São Paulo, quarta-feira, 26 de janeiro de 2005

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

18ª SP FASHION WEEK

UNIVERSO LÚDICO DE SOMMER EMOCIONA NO ÚLTIMO DIA

ERIKA PALOMINO
COLUNISTA DA FOLHA

No último dia da São Paulo Fashion Week, brilhou a estrela de Marcelo Sommer. Ele se inspirou na Islândia para sua melhor coleção em muito tempo. Para falar de moda jovem, criou um cenário lúdico, em que os modelos ficam a jogar dardos, atirar cartas ao alto, dormir, bordar, olhar para o nada. Sommer sabe desse universo: tédio e tempo são valores que conhecemos bem.
A atmosfera é de tranqüilidade e calma, com muitos brancos, beges e marrons. Lu Curtis é a primeira a surgir, lembrando um personagem mitológico. O cenário é uma caixa de madeira clara, com duas portas e uma mesa. Ela abre uma delas e, de lá, saem os modelos, um a um.
Corajosamente, Sommer se livra dos fantasmas que empacavam seu crescimento, como o circo, o clubbing, o hedonismo. Preserva o streetwear inteligente, como a megaceroula listrada usada com colete (peça tendência) e blazer, e a ironia, como nos deliciosos looks de vinil oncinha.
O feminino vem renovado, com silhuetas e proporções autorais, mas corretas, como na saia de três camadas em bolotas, de Vannesa Retke, e a saia folk com plissado branco e bolinhas. São bons também os looks em matelassê. Sommer trabalhou.
A estreante Gisele Nasser também. Olhou para a história de seu nome, a do balé branco homônimo, para trazer uma feminilidade esvoaçante e etérea. O resultado final, entretanto, fica distante da juventude atemporal da princesa: a imagem vem envelhecida -problema que nem as saias reveladoras resolvem.
O veludo pesa, a musselina e o cetim ganham contornos duvidosos, a cartela de cores é difícil, com lilases, verdes e turquesas ingratos. A Gisele Nasser que a gente conhece se mostra no trabalho vazado sobre o longo lilás. A estilista deve voltar para seu melhor.
Renato Loureiro trabalha com tricô e crochê, mas é na malharia que está a melhor parte da apresentação, principalmente nos looks listrados da abertura, numa silhueta anos 70/cigana. Na coleção como um todo, faltam "liga" e unidade.
Mareu Nietschke, de volta à passarela da SPFW após pular a última temporada, aciona seu lado mais sombrio, num experimentalismo bizarro que soa deslocado, principalmente nesse momento de busca pela beleza na moda.


Colaborou Jackson Araujo, editor-assistente da revista Moda
Sommer:
Gisele Nasser:
Renato Loureiro:
Mareu Nietschke:


Texto Anterior: Framboesa de ouro: "Mulher-Gato" lidera os piores
Próximo Texto: 18ª SP Fashion Week: Síndrome da estafa fashion atinge modelos
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.