São Paulo, sábado, 25 de dezembro de 2010

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Fernando Zarif morre aos 50 em São Paulo

Artista plástico ficou conhecido por trabalhos com materiais inusitados

Carreira é marcada também por atuação na cultura pop; ele assinou capa de CD dos Titãs, cenários e ilustrações


SILAS MARTÍ
DE SÃO PAULO

Morreu ontem, de falência múltipla dos órgãos, no hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, o artista plástico paulistano Fernando Zarif. Ele tinha 50 anos e havia sido internado neste mês com complicações do diabetes.
O corpo de Zarif foi velado na tarde de ontem, no Cemitério do Morumbi. O enterro estava previsto para as 17h.
O artista expôs com frequência em espaços paulistanos, como a galeria Millan e a Casa das Rosas, e realizou mostras no Museu de Arte Moderna do Rio e em Paris, despontando no circuito das artes visuais nos anos 1990.
Ficou conhecido por seus retratos feitos de materiais inusuais, como pinças, canetas, fotocópias queimadas, incenso, escovas e palitos.
Subvertia, com muita ironia, cânones da arte, evocando a herança iconoclasta de Marcel Duchamp, ao mesmo tempo em que mergulhava no turbilhão da cultura pop.
Zarif, que segundo amigos sabia ler em grego e latim, era notório pela erudição e também pelo gosto pelo "trash". Dizia ser fã do seriado "Chaves" e da telenovela venezuelana "A Revanche".
"Ele tinha um trabalho com referências muito amplas", diz o artista plástico José Resende, amigo de Zarif. "Foi exímio desenhista, de capacidade arrasadora."
Numa exposição que fez no MAM do Rio, usou próteses e ossos de plástico para compor obras-esqueleto.
Zarif assinou ainda capas de discos, cenários de teatro, ilustrações para jornais, como as que fez para coluna de Barbara Gancia, na Ilustrada, e projetos gráficos.
"Ele compartilhava sua criatividade com todo mundo, tinha uma generosidade de espírito que nunca vi igual", diz Gancia. "Tinha uma cultura invejável; foi um dos sujeitos mais delicados e sensíveis que conheci", afirma a colunista da Folha.
Para o músico e artista plástico Arnaldo Antunes, Zarif "era um artista brilhante em todos os sentidos". "Estou muito triste com a morte dele", afirmou.


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