São Paulo, terça-feira, 26 de janeiro de 2010

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Hot Chip faz soul music com a ajuda de sintetizadores

Responsável por hits dançantes como "Ready for the Floor", o quinteto britânico de electro-pop lança quarto álbum, "One Life Stand", em fevereiro

DA REPORTAGEM LOCAL

Em seu Twitter (http://twitter.com/Hot-chip), alguém do Hot Chip escreveu, citando Frank Zappa: "Entrevistar alguém é uma das coisas mais anormais que você pode fazer a uma pessoa. Está a dois passos da Inquisição".
Então quando Alexis Taylor, um dos vocalistas do Hot Chip, aparece no telefone para esta entrevista, pergunto: "Como podemos fazer com que esta entrevista seja um pouco menos dolorosa para você?".
Ele dá uma risada: "Não fui eu! Acho que foi o Joe [Goddard, outro vocalista da banda e que discotecou num festival em São Paulo no final de 2009]. Não acho que haja nada errado com entrevistas. Mas prefiro quando ela transcorre como se fosse uma conversa".
Nos últimos três anos, o Hot Chip saltou do underground dance de Londres para colaborações com gente como Peter Gabriel, Kylie e Robert Wyatt, além de presença nos principais festivais pop do mundo.
Mas a timidez e a aversão aos holofotes parecem ter permanecido intactas. "Fazemos música, tocamos ao vivo. É o que queremos. Não quero me tornar uma celebridade", diz.
Taylor está aqui para falar sobre "One Life Stand", o quarto disco do Hot Chip, quinteto que criou hits como "Over and Over" e "Ready for the Floor".
A partir de sintetizadores e de um baixo dançantes, o grupo cria canções de alma quente, melodias que alternam melancolia e um prazer festeiro. Seria um disparate comparar a eletrônica pop e dançante do Hot Chip com soul music?
"Espero que seja isso mesmo", afirma Taylor. "Fazer músicas com um clima soul é um objetivo importante. Mas é algo que ocorre naturalmente, não dá para ser forçado, não quero fazer "soul plastificado". Não dá para sermos como Stevie Wonder, como os caras da Stax, Motown. Não precisamos copiá-los, mas, sim, tentar incorporar aquele espírito."

Sossego
Enquanto os dois discos anteriores, "The Warning" (2006) e "Made in the Dark" (2008), são carregados de linhas eletrônicas e arranjos complexos, "One Life Stand", que chega às lojas em fevereiro, é mais "simples", diz Taylor.
"Quando entramos no estúdio, tínhamos algumas ideias. Queríamos um álbum com produção mais sossegada, mais tranquila do que os outros dois, com batidas mais "espaçadas". Talvez um disco mais coerente. Mais simples, mais direto."
Músicas como "One Life Stand" e "Take It In", que já circulam pela internet, colam no ouvido, mas sem o mesmo imediatismo pop de hits como "Ready for the Floor"
"Não sei se as novas músicas serão tão bem-sucedidas [como hits passados]. São canções diretas, são pop, mas talvez menos pop do que as anteriores", afirma o vocalista.
O que o Hot Chip ouvia enquanto "One Life Stand" estava sendo produzido? "Bastante Prince, Beatles, [o produtor de tecno] Derrick May", elenca Taylor. (THIAGO NEY)


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