São Paulo, quinta-feira, 26 de fevereiro de 2004

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LITERATURA

Escritora comenta sobre o suposto abuso sexual do crítico literário

Revista aponta acusação contra Bloom

DA REDAÇÃO

A escritora americana Naomi Wolf publicou um artigo sobre abusos sexuais que teria sofrido do professor e crítico literário Harold Bloom na última edição da revista "New York", que chegou às bancas na última terça-feira com "Sexo e Silêncio em Yale" como manchete de capa.
Segundo Wolf, "no fim do outono de 1983, o professor Harold Bloom fez algo banal, humano e destrutivo: ele colocou sua mão na parte interna da coxa de uma aluna -uma aluna que ele havia sido encarregado de ensinar e formar". A autora tinha na época 20 anos e cursava Literatura na Universidade de Yale, uma das mais prestigiadas dos EUA, onde Bloom ainda leciona.
Wolf, autora de "O Mito da Beleza" -sobre o efeito dos padrões de beleza sobre as mulheres-, diz que não denunciou Harold Bloom antes porque "não foi corajosa o suficiente", e acusa a universidade de manter até hoje a "atmosfera de colusão que ajudou a me manter calada há 20 anos". No final do artigo, Wolf afirma que "se uma estudante de Yale viesse a mim hoje com um mau segredo para contar (...), eu a aconselharia a procurar um bom advogado".
Em uma carta aos estudantes de Yale divulgada também na terça-feira, a direção da universidade diz que a intituição "proporciona um ambiente no qual todos os membros da nossa comunidade sentem que seu crescimento intelectual e suas pesquisas não estão comprometidos com comportamentos indesejados ou impróprios". Para a instituição "o abuso sexual é uma afronta à dignidade humana e é contrário aos valores da universidade".
"O artigo da srta. Wolf sugere que Yale não leva a sério as queixas registradas e que não são tomadas providências. Ao contrário, suspeitas e acusações formais têm sido encaminhadas e julgadas com extrema seriedade, e penas que vão de reprimenda ao afastamento de Yale têm sido aplicadas", continua a carta.
Também feminista e ex-aluna de Bloom, a escritora Camille Paglia saiu em defesa do professor, dizendo que Wolf está promovendo uma "caça às bruxas".
Paglia disse ao "New York Observer" que achava "indecente" o fato de Naomi Wolf recuperar o assunto depois de tanto tempo, e que levar "um homem septuagenário com problemas de saúde" a uma discussão do tipo "ele disse/ ela disse" demonstra falta de um senso mínimo de jogo justo".


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