinema no país (leia entrevista nesta
página).
Coscia é da mesma opinião: "O
novo cinema argentino é um fenômeno que já dura décadas".
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