São Paulo, terça-feira, 26 de fevereiro de 2002

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"A Paixão de Lia" tateia poesia do desejo pelas mãos de heterônimos

FREE-LANCE PARA A FOLHA

Lia e seus quase heterônimos, quase palíndromos (palavras que lidas da esquerda para direita e vice-versa permanecem iguais), representados por mulheres (Laís, Lúcia) e homens (Ali, Laio, Li, Dali). Lia e sua fantasia que voa longe, mas toca profundamente: a busca do amante ideal, o simulacro deste em um bordel e os respectivos papéis de cortesã, de lésbica e de mãe.
Como no romance, a versão dramatúrgica de "A Paixão de Lia", na forma de um monólogo erótico, quer celebrar o desejo poeticamente. Agora, em cena.
Hoje à noite, dentro do ciclo "Leituras de Teatro", no auditório da Folha, a escritora Betty Milan faz o primeiro teste público da adaptação do seu livro de mesmo nome, lançado em 94.
Quem lê Lia é Giulia Gam, sob direção de José Celso Martinez Corrêa, do Uzyna Uzona.
Segundo Milan, o texto é contrário à "sujeição da sexualidade ao orgasmo". Sua heroína não pende para a liberdade sexual dos 60, 70, tampouco para a voga dos libertinos no século 19. Flerta com o prazer requerido, "o sexo sonhando, a liberdade do brincar".
Formada em medicina e psicanálise e com 12 livros lançados, Milan experimentou o teatro pela primeira vez ao criar "Paixão" (94), monólogo, estrelado por Nathalia Timberg -adaptação de capítulo do livro da autora "O Que É o Amor" (83). "Se aquela peça tratava da ilusão e desilusão do amor, esta segunda é a festa do erotismo, mas com o gozo sempre associado ao amor."
Além da acentuação da palavra falada, as rubricas de "A Paixão de Lia" reforçam a oralidade por meio de voz em off.
Há ainda a projeção dos cinco títulos dos quadros da peça ("My Man", "O Bordel", "A Cortesã", "A Ilha de Lesbos" e "Ave, Maria!"). E de imagens (fotos, ilustrações).
Indicados pela autora para o palco, tais recursos não serão utilizados na leitura. Porém, Milan faz questão de propor a Giulia Gam e a Zé Celso a trilha sonora que pontua as falas de Lia.
São 18 canções que costuram o monólogo, entre outras, com vozes de Billie Holiday, Edith Piaf e Carlos Gardel. Como a aguçar os sentidos na primeira das "mil e uma noites" de Lia.
A leitura gratuita acontece às 20h, no auditório da Folha (al. Barão de Limeira, 425, 9º andar, Campos Elíseos, SP). Reservas devem ser feitas pelo tel. 0/xx/11/ 3224-3473, das 14h às 17h. (VS)


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