São Paulo, sexta, 25 de dezembro de 1998

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Papai Noel vai ao cinema


Os assassinatos em série de "Halloween H20", a história de Moisés em desenho animado, o novo filme infantil de Renato Aragão e o amor após a morte entre Robin Williams e Annabella Sciorra fecham as estréias do ano


PATRICIA DECIA
da Reportagem Local

O cinema fecha o ano com um grito. Jamie Lee Curtis, a "rainha do terror" dos anos 70, aproveita a deixa de "Pânico" e comemora os 20 anos do filme que deu início à avalanche de assassinatos em série, até hoje em cartaz nas salas de exibição de todo o mundo.
"Halloween H20", baseado numa idéia da atriz, estréia hoje no país, quase seis meses depois dos EUA, com direção de Steve Miner.
A estrela sangrenta do filme é o psicopata Michael Myers, o precursor de Jason e Freddy Krueger, criado pelo mestre do "trash" John Carpenter, sob a influência de "Psicose", de Alfred Hitchcock.
Usando máscara branca, Myers mata, fria e calmamente, adolescentes sexualmente ativos. Sua arquiinimiga é a babá Laurie Strode, agora a diretora de uma escola num subúrbio que mudou de nome e tenta esquecer o passado.
Parece familiar? Pois essa é a intenção. Como "Pânico", de Wes Craven, "Halloween H20" aposta na espiral de citações e referências para virar cult. As outras armas são Michelle Williams, a loura do seriado "Dawson's Creek", e L.L.Cool J., uma personalidade nos EUA criada em cima de raps melosos e sexuais.
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Wilde e Moisés para crianças
Contra os jatos de sangue -mesmo quando são apenas feitos de catchup- há duas outras histórias: o desenho animado "O Príncipe do Egito" e "Simão, o Fantasma Trapalhão".
A primeira é uma adaptação da história de Moisés pela DreamWorks (empresa criada por Steven Spielberg, Jeffrey Katzenberg e David Geffen em 1994). A segunda, nova incursão cinematográfica do Trapalhão Renato Aragão, baseada em "O Fantasma de Canterville", de Oscar Wilde (1854-1900).
Em ambos os casos, é melhor esperar pouco Wilde, pouca "Bíblia" e mais entretenimento para grandes públicos. É bom lembrar que Aragão é um dos campeões de bilheteria da história do cinema brasileiro e deve repetir a dose.
"O Príncipe do Egito" é a segunda aposta na seara do desenho animado de Katzenberg na DreamWorks. Ex-executivo da Disney, ele se envolveu na polêmica "Formiguinhaz" (DreamWorks) x "Vida de Inseto" (Disney), em que foi acusado de roubar o projeto da empresa onde trabalhava.
Como "Formiguinhaz", o novo filme da DreamWorks mira em adultos e crianças, com várias estrelas no elenco: Val Kilmer faz a voz de Moisés, Ralph Fiennes vira Ramsés e Michelle Pfeiffer dubla Zípora. Ainda participam Sandra Bullock, Jeff Goldblum, Danny Glover, Patrick Stewart, Steve Martin e Martin Short.
"O Príncipe do Egito" estreou em segundo lugar nos EUA na semana passada, com US$ 14,5 milhões, atrás de "Mensagem para Você".
Um outro jeito de olhar a morte está em "Amor Além da Vida", com Robin Williams e Annabella Sciorra. O filme também retoma a velha forma do casal apaixonado que tenta se reencontrar após a morte de um deles (no caso, Williams). Desta vez, um vai para o céu, e o outro, por meio do suicídio, para o inferno. Para criar os cenários, foram usados efeitos especiais em computador.
Nas salas paulistanas, outras três estréias fecham 98 para quem prefere cinema europeu. "Aprile", do italiano Nanni Moretti, "A Fonte da Donzela", filme de 1959 do sueco Ingmar Bergman, e "A Eternidade e Um Dia", do grego Theo Angelopoulos, entram em cartaz.
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