São Paulo, quarta-feira, 26 de janeiro de 2011 |
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CRÍTICA MÚSICA ERUDITA Gravação inédita apresenta a maestria de Guiomar Novaes IRINEU FRANCO PERPETUO COLABORAÇÃO PARA A FOLHA Uma gravação inédita ajuda a conhecer melhor o talento de uma das maiores pianistas brasileiras do século 20. Saiu em CD o registro do recital de inauguração do em Queen Elizabeth Hall, em Londres, feito pela paulista Guiomar Novaes (1894-1979). Ícone do piano não apenas para Nelson Freire, como ainda para uma nova geração de intérpretes, Guiomar Novaes foi homenageada no ano passado, na segunda edição do Concurso Internacional BNDES de Piano do Rio de Janeiro. Lançado no âmbito da competição, no final de outubro de 2010, o disco foi posteriormente colocado à venda. Trata-se da primeira vez, em qualquer formato, que o fonograma vem a público. Novaes já tinha completado 73 anos de idade em 30 de abril de 1967, quando realizou a apresentação que abriu a sala londrina de 900 lugares, cuja programação posteriormente se destacaria não só pelo repertório erudito tradicional, mas pelo jazz, dança e música de vanguarda. Infelizmente foi extraviado, por razões desconhecidas, o registro da obra que abria o programa: a "Sonata K. 33", de Mozart (1756-1791). As outras peças estão lá: a "Sonata Op. 31 n. 2", de Beethoven (1770-1827), a "Sonata Op.. 58", de Chopin (1810-1849), quatro itens de Debussy (1862-1918) e os quatro bis, que incluíram Villa-Lobos (1887-1959) e Purcell (1659-1695). Há várias gravações de uma Guiomar Novaes mais jovem, e sua agilidade aqui, septuagenária, previsivelmente deixa um bocadinho a dever aos registros dos anos anteriores. Por outro lado, o passar do tempo trouxe ganhos de lucidez e amadurecimento. E o que mais há para desfrutar aqui -além da beleza do som que sempre marcou Novaes- é a profunda maestria com que a pianista hierarquiza, manipula e comanda os diversos planos sonoros das obras que se propõe a executar. Isso se faz evidenciar na leitura sempre poética de Chopin, mas, especialmente, no caráter atmosférico, etéreo e sugestivo de Debussy. "Le Soirée das Grenade", "Les Colines d'Anacapri", "Minstrels" e "Poissons D'or" formam um bloco inspirado de um recital cujo resgate merece ser aplaudido, comemorado e escutado. RECITAL HISTÓRICO DE GUIOMAR NOVAES ARTISTA Guiomar Novaes LANÇAMENTO Independente QUANTO R$ 25, em média AVALIAÇÃO bom Texto Anterior: Crítica/Música Erudita: Quarteto evoca os silêncios de Beethoven Próximo Texto: Crítica/Jazz: Guitarrista Joe Morris desafia ouvintes com quarteto inusitado para o gênero Índice | Comunicar Erros |
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