São Paulo, segunda-feira, 26 de março de 2001

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Aos 83 anos, Henri Salvador, músico francês que influenciou o nascimento da bossa nova, lança disco inédito e vem ao Brasil

Salvador da bossa

Divulgação
O músico Henri Salvador, que ressurgiu para o sucesso com seu novo álbum, "Chambre avec Vue", e vem ao país em abril


GABRIELA MELLÃO
FREE-LANCE PARA A FOLHA, DE PARIS

Ele é o mais brasileiro dos cantores franceses. Henri Salvador, um sorridente senhor que guarda cachaça em casa e faz bossa nova do jeito que brasileiro gosta, vira notícia novamente, aos 83 anos.
Não, ele não lançou um disco de compilação, livro de memórias ou coisa parecida. Sem vocação para a nostalgia, preferiu esquecer a idade e mergulhar na bossa nova.
"Chambre avec Vue" (quarto com vista), lançado em outubro passado, logo foi adotado por público e crítica na França. Suas 13 faixas renderam-lhe os prêmios de melhor artista e melhor álbum de 2000 no Les Victoires de la Musique -o Grammy francês-, pedidos de turnês, inclusive internacionais, e expectativa de vendas de mais de 1 milhão de cópias.
Salvador começou a produzir o novo álbum quase a contragosto, por insistência de uma amiga da rádio France, Corinne Joubard. Foi ela quem o convenceu de sua boa forma artística, enviou-lhe a faixa-título e apresentou-lhe o produtor Marc di Domenico.
Nascido na Guiana Francesa, Salvador pertence à mesma geração que Charles Trenet e Aznavour. Embora menos conhecido, também é patrimônio da história musical da França. Já passeou por estilos variados. Introduziu o rock no país, com Boris Vian, e consagrou canções como "Juanita Banana" e "Maladie d'Amour".
No Brasil, Henri Salvador também marcou presença. Ao vivo, na década de 40, viajou pelo país por quatro anos, acompanhando a orquestra de Ray Ventura. E, de longe, inspirou a bossa nova.
O músico Sérgio Mendes contou-lhe que o próprio Tom Jobim disse que a idéia de desacelerar o tempo do samba veio quando viu o filme italiano "Europa di Notte". Na fita, Salvador aparece brincando com o ritmo de "Dans Mon Île" (regravada, em sua homenagem, por Caetano Veloso).
Hoje não há vestígio do homem que há seis anos estava aposentado, conformado com um fim de carreira decadente, após o fracasso do trabalho anterior, "Monsieur Henri".
No mês que vem, Henri Salvador volta ao Brasil. Em 10 de abril, estará na abertura da Fnac do Rio e, no dia seguinte, participa do programa de Jô Soares.


Texto Anterior: Programação de TV
Próximo Texto: Henri Salvador: "O brasileiro é mesmo um povo superior"
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.