São Paulo, quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

CRÍTICA JAZZ

Guitarrista Joe Morris desafia ouvintes com quarteto inusitado para o gênero


MORRIS É DONO DE UMA GUITARRA LIMPA, DA QUAL EXTRAI TANTO SOLOS ABSTRATOS QUANTO MELODIAS SIMPLES E CÍCLICAS.


FABRICIO VIEIRA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Sempre que o guitarrista americano Joe Morris anuncia um novo álbum seus fãs se perguntam: com quem ele tocará dessa vez? Isso porque não é comum vê-lo repetir as formações dos grupos que o acompanham. Seu mais recente trabalho, "Camera", não foge à regra.
"Camera" traz um quarteto em formato raramente explorado no jazz: guitarra, violino, violoncelo e bateria. O resultado surpreende e encanta em muitos momentos.
Morris, 55, é dono de uma guitarra limpa, sem pedais ou efeitos, da qual extrai tanto solos abstratos quanto melodias simples e cíclicas. A sonoridade que cria dialoga sem esforço com as outras cordas. Anteriormente, Morris já havia trabalhado com violino, mas não junto ao violoncelo.
A primeira faixa do álbum mostra que a inusitada formação do quarteto não se destina a um som camerístico. "Person in a Place" é vigorosa, com as jovens Katt Hernandez (violino) e Junko Fujiwara Simons (violoncelo) demarcando a trajetória a ser perseguida pela guitarra.
Na sequência, o tom muda. "Street Scene" surge com uma coloração mais amena e detém os ânimos com seu ar soturno e certa lassidão.
Essa alternância de intensidade marca o disco, com as faixas tendo sempre Morris no comando, estampando temas e solando de forma quebradiça e labiríntica.
Uma importante peça nas explorações do músico é o baterista Luther Gray, que tem seus momentos mais fortes em "Angle of Incidence", faixa na qual recebe espaço mais generoso para destacar seu toque.
A busca por sonoridades diferentes fez com que Morris se aventurasse pelo baixo acústico nos últimos anos, demonstrando muita segurança e classe. Todavia, é na guitarra que o músico realmente se diferencia, como comprova "Camera".
"Às vezes sinto necessidade de passar um tempo tocando baixo, experimentando sonoridades e desafios novos. Mas sempre acabo retornando para a guitarra", disse Morris à Folha quando esteve no Brasil, em setembro passado.

CAMERA

ARTISTA Joe Morris
GRAVADORA ESP-Disk
QUANTO US$ 16,90 em média (R$ 28,70 mais taxas)
AVALIAÇÃO bom


Texto Anterior: Crítica/Música Erudita: Gravação inédita apresenta a maestria de Guiomar Novaes
Próximo Texto: Francês relê obras em biografia dançada
Índice | Comunicar Erros



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.