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TEATRO
Inédita no Brasil, a peça "Grace e Kate", de Trish Vradenburg, ganha interpretação hoje no auditório da Folha
Paulo Autran dirige leitura de comédia
THIAGO STIVALETTI
FREE-LANCE PARA A FOLHA
Em 2002, a atriz Graziela Moretto leu na revista "New Yorker" sobre a estréia, no circuito off-Broadway, da comédia "Surviving Grace", de Trish Vradenburg, sobre a relação entre uma
roteirista de televisão e sua mãe,
que começa a sofrer do mal de Alzheimer. Pediu a uma amiga que
viajava a Nova York para lhe trazer o texto e começou a pensar em
uma atriz para o papel da mãe.
Depois de muito tempo, traduziu a peça e a entregou a Karin Rodrigues, que tinha, segundo ela, a
sofisticação e o senso de humor
corrosivo necessários à personagem. Rodrigues, por sua vez, convenceu o marido, Paulo Autran, a
dirigi-la e assumir o papel do pai e
marido ausente.
Os três comandam hoje, no auditório da Folha, uma leitura da
peça, que passou a se chamar
"Grace e Kate", na tradução para
o português. Completam o elenco
os atores Elias Andreato, Cristina
Mutarelli, Daniel Faleiros Migliano e Tuna Dwek.
Moretto ressalta que o tema da
relação entre mãe e filha é mais
importante que o mal de Alzheimer na peça, que na versão americana teve Illeana Douglas (de
"Um Sonho sem Limites" e "Os
Bons Companheiros") no papel
da filha, Kate.
"Trata-se de um tema universal:
ter uma pessoa doente na família
é sempre um fato que nos faz rever a vida", explica Moretto. "O
texto é marcado por um humor
judaico de timing preciso, construção refinada, com raciocínio e
a delicadeza necessária para não
tripudiar sobre uma doença tão
séria", destaca a atriz.
No segundo ato, uma licença
poética faz com que Grace recupere a lucidez para resolver seus
conflitos com o marido e a filha,
além de acertar contas com suas
próprias frustrações.
A autora, Trish Vradenburg, é
mais conhecida nos EUA como
roteirista de seriados para a TV,
como "Caras e Caretas" e "Designing Women". Grande ativista
democrata, começou a carreira
escrevendo discursos para senadores do partido e foi uma das
responsáveis pela candidatura de
John Kerry nas últimas eleições
presidenciais. "Grace e Kate",
montada originalmente em 1996
como "The Apple Doesn't Fall...",
foi escrita depois que sua mãe
morreu do mal de Alzheimer.
Recentemente, a autora comandou uma campanha que angariou
US$ 300 mil (R$ 803,4 mil) destinados a pesquisas para a cura de
doenças degenerativas.
"Adoro fazer leituras das peças
antes de ensaiar para perguntar a
opinião dos espectadores e corrigir o que não funciona", diz Paulo
Autran, que comandou leituras
de todas as últimas peças em que
dirigiu ou atuou ("Visitando o Sr.
Green", "Variações Enigmáticas",
"Vestir o Pai", "Dia das Mães").
O elenco está em busca de patrocínio para montar a peça no segundo semestre. Para a parte técnica, Graziela Moretto já convidou profissionais do cinema, como César Charlone e Guilherme
Ayrosa (fotógrafo e sonoplasta,
respectivamente, de "Cidade de
Deus", de Fernando Meirelles)
para a iluminação e a trilha sonora, e Cássio Amarante (de "Abril
Despedaçado", de Walter Salles)
para a cenografia.
Uma idéia é pegar carona na peça para promover debates com
neurologistas e instituições ligadas ao mal de Alzheimer.
GRACE E KATE. Leitura dramática. Com:
Paulo Autran, Graziela Moretto, Elias
Andreato, Cristina Mutarelli, Daniel
Faleiros Migliano e Tuna Dwek. Onde:
auditório da Folha (al. Barão de Limeira,
425, 9º andar, Campos Elíseos). Quando:
hoje, às 20h. Quanto: entrada franca. Os
interessados devem fazer reserva pelo
tel. 3224-3473, das 14h às 18h.
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