|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
crítica
Sem novidade no argumento, diretor cria genérico de "O Senhor do Anéis"
SÉRGIO RIZZO
CRÍTICO DA FOLHA
Quando a campanha de
divulgação de um filme
destaca como uma de
suas principais atrações a qualidade dos efeitos digitais usados para criar um dragão, talvez
não seja preciso lembrar que
seu jovem público-alvo são os
fãs de fantasia responsáveis,
com a popularização da cultura
dos RPGs, por dar novo fôlego
aos mercados editorial, cinematográfico e de videogames.
"Eragon" só existe no cinema
porque antes houve o êxito de
"O Senhor dos Anéis". Mas só
houve a trilogia dirigida por Peter Jackson porque antes havia,
com meio século de popularidade global, os romances de
J.R.R. Tolkien. E o que há por
trás de "Eragon"? A obra de um
menino-prodígio, o norte-americano Christopher Paolini, hoje com 23 anos.
O livro que deu origem a
"Eragon", primeiro de uma trilogia, foi publicado inicialmente em edição do autor e, em
2003, transformado em best-seller. Em 2005, veio a segunda
parte, "Eldest", outro sucesso
de vendas. Daí a acreditar que
pudesse se tornar franquia de
sucesso também no cinema,
um pulo.
Dragão
O universo de aventura criado por Paolini, menos ambicioso e multifacetado do que a
Terra-média de Tolkien, se ambienta no reino atemporal de
Alagaësia, cuja história é resumida no prólogo do filme.
A paz por ali termina quando
um de seus cavaleiros de dragões, Galbatorix (John Malkovich), elimina os pares -tanto
os cavaleiros quanto os dragões- e passa a governar de
modo tirânico. Resta um ovo de
dragão, o bem mais precioso do
reino, que vai parar nas mãos
do jovem Eragon (o estreante
Edward Speleers). Dele sai o
dragão voador Saphira, que não
fala, mas se comunica por telepatia (voz de Rachel Weisz nas
cópias legendadas) apenas com
Eragon.
Restaurada a dinastia dos cavaleiros, sob o amparo de um
remanescente (Jeremy Irons) e
o auxílio do líder de um grupo
de rebeldes (Djimon Hounsou), o tempo vai fechar para
Galbatorix e seu macabro assistente (Robert Carlyle).
Troque o desejado Um Anel
pela companhia interativa de
Saphira, e a jornada de Eragon
se aproxima da saga libertária
de Frodo Bolseiro em "O Senhor dos Anéis".
Sem novidade significativa a
oferecer no argumento, o diretor estreante Stefen Fangmeier
-supervisor de efeitos visuais
de filmes como "Twister"
(1996), "O Resgate do Soldado
Ryan" (1998), "Sinais" (2002) e
"O Apanhador de Sonhos"
(2003)- cuida do espírito de
parque de diversões de "Eragon", mas não foge da evidência
de que fez apenas o genérico de
um brinquedo mais notável e
bem-sucedido.
ERAGON
Direção: Stefen Fangmeier
Produção: EUA/Reino Unido, 2006
Com: Edward Speleers, Robert Carlyle
Quando: em cartaz nos cines Anália
Franco, Bristol e circuito
Texto Anterior: "Eragon" remodela fantasia medieval Próximo Texto: Antunes faz "eterno retorno" a Nelson Índice
|