São Paulo, terça-feira, 26 de fevereiro de 2002

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NET CETERA

Crônica de uma morte anunciada

SÉRGIO DÁVILA
DE NOVA YORK

"Quarta , 16 de janeiro.
Caro sr. Pearl,
Muito obrigado por seus artigos. Gostei de lê-los e repassei ao xeque Saab. Ele foi para Karachi por alguns dias e tenho certeza de que, quando voltar, vai querer encontrá-lo. Sinto não ter respondido antes, estava preocupado com minha mulher, que está doente. Por favor, reze por ela.
Espero encontrá-lo logo,
Adaab (Deus o abençoe),
Chaudrey Bashir Ahmad Shabbir."

"Sábado, 19 de janeiro.
Caro sr. Pearl,
Falei com o secretário do xeque ontem e ele me disse que o xeque Saab leu seus artigos e aceita encontrá-lo. No entanto deve demorar alguns dias até que ele volte de Karachi. Se a cidade estiver em seu trajeto, você é bem-vindo a encontrá-lo lá. Ou, se quiser mandar algumas questões, pode enviá-las para mim por e-mail e eu as passarei impressas para o secretário. Ou, se você quiser esperar até que ele volte, não há problema também.
Desejo tudo de bom e espero ouvir de você logo,
Adaab,
Bashir."

"Domingo, 20 de janeiro.
É pena que você esteja deixando o Paquistão tão rapidamente. Espero que tenha gostado de sua estada. Vou conseguir seu encontro com o xeque em Karachi nesta terça ou quarta, dependendo dos compromissos dele. Seu secretário ainda está em Pindi, então não deve haver problema. Ele vai me dar o telefone de um de seus mureeds (assistentes), para que eu ligue quando você chegar lá. O mureed o levará para vê-lo."
Estes são os três últimos e-mails recebidos pelo repórter americano Daniel Pearl. Segundo o FBI, são provavelmente de seus sequestradores, com quem ele desavisadamente tentava marcar um encontro para entrevistar o líder islâmico radical Mubarak Ali Shah Gilani, o "xeque Saab".
O jornalista era o chefe do escritório no sul da Ásia do diário econômico "Wall Street Journal" e desapareceu quando estava em Karachi buscando encontrar uma ligação entre Richard Reid, o britânico preso nos EUA conhecido como o "homem do sapato-bomba", e extremistas islâmicos baseados no Paquistão. Ele acreditava que Gilani era esse elo.
Daniel Pearl foi visto vivo pela última vez no dia 23 de janeiro. Na semana passada, o governo dos Estados Unidos recebeu uma fita de vídeo com o jornalista sendo degolado.


E-mail: sergiodavila@uol.com.br www.uol.com.br/sergiodavila

MAIS TRÊS COISAS

1. Adeus ao Disney hardcore
Preste sua homenagem ao homem que criou o Papa-Léguas, o Coiote (Wyle E. Coyote, na certidão original), o gambá Pepe le Gambá e deu vida ao Pernalonga, Piu-Piu, Patolino e Gaguinho, entre outros: visite o site oficial de Chuck Jones (www.chuckjones.com), morto na última sexta-feira.

2. Só falta o Espeto e o Chuchu
É uma espécie de Turma do Manda-Chuva para a comunidade gay. Tem o Oscar Wildcat, cuja comida preferida é "um martíni com três azeitonas"; o Openly Gator ("Se eu fosse heterossexual, seria Ricky Martin"), o Bi Polar Bear e a estrela, o Queer Duck, que dá nome à animação online do Showtime: www.showtimeonline.com/ queerduck (só acessível nos EUA).

3. O site da semana
whatisthematrix.warnerbros.com Já entraram no ar as páginas oficiais das duas sequências de "Matrix", o filme que redefiniu a ficção científica no cinema.



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