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Última Moda
ALCINO LEITE NETO - ultima.moda@grupofolha.com.br
Um fio que mudou a moda
Lycra festeja 50 anos;
Brasil foi o único país no mundo em que as vendas do produto cresceram em 2009
A história da moda -sobretudo no que se refere à lingerie,
às roupas de praia e à indumentária esportiva- pode ser claramente dividida em duas etapas:
antes e depois da invenção do
fio Lycra, há 50 anos.
Bem mais resistente e flexível do que o látex, o fio Lycra,
acrescido a diversos outros tecidos, como a seda, possibilitou
uma maleabilidade e um conforto às roupas como não se conhecia até então.
Feita de elastano, a fibra sintética foi criada em 1959 para a
indústria americana Du Pont
pelo químico Joseph Shivers.
Hoje, a marca Lycra pertence à
companhia Invista, também
dos EUA.
Ao longo das últimas cinco
décadas, foram desenvolvidos
cerca de 700 tipos de fio Lycra,
para diferentes aplicações, como os recentes Lycra XFit, feito especialmente para os jeans,
e o Lycra Extra Life, que é dez
vezes mais resistente ao cloro
que o elastano normal.
Um dos novíssimos produtos
é o Lycra 2.0, espécie de fita
adesiva altamente flexível que
substitui a costura. Lançado
neste ano no país, a fita já vem
sendo utilizada por fábricas de
lingerie, como a Duloren.
No Brasil, o cinquentenário
da invenção do fio Lycra coincidiu com os 35 anos da instalação, em Paulínia (SP), da primeira fábrica de produção do
fio no país -atualmente são
duas, na mesma cidade, e as
únicas na América do Sul. Para
comemorar as duas datas, a
Lycra promoveu o concurso
Swimwear Future Designers,
destinado a jovens estilistas de
moda praia. Venceu a paulista
Julia Sato, de 22 anos.
Mas as comemorações da
empresa em 2009 não se limitaram às efemérides importantes para a empresa.
A Lycra também festejou o
fato de o Brasil ter sido o único
país do mundo onde as vendas
do fio cresceram (cerca de
10%), enquanto nos demais, inclusive na China, elas tombaram vertiginosamente -nos
EUA, a queda chegou ao patamar dos 20% no auge da crise
econômica.
"O Brasil foi o único país que
resistiu. Aqui chegou a faltar o
fio. Tivemos de importar de onde estava sobrando e como estava sobrando em vários países,
pudemos escolher à vontade",
diz a diretora de marketing da
Invista para a América Latina,
Carolina Sister.
Ela conta que teve que dar
"mil e uma explicações" aos
executivos da Lycra em outros
países a respeito do inesperado
"boom" brasileiro. "Tivemos
que fazer várias conferências
por telefone. Eles achavam que
nós estávamos loucos, porque o
Brasil estava indo totalmente
na contramão do mundo."
Segundo Carolina, a expectativa é que os negócios no país
estejam ainda melhores em
2010. "O mercado brasileiro está bastante aquecido", afirma.
Os países sul-americanos são
o principal mercado de exportação da Lycra brasileira, e a linha de lingerie é o "carro-chefe" da empresa no país, seguida
da moda praia.
A fórmula do fio Lycra permanece secreta até hoje, embora haja várias imitações do produto, a partir da fibra sintética
elastano. Até pouco tempo
abertas à imprensa, as fábricas
de Paulínia passaram também
a ser interditadas à visitação.
A empresa faz um controle
rigoroso das cópias no Brasil.
Contra as falsificações, chega
mesmo a utilizar um aparelho
chamado Brands Scan, que detecta se as roupas que estão
com o selo "100% Lycra" estão
de fato utilizando o produto.
"Nossos funcionários de fiscalização que saem a campo com
essa máquina parecem "ghostbusters" ["caçadores de fantasmas", nome de um filme]", brinca Carolina.
Somente neste ano, foram
constatados 301 casos de uso
ilícito da marca no Brasil, número um tanto maior do que
em 2008 -271 flagrantes.
com VIVIAN WHITEMAN
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