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LITERATURA
Escritora comenta sobre o suposto abuso sexual do crítico literário
Revista aponta acusação contra Bloom
DA REDAÇÃO
A escritora americana Naomi
Wolf publicou um artigo sobre
abusos sexuais que teria sofrido
do professor e crítico literário Harold Bloom na última edição da
revista "New York", que chegou
às bancas na última terça-feira
com "Sexo e Silêncio em Yale" como manchete de capa.
Segundo Wolf, "no fim do outono de 1983, o professor Harold
Bloom fez algo banal, humano e
destrutivo: ele colocou sua mão
na parte interna da coxa de uma
aluna -uma aluna que ele havia
sido encarregado de ensinar e formar". A autora tinha na época 20
anos e cursava Literatura na Universidade de Yale, uma das mais
prestigiadas dos EUA, onde
Bloom ainda leciona.
Wolf, autora de "O Mito da Beleza" -sobre o efeito dos padrões
de beleza sobre as mulheres-,
diz que não denunciou Harold
Bloom antes porque "não foi corajosa o suficiente", e acusa a universidade de manter até hoje a
"atmosfera de colusão que ajudou
a me manter calada há 20 anos".
No final do artigo, Wolf afirma
que "se uma estudante de Yale
viesse a mim hoje com um mau
segredo para contar (...), eu a
aconselharia a procurar um bom
advogado".
Em uma carta aos estudantes de
Yale divulgada também na terça-feira, a direção da universidade
diz que a intituição "proporciona
um ambiente no qual todos os
membros da nossa comunidade
sentem que seu crescimento intelectual e suas pesquisas não estão
comprometidos com comportamentos indesejados ou impróprios". Para a instituição "o abuso
sexual é uma afronta à dignidade
humana e é contrário aos valores
da universidade".
"O artigo da srta. Wolf sugere
que Yale não leva a sério as queixas registradas e que não são tomadas providências. Ao contrário, suspeitas e acusações formais
têm sido encaminhadas e julgadas com extrema seriedade, e penas que vão de reprimenda ao
afastamento de Yale têm sido
aplicadas", continua a carta.
Também feminista e ex-aluna
de Bloom, a escritora Camille Paglia saiu em defesa do professor,
dizendo que Wolf está promovendo uma "caça às bruxas".
Paglia disse ao "New York Observer" que achava "indecente" o
fato de Naomi Wolf recuperar o
assunto depois de tanto tempo, e
que levar "um homem septuagenário com problemas de saúde" a
uma discussão do tipo "ele disse/
ela disse" demonstra falta de um
senso mínimo de jogo justo".
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