São Paulo, quarta-feira, 26 de janeiro de 2005

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TEATRO

Inédita no Brasil, a peça "Grace e Kate", de Trish Vradenburg, ganha interpretação hoje no auditório da Folha

Paulo Autran dirige leitura de comédia

THIAGO STIVALETTI
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Em 2002, a atriz Graziela Moretto leu na revista "New Yorker" sobre a estréia, no circuito off-Broadway, da comédia "Surviving Grace", de Trish Vradenburg, sobre a relação entre uma roteirista de televisão e sua mãe, que começa a sofrer do mal de Alzheimer. Pediu a uma amiga que viajava a Nova York para lhe trazer o texto e começou a pensar em uma atriz para o papel da mãe.
Depois de muito tempo, traduziu a peça e a entregou a Karin Rodrigues, que tinha, segundo ela, a sofisticação e o senso de humor corrosivo necessários à personagem. Rodrigues, por sua vez, convenceu o marido, Paulo Autran, a dirigi-la e assumir o papel do pai e marido ausente.
Os três comandam hoje, no auditório da Folha, uma leitura da peça, que passou a se chamar "Grace e Kate", na tradução para o português. Completam o elenco os atores Elias Andreato, Cristina Mutarelli, Daniel Faleiros Migliano e Tuna Dwek.
Moretto ressalta que o tema da relação entre mãe e filha é mais importante que o mal de Alzheimer na peça, que na versão americana teve Illeana Douglas (de "Um Sonho sem Limites" e "Os Bons Companheiros") no papel da filha, Kate.
"Trata-se de um tema universal: ter uma pessoa doente na família é sempre um fato que nos faz rever a vida", explica Moretto. "O texto é marcado por um humor judaico de timing preciso, construção refinada, com raciocínio e a delicadeza necessária para não tripudiar sobre uma doença tão séria", destaca a atriz.
No segundo ato, uma licença poética faz com que Grace recupere a lucidez para resolver seus conflitos com o marido e a filha, além de acertar contas com suas próprias frustrações.
A autora, Trish Vradenburg, é mais conhecida nos EUA como roteirista de seriados para a TV, como "Caras e Caretas" e "Designing Women". Grande ativista democrata, começou a carreira escrevendo discursos para senadores do partido e foi uma das responsáveis pela candidatura de John Kerry nas últimas eleições presidenciais. "Grace e Kate", montada originalmente em 1996 como "The Apple Doesn't Fall...", foi escrita depois que sua mãe morreu do mal de Alzheimer.
Recentemente, a autora comandou uma campanha que angariou US$ 300 mil (R$ 803,4 mil) destinados a pesquisas para a cura de doenças degenerativas.
"Adoro fazer leituras das peças antes de ensaiar para perguntar a opinião dos espectadores e corrigir o que não funciona", diz Paulo Autran, que comandou leituras de todas as últimas peças em que dirigiu ou atuou ("Visitando o Sr. Green", "Variações Enigmáticas", "Vestir o Pai", "Dia das Mães").
O elenco está em busca de patrocínio para montar a peça no segundo semestre. Para a parte técnica, Graziela Moretto já convidou profissionais do cinema, como César Charlone e Guilherme Ayrosa (fotógrafo e sonoplasta, respectivamente, de "Cidade de Deus", de Fernando Meirelles) para a iluminação e a trilha sonora, e Cássio Amarante (de "Abril Despedaçado", de Walter Salles) para a cenografia.
Uma idéia é pegar carona na peça para promover debates com neurologistas e instituições ligadas ao mal de Alzheimer.


GRACE E KATE. Leitura dramática. Com: Paulo Autran, Graziela Moretto, Elias Andreato, Cristina Mutarelli, Daniel Faleiros Migliano e Tuna Dwek. Onde: auditório da Folha (al. Barão de Limeira, 425, 9º andar, Campos Elíseos). Quando: hoje, às 20h. Quanto: entrada franca. Os interessados devem fazer reserva pelo tel. 3224-3473, das 14h às 18h.


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