São Paulo, terça-feira, 26 de fevereiro de 2002

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DESENHO ANIMADO/MEMÓRIA

Chuck Jones, criador dos "Looney Tunes", morre aos 89

DIEGO ASSIS
DA REDAÇÃO

Um ano depois de "Os Três Porquinhos" render um segundo Oscar à Disney, em 1934, um outro porco, este gago, foi apresentado ao mundo. Na cola de Porky Pig -ou Gaguinho, como ficou conhecido no Brasil- dezenas de outros personagens, incluídos aí Patolino, Pernalonga, Hortelino Trocaletra etc., começaram a surgir da cabeça de Chuck Jones e só pararam na última sexta-feira, quando o diretor norte-americano morreu vítima de ataque cardíaco.
Figura das mais criativas dos estúdios da Warner Bros. entre os anos 30 e 60, Jones foi na verdade o responsável por dar uma cara mais autêntica aos "Looney Tunes" da companhia, que, até então, não passavam de meras imitações de desenhos da Disney e da Universal Pictures.
Jones teve também uma breve passagem pela companhia de Walt Disney, em meados de 1955, e dirigiu episódios de "Tom & Jerry" (MGM), em 1962, quando a Warner Bros. encerrou temporariamente suas atividades de animação. Reza a lenda que a única ambição de Jones, na época, era tomar o posto de Disney (!). De volta à Warner, Jones criaria mais outra leva de personagens clássicos, como Piu-Piu e Frajola, Ligeirinho e o espertinho Papa-Léguas.
Por volta dos anos 70, auge da Guerra Fria, quando muitos desses personagens passaram a ser vistos como "propagandistas" oficiais do governo americano, Jones abraçou de vez a televisão, voltando a trabalhar com eles para adaptações direcionadas à "babá eletrônica da América".
Embora indissociável desse viés político, seus curtas-animados serão lembrados principalmente pelas situações cômicas e ao mesmo tempo inteligentes que tanto divertiram e continuam divertindo crianças e adultos até hoje. Apesar da "aposentadoria" de Pernalonga e Patolino, entre outros, a Warner continua apostando no filão e mantém atualmente a série "Tiny Toon", que traz, na verdade, os "filhos" desses personagens vivendo em uma universidade de desenho animado.
Tendo lhe rendido dois prêmios Oscar, o primeiro em 66 com a animação "The Dot and the Line" e o segundo, honorário, em 96, a obra de Jones sobrevive também nas frequentes reexibições de seus desenhos (SBT e Cartoon Network), em produções hollywoodianas como "Space Jam", em camisetas e produtos de merchandising e numa extensa lista de documentários sobre sua carreira.
Em tempo: o Cartoon Network, que exibe diariamente horas e horas com os desenhos da turma do Pernalonga, vem sendo, desde a chegada da TV a cabo ao Brasil, o canal preferido dos assinantes.



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