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Crítica/ "Gershwin: Porgy and Bess"
Harnoncourt faz leitura convincente de Gershwin
IRINEU FRANCO PERPETUO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Um dos papas da música
antiga com instrumentos de época, o
maestro berlinense Nikolaus
Harnoncourt completou 80
anos em dezembro, e a comemoração não foi com repertório barroco, mas com o norte-americano Gershwin (1898-1937): luxuoso álbum triplo,
com a ópera "Porgy and Bess".
A surpresa no mundo erudito
foi grande. Harnoncourt, recentemente, até abordou o século 20, com um disco dedicado
ao húngaro Béla Bartók (1881-1945). Mas não era de se esperar que chegasse a um repertório tão próximo da música popular: estreada em 1935, "Porgy
and Bess", afinal de contas, tem
itens que já foram gravados por
grandes nomes do jazz e até do
pop, como "Summertime".
O fato é que o maestro vê a
partitura de Gershwin não como um musical com orquestração sinfônica, mas como uma
das grandes óperas do século
20, e o sentido de teatralidade,
a meticulosidade com os detalhes e uma qualidade de som
absolutamente suntuosa são os
grandes trunfos da gravação.
Utilizando tempos, no geral,
mais relaxados que os de outros
regentes, Harnoncourt mostra
apurado senso de estilo no comando da Chamber Orchestra
of Europe. Cem por cento negro, como pedia o compositor,
o elenco destaca a intensa Maria de Roberta Alexander.
O maestro, que até restaurou
um item inédito, faz pequenos
cortes na partitura, única decisão realmente digna de pena.
Porque a leitura de Harnoncourt é tão convicta e convincente que dá vontade de ouvir
tudo que Gershwin previu para
sua mais ambiciosa criação.
GERSHWIN: PORGY AND BESS
Artista: Nikolaus Harnoncourt
Gravadora: RCA Victor
Quanto: US$ 46,49 mais taxas, em
www.amazon.com (importado)
Avaliação: ótimo
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